Três meses haviam se passado desde que Iwazumi pisara em solo argentino, e a vida ao lado de Oikawa havia se tornado uma rotina de descobertas e cumplicidade. Agora, com o sol de primavera iluminando as manhãs e trazendo uma nova energia à cidade, os dois levavam a vida juntos, quase como se sempre tivessem sido assim: uma dupla inseparável, compartilhando segredos, sonhos e, acima de tudo, o carinho que antes haviam disfarçado.
Caminhavam lado a lado pelas ruas de Buenos Aires, onde o ar estava impregnado de novos aromas que Iwazumi ainda tentava distinguir. Mas ultimamente, um cheiro específico parecia sempre acompanhá-los, especialmente quando ele estava com Oikawa. Era um aroma suave, doce, como o perfume de rosas frescas — e, ao mesmo tempo, familiar de um jeito que ele não conseguia explicar.
— Você está com perfume novo, Tooru? — Iwazumi perguntou certo dia, franzindo a testa enquanto tentava entender a origem do aroma.
Oikawa o olhou, confuso.
— Perfume? Não, Iwa-chan. Deve ser a brisa do parque, ou as flores daqui, sei lá — respondeu com um sorriso tranquilo, enlaçando o braço de Iwazumi enquanto seguiam o caminho.
Mas Iwazumi sabia que não era só isso. O aroma surgia nos momentos mais inesperados: às vezes, enquanto Oikawa ria de algo que ele falava; outras, quando estavam no apartamento, deitados no sofá, compartilhando o espaço e o silêncio. O cheiro de rosas aparecia como um lembrete misterioso, fazendo-o se perguntar se havia algo a mais por trás dessa sensação, mas logo o pensamento se desvanecia, e ele voltava a se concentrar no presente.
Uma tarde, enquanto estavam deitados na cama, conversando sobre tudo e nada, Iwazumi quebrou o silêncio com uma pergunta inesperada.
— Tooru… e se eu pedisse transferência para cá? — Ele olhou para Oikawa, esperando ansioso pela reação.
Oikawa parou, surpreso, os olhos arregalados. Ele se apoiou no cotovelo para encará-lo melhor, e havia uma mistura de espanto e entusiasmo em seu olhar.
— Você tá falando sério, Iwa-chan? — ele perguntou, tentando conter o sorriso que já surgia. — Transferir de faculdade? Vem cá, você… você faria isso?
— Estou pensando nisso, sim — respondeu Iwazumi, sentindo o peso da decisão, mas com uma convicção que o surpreendia. — Tenho me sentido bem aqui… e, bom, você sabe. Estar com você deixa tudo diferente. Sinto que aqui, as coisas fazem sentido.
Oikawa o abraçou com força, uma felicidade quase infantil tomando conta dele, mas logo recuou, e seu semblante ficou sério.
— Mas você já pensou em tudo o que isso significa, né? — ele perguntou, a voz carregada de preocupação. — Mudar de país, adaptar-se… E se você se arrepender?
— Eu pensei em tudo, Tooru. Eu sei que não vai ser fácil, mas… eu não quero me separar de você de novo. — Iwazumi segurou a mão de Oikawa e apertou suavemente, o toque firme e cheio de significado. — Quero tentar construir uma vida aqui, ao seu lado. Isso se… você quiser também.
Oikawa sorriu, e, mesmo sem dizer nada, Iwazumi sabia que a resposta estava ali, naquele olhar afetuoso. Eles haviam se acostumado a compartilhar tudo — a rotina, os planos, os sonhos. Não parecia um sacrifício, mas uma escolha natural.
Nos dias que se seguiram, ambos se envolveram na ideia de transformar a decisão de Iwazumi em realidade. Ele fez pesquisas, conversou com professores à distância e investigou como seria o processo de transferência para estudar veterinária em Buenos Aires. Mesmo com o espanhol ainda limitado e as dificuldades que sabia que enfrentaria, o entusiasmo crescia a cada dia.
Em uma tarde, enquanto discutiam os próximos passos, Oikawa de repente parou, hesitante.
— Iwa-chan, se mudar para cá… não é só uma escolha acadêmica, você sabe, né? — Ele olhou para ele, o rosto sério, mas os olhos brilhavam de emoção. — Isso significa que… você está comprometido de verdade.
— Eu sei. — Iwazumi riu, segurando a mão dele e a puxando até que ficassem de frente um para o outro. — E você sabe que não estaria aqui agora se não estivesse falando sério.
Oikawa respirou fundo e o abraçou, o coração batendo forte. De algum modo, aquele abraço era diferente. Era um abraço de promessa, de mudança. A sensação de que algo grande estava acontecendo pairava no ar, e o aroma de rosas voltou, inexplicável e ao mesmo tempo acolhedor, como se envolvesse os dois, garantindo que aquilo tudo era real.
E assim, entre risos e trocas de olhares cúmplices, os dois continuaram discutindo o que seria necessário para a mudança definitiva de Iwazumi.
Nos últimos dias, o cheiro de rosas havia se tornado quase insuportável para Iwazumi. Antes, era um aroma sutil, que ele associava ao conforto de estar ao lado de Oikawa; agora, parecia diferente, mais denso, mais persistente, carregado de uma sensação que ele não conseguia definir. Era como se o ar ao seu redor ficasse pesado toda vez que aquele cheiro surgia, trazendo uma sensação estranha de angústia, quase de luto.
Durante uma noite, enquanto eles estavam juntos no apartamento, o aroma voltou, forte, preenchendo o espaço ao seu redor. Iwazumi sentiu o peito apertar, uma melancolia inexplicável o tomou, e ele se perguntou de onde vinha aquela sensação inquietante, como se algo importante estivesse prestes a escapar de suas mãos.
Ele tentou ignorar, mas o incômodo persistia, e o cheiro o levava a um misto de saudade e perda que ele não sabia explicar. Olhou para Oikawa, que ria distraído com alguma coisa, e sentiu um aperto ainda mais profundo, como se o momento que estavam compartilhando fosse precioso demais… e, ao mesmo tempo, estranho e fugaz.
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Entre Risos e Ciúmes
FanficOikawa e Iwazumi foram amigos inseparáveis na infância, mas, como tantas histórias, a vida os levou por caminhos diferentes. Agora, anos depois, um reencontro inesperado os coloca frente a frente, trazendo de volta risos e ciúmes há muito tempo ador...