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Deixei Coral na sala conversando com os dois brutamontes que Diego deixou para cuidar da minha segurança e subi para fazer minhas malas. Entrei no banheiro, tranquei a porta e liguei o celular que estava escondido na descarga. Disquei o número, e após algumas chamadas, a voz rouca de Mariano soou do outro lado da linha.

— Onde você está? — perguntou urgente — Vamos tirá-la daí...

— Não — murmurei, mantendo minha voz baixa. — Não vou sair daqui até terminar minha missão — declarei com firmeza.

Não quero ir embora agora. Não só porque me comprometi a cumprir essa missão, mas também porque quero saber mais sobre El Sicario. É errado? Talvez, mas eu sou toda errada. Um erro a mais, um erro a menos, não faz diferença na minha conta final.

— Não me diga que foi estúpida o suficiente para cair no charme do desgraçado? — A aspereza na voz de Mariano me fez revirar os olhos, mas também doeu. Sua falta de fé em mim era como uma punhalada. Mas ele não está de todo errado, né?

— Escute bem, mio ângelo — respondi fria, cada palavra carregada de gelo. — Preocupe-se apenas em fazer o seu trabalho e me deixe cuidar do meu. Não me questione e nem ultrapasse a linha de respeito que temos um pelo outro. Estamos entendidos?

O silêncio do outro lado da linha durou um segundo a mais do que o confortável. Podia imaginar Mariano cerrando os punhos, lutando contra sua própria frustração. Mas ele sabia tão bem quanto eu que, nesse jogo perigoso, respeito e confiança eram tudo o que tínhamos. Sou uma Genovese, porra, não estou acostumada a deixar ninguém me intimidar e ficar por isso mesmo.

— Estamos entendidos — respondeu, a raiva subjacente dando lugar a uma aceitação relutante.

Desliguei o telefone e respirei fundo, sentindo a tensão deixar meu corpo por um breve momento. Meus pensamentos voltaram para Diego, para a intensidade em seus olhos e o perigo que ele representava. Meu coração batia em um ritmo descompassado, não apenas pelo medo, mas também pela excitação proibida que sentia perto dele.

Eu não podia negar que estava atraída por ele, mas precisava lembrar a mim mesma que essa missão era maior do que qualquer desejo pessoal. Coloquei o celular de volta no esconderijo, fechei a descarga e me preparei para enfrentar o próximo desafio.

Horas depois:

— Senhora — começou o segurança de Diego, cujo nome parecia ser Paolino.

— Sim? — respondi, olhando-o nos olhos.

— O chefe mandou que passássemos no escritório para buscar o dinheiro, okay — avisou educadamente.

— Tudo bem — disse, sorrindo gentilmente.

O motorista dirigiu por quase quinze minutos antes de estacionar em uma rua movimentada. Além do carro em que estávamos, mais quatro veículos faziam minha segurança.

— É só um instante, chefinha — avisou o motorista, saindo do carro, enquanto outro homem ficou no banco do passageiro. Coral estava ao meu lado.

Foquei minha atenção na fachada luxuosa. Parecia mais um prédio cheio de escritórios, escritórios de luxo. As janelas escuras ocultavam o que acontecia do lado de dentro. O que chamou minha atenção foram as iniciais DG. Se eu estivesse certa, eram as iniciais de Diego Guzman.

Meus lábios se curvaram em um sorriso evasivo. Eu sabia que Diego conquistou um vasto território, mas não imaginava que seria nesse nível. O filho da puta tinha um prédio de alto nível.

— O que é DG? — Perguntei como quem não quer nada para o segurança.

O homem moreno, com um chapéu na cabeça, me lançou um olhar e depois se voltou para a fachada, entendendo minha pergunta.

Hera venenosa, spin-off de Paixão proibida Onde histórias criam vida. Descubra agora