episódio 2

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Capítulo 2

Nathan - NT na boca do morro

O sol ainda não tinha subido por completo quando cheguei na boca. O morro já estava em movimento, como sempre, com os vapores correndo de um lado para o outro, o som das motos cortando o silêncio da manhã e os olhares atentos de quem vigia o lugar. Eu já estava acostumado com essa rotina, mas isso não significava que eu gostava.

Naquele dia, o clima parecia mais pesado do que o normal. Alguns olhares estavam diferentes, mais tensos, como se algo grande estivesse prestes a acontecer. Eu sabia que as coisas por ali nem sempre eram calmas, e a qualquer momento o caos poderia começar. Mas ainda assim, mantive a minha postura firme. A última coisa que eu poderia mostrar era fraqueza.

Cheguei até o meu posto, cumprimentando os outros vapores que estavam por ali. A movimentação já era grande para aquela hora. O trabalho na boca não parava nunca, era um ciclo que não tinha fim. Eu sabia que, enquanto estivesse naquele lugar, teria que me manter sempre em alerta. Ali, a vida de um homem podia mudar num piscar de olhos, e eu já tinha visto muita coisa.

Peguei a mercadoria que estava escondida no lugar de sempre e comecei o trabalho do dia. Não era difícil, mas exigia agilidade e cuidado. A polícia estava sempre de olho, e qualquer passo em falso poderia ser o último. No entanto, para mim, aquele já era o meu cotidiano. O crime tinha se tornado o meu meio de sobrevivência, mas a cada dia que passava, eu sentia o peso da escolha que fiz anos atrás.

Enquanto trabalhava, minha mente voava para longe, pensando na minha mãe e em como ela odiava tudo isso. Mesmo sabendo que era por causa do dinheiro sujo que tínhamos uma vida melhor, ela nunca aceitou a minha escolha. E eu entendia. Às vezes, eu mesmo me odiava por estar ali, mas era a única forma que encontrei de manter minha família de pé.

Foi nesse momento que avistei DG, o dono do morro, descendo com sua postura sempre imponente, como se nada o abalasse. Os olhares dos homens ao redor mudaram, respeitosos e atentos. DG tinha uma presença forte, e eu sabia que era um dos poucos em quem ele confiava. Ao me ver, ele acenou com a cabeça e veio na minha direção.

DG: "E aí, NT, como tá a situação por aqui?"

Eu: "Tudo sob controle, chefe. A movimentação tá boa, mas os olheiros disseram que a polícia pode aparecer mais tarde."

Ele assentiu, sério, como sempre. O tipo de homem que não deixava escapar nenhuma palavra desnecessária. A responsabilidade de comandar o morro não era pequena, e ele sabia disso.

DG: "Fica de olho, qualquer coisa me avisa. Hoje pode ser um daqueles dias."

Eu sabia o que isso significava. Já tinha presenciado muitas operações e confrontos, e nada ali era fácil. Mas eu estava preparado. Ou pelo menos era o que eu dizia para mim mesmo.

Com a conversa encerrada, voltei ao meu trabalho, tentando manter a calma. O dia estava só começando, e eu tinha um pressentimento de que não seria um dia comum. Ali, na boca do morro, a adrenalina nunca abaixava. Eu estava imerso naquele mundo, com o coração na boca e a mente focada. O crime me deu um caminho, mas me tirou muito mais do que eu poderia imaginar.

Coração BandidoOnde histórias criam vida. Descubra agora