4- Descompasso e Desejo

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Desde o momento em que Iwazumi desembarcou na Argentina, o reencontro com Oikawa trouxe uma mistura de euforia e confusão, especialmente com o fuso horário. Os primeiros dias foram uma adrenalina só, onde os dois praticamente não dormiram, ansiosos para explorar cada canto de Buenos Aires e aproveitar o máximo do tempo juntos. Mas, logo, o efeito da diferença de horário começou a pesar, e Iwazumi se viu em uma situação peculiar: seu relógio biológico parecia decidido a pregar peças nos momentos mais inesperados.

Naquela manhã, Iwazumi acordou sentindo uma disposição incomum, convencido de que já era hora de começar o dia. Decidido a aproveitar cada segundo, ele marchou até o quarto de Oikawa, abriu a porta e, com um sorriso satisfeito, disse:

— Levanta, Oikawa! A gente vai se atrasar pra sua aula!

Oikawa se remexeu, soltando um resmungo abafado enquanto se enfiava debaixo do cobertor, ainda com os olhos fechados. Aquele estado entre o sono e a realidade deixava tudo mais confuso.

— Iwazumi... que horas são? — ele murmurou, a voz sonolenta e arrastada.

— Ué, já deve estar na hora de levantar! Vai, anda!

Sem muita opção, Oikawa se arrastou para fora da cama, o cabelo desgrenhado e os olhos semicerrados, tropeçando até o banheiro. Passados alguns minutos, enquanto ainda tentava acordar, checou o celular e soltou um grito.

— IWAZUMI! SÃO QUATRO DA MANHÃ!

Iwazumi, que já estava no sofá organizando sua mochila para o dia, congelou.

— Como assim quatro da manhã? Não... não pode ser. Eu... eu achei que...

Oikawa, com um olhar fulminante, apenas balançou a cabeça e voltou para o quarto, decidido a dormir mais algumas horas antes de ter que encarar o dia de verdade. Iwazumi, envergonhado e confuso, suspirou.

— Hora de ajustar esse relógio biológico...

No entanto, a diferença de horário continuou a ser uma piada interna entre eles, especialmente quando Iwazumi insistia em "prever" o horário, achando que o corpo já estava adaptado. No dia seguinte, ele, mais uma vez, acordou cedo demais e, por algum motivo, achou que era uma ótima ideia fazer um café da manhã especial.

— Oikawa, acorda! Fiz panquecas e café! — anunciou, orgulhoso.

Oikawa, ainda entre dormindo e acordado, olhou para o relógio no criado-mudo e soltou um suspiro derrotado. Eram cinco e meia da manhã. Ele tentou ignorar o aroma tentador das panquecas que escapava da cozinha, mas o estômago roncou em protesto. Se levantou, descalço e meio cambaleante, e encontrou Iwazumi na cozinha, preparando tudo com dedicação. No entanto, ao ver a expressão de cansaço e os olhos semicerrados de Oikawa, Iwazumi deu um risinho envergonhado.

— Talvez eu tenha que melhorar um pouco a pontualidade argentina, né?

Oikawa pegou uma panqueca, suspirando.

— Ou talvez o problema seja seu "descompasso japonês".

Os dias seguintes trouxeram mais confusões. Iwazumi tentava acompanhar a rotina de Oikawa, que incluía tanto os horários da faculdade quanto os ensaios de violino e as apresentações que ele estava preparando para um recital. Mas não foi fácil. Certa tarde, quando já haviam combinado de se encontrar no centro para um passeio, Iwazumi acabou pegando no sono no sofá, depois de uma manhã cansativa de estudos com Oikawa sobre veterinária, tentando ensinar Oikawa o básico das nomenclaturas de anatomia animal (o que resultou em um show de risadas).

Ao acordar, assustado, percebeu que Oikawa já tinha saído. Ansioso, correu até a porta, mas não antes de deixar um bilhete improvisado na mesa, onde rabiscou com pressa: "Não me espere para o almoço. Vou te encontrar no centro!"

Entre Risos e CiúmesOnde histórias criam vida. Descubra agora