11- Promessas e Planos

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A noite estava tranquila, e Iwazumi e Oikawa estavam na varanda, sentados lado a lado, observando a cidade cintilante ao longe. A luz suave da lua iluminava o rosto de Oikawa, que sorria enquanto falava, a voz baixa e cheia de um calor que aquecia o coração de Iwazumi. Oikawa começou a falar sobre o futuro com uma simplicidade que deixava tudo parecer possível.

— E se, daqui a alguns anos, comprarmos uma casa juntos? — Oikawa sugeriu, com um brilho nos olhos. — Eu adoraria um lugar com uma varanda grande, onde a gente pudesse ver o pôr do sol, sabe?

Iwazumi sorriu, imaginando aquela imagem na mente. Uma casa com vista para o pôr do sol, onde eles poderiam dividir os dias e construir uma vida juntos. Mas, enquanto ele absorvia as palavras, algo dentro de si parecia cada vez mais desconcertado. O ar ao redor deles estava estranho, mais denso do que antes, e o cheiro de flores voltou de forma mais intensa, preenchendo o ambiente com uma doçura quase sufocante. Ele inspirou fundo, sentindo o aroma se instalar em sua mente, mas algo estava errado.

Enquanto Oikawa continuava falando, Iwazumi começou a sentir uma leve tontura, como se o chão estivesse oscilando sob seus pés. Ele piscou, tentando se concentrar no rosto de Oikawa, mas, por um breve instante, o amigo pareceu se dissolver diante dele. Em vez da varanda e das luzes da cidade, Iwazumi se viu em um lugar diferente — uma sala branca e vazia, onde tudo era um silêncio esmagador. Ele olhou ao redor, sentindo uma angústia crescente.

As paredes eram brancas, vazias, e o silêncio parecia ecoar na sala como uma sombra que envolvia cada canto. Mas, de repente, um toque de cor surgiu. Flores. Amarelas, brancas, rosas e vermelhas. Elas pareciam brotar no ar, tomando conta de todo o espaço, cobrindo o chão e as paredes, como se estivessem tentando preencher o vazio. Iwazumi estendeu a mão, tentando tocar uma das flores, mas, assim que seus dedos se aproximaram, elas começaram a murchar e desaparecer.

— Iwa-chan, você tá me ouvindo? — A voz de Oikawa o puxou de volta para a varanda, e ele piscou, percebendo que estava novamente ao lado do amigo, sentindo o toque suave da mão de Oikawa na sua.

— Sim, desculpa… — Iwazumi murmurou, tentando sorrir. — Acho que me distraí um pouco.

Oikawa riu, passando os dedos pelo cabelo de Iwazumi de forma carinhosa.

— Você parece meio cansado — comentou, o tom de voz suave e acolhedor. — Mas a gente pode conversar sobre isso depois. Só quero que você saiba que… eu tô pronto pra tudo isso. Pronto pra nós dois, pro que vier.

Iwazumi assentiu, tentando absorver as palavras de Oikawa, que soavam como uma promessa que ele sempre quis ouvir. Mas o peso do ar ao redor deles não desaparecia. O cheiro de flores ficou mais forte, e ele se sentiu afundar novamente em uma estranha sensação de irrealidade, como se estivesse entrelaçado em um sonho do qual não conseguia acordar.

Oikawa continuou falando sobre planos, mencionando viagens que poderiam fazer juntos, cidades que gostariam de conhecer, até pequenos detalhes do dia a dia que fariam parte de suas rotinas. As palavras de Oikawa eram suaves, quase como uma canção, e Iwazumi sentiu o coração acelerar com cada uma delas. Ele queria acreditar em tudo aquilo, queria que aquele futuro fosse tão real quanto o momento em que estavam, ali, juntos.

— Quando a gente estiver bem velhinhos, você ainda vai querer ficar comigo? — Oikawa perguntou, em tom de brincadeira, mas com um fundo de sinceridade.

— Claro, Tooru. Não quero mais ninguém ao meu lado — respondeu Iwazumi, sorrindo, enquanto segurava a mão de Oikawa.

Mas, assim que pronunciou essas palavras, ele foi invadido por outra visão. A varanda e a cidade ao fundo desapareceram, e ele se viu novamente naquela sala branca, agora preenchida com uma névoa densa que flutuava ao redor. Ele tentou gritar, chamar por Oikawa, mas o som parecia preso em sua garganta. As flores começaram a aparecer novamente, mas, dessa vez, as pétalas tinham tons sombrios, como se estivessem desbotadas, tristes.

Oikawa apareceu em sua visão, mas algo estava diferente. Ele estava distante, com um sorriso leve e um olhar vazio, como se estivesse olhando para outro lugar, para além de Iwazumi. E, num instante, ele desapareceu novamente, deixando apenas o cheiro de flores e um vazio no peito de Iwazumi.

A sensação o atingiu com força. Era como uma despedida que ele não compreendia, uma dor que não tinha explicação. Ele queria lutar contra isso, queria agarrar-se ao presente, mas a realidade parecia desmoronar a cada instante.

— Iwa-chan, você tá bem? — A voz de Oikawa soou novamente, e ele voltou a si, percebendo que estava na varanda.

— Tooru… eu… — Iwazumi hesitou, sem saber como explicar o que sentia. Ele apenas apertou a mão de Oikawa, tentando ancorar-se naquela presença tão familiar.

Oikawa sorriu, e Iwazumi notou um brilho de tristeza nos olhos dele. Ele se inclinou, encostando a cabeça no ombro de Iwazumi, e ficaram assim por um longo tempo, em silêncio, compartilhando uma presença que parecia eterna, mas ao mesmo tempo, tão frágil.

E naquele instante, enquanto o cheiro de flores os envolvia, as promessas e os planos foram feitos em um silêncio quase sagrado. Mas, no fundo do coração, Iwazumi sentia que essas promessas estavam impregnadas de uma tristeza inexplicável, como se estivessem presos em um ciclo que ele não compreendia completamente.

Oikawa ergueu o rosto, encarando-o com um sorriso suave.

— Vamos fazer com que tudo isso dure, Iwa-chan. Quero que a gente construa cada pedacinho desse futuro.

E Iwazumi assentiu, tentando ignorar o peso crescente que o envolvia, uma sensação de que aquele momento, embora lindo, estava impregnado de uma despedida silenciosa. Ele apenas segurou a mão de Oikawa com firmeza, determinado a viver aquele instante, mesmo que uma parte de si sentisse que aquele futuro estava escapando por entre seus dedos.

Entre Risos e CiúmesOnde histórias criam vida. Descubra agora