À Mercê do Perseguidor

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Episódio 12
Á Mercê do Perseguidor
࿐愛࿐

Sai sem direção, os passos pesados, enquanto a culpa latejava na minha mente. Como pude ser tão fraca?. O álcool que eu havia prometido evitar, agora queimava minha garganta e a culpa me esmagava.

Deveria ter resistido.

Me senti péssima, culpada por mais uma vez ceder àquilo que vinha tentando tanto evitar.

Andei por minutos que pareceram horas, tentando me afastar do que tinha acontecido. A bebida que deveria me fazer esquecer, apenas aumentava a voz da minha consciência e ela não parava de gritar. Meus pensamentos estavam embaralhados, cada um parecia pesar mais do que o outro. A cerveja nunca resolveu nada, mas continuei acreditando que, por algum milagre, dessa vez seria diferente.

A dor de falhar comigo mesma era tão insuportável. Eu me senti tão fraca, tão impotente...tão perdida. Cada vez que me deixava levar, parecia que uma parte de mim se despedaçava um pouco mais.

A noite estava fria e a rua continuava cheia de gente, suas vozes indistintas misturadas ao som de distantes risadas, passos apressados ​​e músicas de festa. De vez em quando, me desviava de alguém que estava muito perto, mas a sensação de estar desconectado de tudo ao meu redor só chegava a aumentar. Como se de alguma forma, estivesse em um mundo no qual eu era Invisível, imperceptível. Enquanto todos os outros seguiam suas vidas normalmente.

Então veio uma sensação familiar, gelada e esquisita, ela subia pela minha espinha, arranhando minha pele. Era a mesma de antes, a mesma que eu dizia que algo - ou alguém - estava me observando. Parei bruscamente, meu coração disparando e olhei para trás com o olhar visivelmente atento.

Nada. Ninguém. Apenas as pessoas de sempre, rindo, bebendo, aproveitando a noite sem sequer notar minha presença.

"Deve ser coisa da minha cabeça," pensei, tentando afastar o desconforto. Mas, mesmo dizendo isso a mim mesma, o medo persistia, como uma sombra que se recusava a ir embora.

Meus músculos estavam tensos, minha mente repetia:

"Só imaginação... só imaginação."

Ainda assim, a sensação de estar sendo vigiada continuava. Principalmente após aquela mensagem, que eu pensava ter esquecido, tentava.

Observei aquelas pessoas rindo,vivendo sem preocupações, uma pontada de inveja me atingiu. Como eu gostaria de estar como eles, livre da minha própria mente, sem esse peso. Arfei. Continuei andando, mas a inquietação não me deixou em paz.

Sentei-me em um batente qualquer, deixando o peso do corpo cair, fechei os olhos por um instante, como se isso pudesse silenciar o caos dentro de mim. Mas não silenciou. As lembranças de todas as vezes que eu havia feito isso, bebido para fugir, voltavam com força. E agora, eu estava aqui de novo. A mesma história, o mesmo ciclo sem fim.

As lágrimas começaram a escorrer silenciosas, chegou um momento que eu as deixei cair. Lágrimas de frustração de ódio por mim mesma, por não ser capaz de me controlar.

"Como eu pudi..." As palavras reprisavam dentro de mim, como um flashback. Senti o gosto amargo da derrota. Limpei o rosto com as costas das mãos, com raiva, mas as lágrimas continuavam caindo, e eu sabia que não havia como fugir do que eu estava sentindo.

Eu queria tanto esquecer...queria tanto pode voltar para lá e ficar com meus amigos. Meu egoísmo não permitiu, principalmente depois do que aconteceu.

Foi nesse momento que meu celular vibrou dentro da bolsa, quebrando o silêncio ao meu redor. Peguei o aparelho com mãos trêmulas, e, assim que vi a notificação, gelei no mesmo segundo.

O Som do Riso CortadoOnde histórias criam vida. Descubra agora