21

316 48 10
                                    

21 Capítulo

Lucca Falcone

— Preciso que você esteja sóbrio, porra! — dei um tapa no rosto de Ricardo, mas ele continuava apagado.

Levei o dedo ao seu pescoço, verificando a pulsação do maledetto. Estava fraca, mas ainda presente.

— Desde quando ele está assim? — perguntei, levantando o olhar para a morena que chorava recostada na parede.

— Há duas ou três horas. Trouxe ele para este quarto quando percebi o estado dele — respondeu Quique, a voz fraca, cansada e apavorada.

— O que aconteceu? Ele não é de usar drogas — investiguei, pegando o celular no bolso da calça e discando o número de Samuel Genovese.

— Não sei ao certo, mas ouvi quando ele fez uma ligação. Acho que era para uma mulher... aquela... — ela torceu o nariz, claramente se referindo a quem eu já imaginava.

— Mulher? — coloquei o telefone na orelha. — Sabe o nome dela? — perguntei, voltando minha atenção para Ricardo. Ele estava apagado na cama: olhos fundos, lábios arroxeados, pulsação acelerada e pele quente. Se não o levássemos ao hospital, não sobreviveria por muito tempo.

— Tatiana — respondeu Quique, com fúria na voz. — Ele ligou para ela, mas ela não estava sozinha. Acho que estava com um tal de Diego... Ricardo surtou, começou a se drogar, a beber, quebrou tudo, ameaçou matar ela e se matar, e voltou a se drogar...

Um rosnado ficou preso na minha garganta. Maledetta! Sempre ela. Essa desgraçada é um câncer na vida de Ricardo, destruindo-o lentamente, pouco a pouco. Por isso a odeio — odeio como meu amigo se torna miserável por causa dela, odeio como ela o destrói sem sequer se esforçar.

— Alguém mais ouviu? — lancei um olhar furioso para Quique, que negou com a cabeça. — Então espero que isso não saia daqui. Ninguém, absolutamente ninguém, pode saber o que ele fez ou falou. Está me entendendo?

— Sim, senhor...

— Melhor que mantenha isso para você, ou eu mesmo arranco sua língua e a faço comer — meu tom gotejava veneno.

Eu sabia que a garota não tinha culpa das merdas mal resolvidas do meu amigo, mas não podia deixar isso se espalhar. Ricardo era um completo fodido, obcecado pela filha adotiva da irmã. Se isso já não fosse o bastante, a garota ainda era filha do maldito Diavolo de Roma. Samuel Genovese abriria Ricardo com uma faca cega e mexeria nas suas entranhas com as próprias mãos se soubesse dos sentimentos do Salvatore por sua caçula.

Quique abriu a boca para falar, mas a chamada foi atendida. Ergui o dedo para ela se calar.

— O que foi agora? — ecoou a voz zangada de Samuel.

Trinquei os dentes, irritado pra caralho com tudo isso. Eu acabara de voltar de uma missão contra os Ferrari, que, por milagre, escaparam do ataque à boate. Cansado, liguei para Ricardo, precisando de ajuda. Quando Quique atendeu e explicou a situação, larguei tudo e vim cuidar desse filho da puta que se entupiu de droga e álcool por causa de uma pirralha mimada.

A garota fugiu para Portugal e se meteu em problemas, e, claro, sobrou para nós resolvermos. O tempo que perdemos salvando a bunda dela poderia ter sido usado para recuperar nossas drogas e dinheiro. Mas, obviamente, Ricardo saiu desesperado atrás da princesinha de merda. O que me surpreendeu foi Domenico ter se empenhado tanto para ajudar. Esperava isso de Marco; Domenico nunca foi do tipo que se importava com as merdas dos outros. No entanto, naquele dia, ele estava todo solidário, até se colocou em risco. Como caçador nato, uma ideia surgiu na minha cabeça, e comecei a suspeitar do desgraçado. Ricardo mencionou algo sobre ela ter beijado alguém — aposto meu território na Espanha que foi Domenico Ferrari. Isso será favorável pra caralho na minha vingança contra o Cosa Nostra.

Hera venenosa, spin-off de Paixão proibida Onde histórias criam vida. Descubra agora