5- Olhares e Insinuações

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Depois de algumas semanas na Argentina, Iwazumi e Oikawa estavam mais acostumados à rotina juntos. Todos os dias, Iwazumi acompanhava Oikawa em suas idas e vindas pela cidade, seja nos ensaios da faculdade de música ou nas suas apresentações esporádicas. E, entre uma aula e outra, as conversas e risadas pareciam se tornar mais intensas, criando uma proximidade que ambos sentiam, mas que nenhum deles parecia ter coragem de admitir.

Certa tarde, enquanto Iwazumi aguardava Oikawa sair de um ensaio, um grupo de garotas da faculdade de música se aproximou dele, curiosas pelo novo rosto que parecia sempre estar por ali. Com um misto de interesse e risos, elas puxaram conversa, perguntando de onde ele vinha e se ele também era músico. Iwazumi, sempre educado, respondeu que era veterinário e que estava ali apenas para visitar Oikawa.

As garotas ficaram encantadas e começaram a se aproximar ainda mais, rindo de qualquer coisa que ele dissesse. Nesse momento, Oikawa surgiu no corredor, parou ao ver a cena e, instintivamente, franziu as sobrancelhas. A ideia de Iwazumi rodeado por garotas não parecia nada divertida. Ele respirou fundo e marchou até eles, disfarçando o ciúmes com um sorriso forçado.

— Iwa-chan! — chamou, quase que com um grito exagerado, como se quisesse atrair a atenção de todos. — Achei que você tinha vindo me buscar, não fazer... amizades novas por aqui.

Iwazumi, surpreso com a reação, apenas olhou para ele e sorriu, sem entender o tom de Oikawa.

— Ah, Tooru, só estavam conversando. Elas são muito simpáticas. Inclusive, estavam me perguntando sobre o Japão.

Oikawa deu um risinho sarcástico, cruzando os braços.

— Ah, muito interessante, né? Bom, acho que elas vão ter que esperar até a sua próxima visita, porque já estamos atrasados.

Uma das garotas olhou para Oikawa e soltou uma risada tímida.

— Ai, Oikawa, não fica bravo, a gente só queria conhecer mais do Iwazumi-kun! É que ele é tão quieto, sabe? — ela disse, piscando para ele.

Oikawa, segurando o sorriso forçado, fez questão de se colocar entre Iwazumi e as garotas.

— Bom, é que ele só parece quieto. Na verdade, o Iwa-chan fala bastante... pra quem o conhece bem. — Ele puxou o braço de Iwazumi com um gesto exagerado. — Vamos, antes que a gente perca o ônibus!

Sem ter muita escolha, Iwazumi se deixou arrastar, rindo do comportamento inesperado de Oikawa, que bufava baixinho.

— Qual é, Oikawa? Você tá bravo ou algo assim? Só estavam conversando, não precisa desse drama.

Oikawa tentou manter o tom despreocupado.

— Drama? Eu? Imagina! Só... achei que já tava na hora de irmos embora, né? Vai ver você tá fazendo muito sucesso por aqui. Talvez eu tenha que te proteger.

Iwazumi apenas riu.

— Proteger, é? Não sabia que você tinha virado meu guarda-costas.

Oikawa lançou um olhar para ele, misturado entre raiva e um toque de... talvez nervosismo? Mas logo desviou o olhar, sem saber como responder.

Nos dias que se seguiram, Oikawa se via cada vez mais enredado pelos próprios sentimentos. Sempre que via Iwazumi conversando com alguém ou demonstrando seu jeito calmo e atencioso, ele sentia o ciúme crescer. Oikawa não sabia ao certo o que estava acontecendo, mas, como resposta, começou a agir de maneira inusitada, tentando de qualquer jeito demonstrar que o amigo japonês tinha sua atenção — mas disfarçando ao máximo.

Em um passeio, enquanto caminhavam juntos por um parque, Oikawa viu uma pequena flor amarela no gramado e teve uma ideia.

— Olha, Iwa-chan! — Ele se abaixou, pegou a florzinha e estendeu para Iwazumi com um sorriso exagerado. — Pra você!

Entre Risos e CiúmesOnde histórias criam vida. Descubra agora