O Som do Riso Cortado

Na Mira do Pânico

Episódio 14
Na Mira do Pânico
࿐愛࿐
Carina Elowen
Bayville Scream Park.
10 horas da noite.

O medo me era sufocante, via-me afogando em ondas cada vez mais fortes. Eu corri sem rumo, a mente estava turva de pânico. A multidão ao meu redor parecia borrada, as vozes distantes e irreais. Meus pulmões queimavam, mas eu não podia parar. Ele estava chegando, cada vez mais próximo. Cada passo meu era um erro, cada esquina uma nova armadilha. Quando virei para o beco, o colapso de escapar da rua lotada foi rapidamente substituída pelo horror ao perceber que não havia saída. O beco estreito e escuro se estendia até uma parede altíssima e desgastada. É Carina, você estava perdida, era o fim.

Meus olhos varreram o beco, procurando uma saída inexistente, uma rota de fuga, qualquer coisa. Mas nada. Estava encurralada, eu não queria acreditar. So poderia ser um sonho.

Virei-me bruscamente, o coração batendo tão forte que parecia machucar meu peito. Ele estava lá. O palhaço. Caminhando em minha direção com uma calma aterrorizante, como se soubesse que eu não tinha para onde ir. Seus olhos castanhos claros brilharam por trás da máscara bizarra, fixos em mim, como os de um predador observando sua presa.

Senti o suor gelado escorrendo pelas costas, minhas pernas fraquejando, a mente latejando.

aquela máscara maldita me encarava com um sorriso distorcido, macabro. Mais oque mais me dava medo, era seu
Olhar. Eu tremia descontroladamente. Já estava perdida, minhas mãos suavam e buscavam apoio na parede atrás de mim, mas o concreto frio apenas intensificava a realidade de que eu estava encurralada. O pavor logo tomou conta de tudo.

Ele não correu, continuou andando, os passos calculados. Quando finalmente chegou perto suficiente, prendeu-me contra a parede com um movimento brusco. Minhas mãos estavam direcionadas á empurrá-lo, mas meus braços eram fracos, Impotentes.

- Por favor... - a palavra escapou dos meus lábios como um sussurro quebrado. A voz engasgada pela Apressão. Lágrimas silenciosas escorriam pelo meu rosto, nessas horas aquele arrependimento forte vem, se não tivesse vindo nada disso teria acontecido, porém agora já não era mais hora para repensar o passado..

Ele ficou ali, poucos centímetros de mim. Suas mãos grandes pressionaram a parede ao meu lado, me cercando completamente. Eu estava sufocada pela proximidade, o cheiro de suor e por algo mais obscuro enchendo o ar entre nós.

A sensação era tão áspera que senti que iria desmaiar, não consegui mover sequer um único músculo além dos olhos que evitavam contato visual. Foi quando senti os dedos dele tocarem meu queixo, com firmeza, forçando meu rosto olhar em sua direção. O movimento repentino fez com que meu coração acelerasse ainda mais que o suficiente.

Meus olhos encontraram os dele, aquele brilho intenso e vazio. Ele me observou como se estivesse me estudando, cada detalhe, cada expressão de pavor e confusão.

- O que você quer de mim? - endaguei, minha voz soando falha.

ele avançou a cabeça para mais perto, perto suficiente para que ficássemos entre 1 centímetro de distância. Parecia que estava se ponderando de minha pergunta ou talvez saboreando o desespero que eu mal conseguia disfarçar. Foi Quando ele finalmente respondeu, sua voz era rouca, quase um sussurro abafado pela máscara. Subiu um arrepio á espinha.

- Você.

Arregalei os olhos ao ouvir. Ele me queria? Essa única palavra reverberou na minha mente, bagunçando meus pensamentos. Havia algo na maneira como seus olhos me devoravam, uma fome profunda, como se ele pudesse ver mais além da superfície. Enxergando a minha alma em ruínas. O Meu corpo rapidamente se contorceu por ar, meu peito arfava, ainda assim, havia uma parte de mim que sentia um calor incômodo. Meus olhos tentavam desviar dos dele, mas era impossível. Aquele olhar intenso me mantinha presa, quase hipnotizada. Por um momento,me perguntei se estava ficando esquizofrênica, se era a falta de ar ou o efeito de estar à mercê de alguém que parecia tanto uma ilusão quanto uma realidade.