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                             P.O.V. Yeji

Cidade nova, sem conhecer ninguém, e logo no terceiro ano do ensino médio. Para muitos, isso seria um pesadelo, mas pra mim... estava até gostando. Passei anos no Canadá, com meus amigos, e apesar de gostar deles, sentia falta do meu país. Estudei aqui até o fim do ensino fundamental, então minhas amizades por aqui eram praticamente nulas, com exceção da Jisu. Ela era minha melhor amiga, desde os tempos no Canadá.

— Os seus pais não vão saber que vamos sair. E você vai dormir em casa hoje, ok? É só uma festinha, Yeji.

Essa era Jisu, ela passou uns anos comigo no Canada me visitando e sempre fomos muito próximas uma da outra. Hoje era o último dia de férias escolares e amanhã voltaria tudo de novo, por isso sua empolgação para me arrastar para uma festa na casa de uma colega de classe sua.

— Não sei, Lia... Eu nunca fui pra uma festa e nem bebi na minha vida.

— Exato, amiga. Você não precisa beber ou fazer alguma merda, só me acompanha na festa hoje, por favorzinho.

Revirei os olhos e me joguei na cama de Jisu, sentindo o peso da preguiça tomando conta de mim. Aquelas paredes vermelhas, os posters de bandas que eu nem conhecia e o cheiro de café no ar... Parecia tudo tão distante da minha rotina normal. Eu não era exatamente a garota certinha, mas também não era do tipo que se entregava a qualquer coisa só porque todo mundo estava fazendo. Não sou contra sair de vez em quando, mas não me encaixo nesses cenários. Minha ideia de diversão era mais quieta: ler um bom livro na tranquilidade do meu quarto, passeios por galerias de arte, piqueniques nos parques. Sempre fui mais contemplativa, mais introspectiva. Minha ideia de socializar era muito diferente do que minha amiga Jisu estava me propondo.

Mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim me dizia que talvez fosse o momento de sair da minha bolha. Uma experiência nova não faria mal, certo? Nunca tinha participado de uma festa, e quem sabe eu não me surpreendesse? Era uma oportunidade de ver algo diferente, de viver na pele o que todo mundo ao meu redor parecia vivenciar com tanta naturalidade. E, por mais que eu tentasse, não podia negar o impulso que a ideia de uma mudança, de uma nova perspectiva, causava em mim. Talvez fosse só curiosidade. Ou, mais provavelmente, o simples fato de Jisu não me deixar em paz.

— Vai, Yeji, se joga! Não é como se fosse um compromisso sério. Você só vai... experimentar! — ela insistiu, enquanto puxava os produtos de maquiagem que eu sabia que ela usava apenas em ocasiões especiais. Jisu tinha esse jeito de fazer tudo parecer fácil e leve, algo que eu não entendia bem, mas admirava. Enquanto ela espalhava a base na minha pele, eu a observava de canto de olho, e me perguntei se realmente conseguiria me adaptar a esse novo cenário.

Jisu me maquiou com uma energia quase contagiante, como se estivesse se preparando para uma grande produção. Depois, puxou uma roupa que eu nem lembrava de ter trazido para sua casa. Olhei para o vestido, e minha primeira reação foi duvidar de que isso tivesse algum a ver comigo. Mas, antes que eu pudesse reclamar, ela já tinha jogado a peça sobre minha cabeça e me empurrado em direção ao espelho.

Ela morava sozinha, então podia sair à vontade, sem ter que se preocupar em pedir permissão aos pais. Eu olhava para a liberdade dela com uma certa inveja. Não porque eu não gostasse de meus pais, mas porque sempre fui muito mais controlada, com tudo sempre nos eixos. Enquanto ela passava por mim, pronta para sair, eu me sentia uma intrusa naquele mundo de descomplicação. Eu não podia deixar de desejar um pouco mais dessa autonomia, de ser capaz de simplesmente... sair, sem perguntas, sem olhar para trás.

Com tudo pronto, entramos no carro que chamamos por aplicativo. O nervosismo no meu estômago só aumentou conforme nos aproximávamos do local. Eu sabia que sair da minha zona de conforto não seria fácil, mas nunca pensei que fosse ser tão... intimidante. No banco do carro, meu corpo parecia tenso, contraído. As ruas de Seoul, com seu ritmo frenético e a gente se movendo com elas, pareciam ter me engolido. Será que estou fazendo a escolha certa? Essa dúvida martelava na minha cabeça. A música de fundo no carro só aumentava a sensação de desconexão que eu sentia.

rockstar girlfriend » ryejiOnde histórias criam vida. Descubra agora