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                                  Seoul, 14:30 - Narrador

Yeji finalmente conseguiu se concentrar nas aulas. No início, a quantidade de distrações a havia incomodado, mas ela logo entrou no ritmo. Afinal, em sua mente, os estudos sempre vinham em primeiro lugar, como se fosse uma forma de manter o controle do caos à sua volta. Mas é claro, mesmo alguém tão focada não escapa de interrupções, e logo algo ou alguém iria tirá-la da sua bolha de concentração. No caso dela, não tinha amigos ali.

Exceto por Choi Jisu, sua melhor amiga. Ela sabia que podia contar com Jisu, mas a amiga se sentava bem longe, em uma das últimas fileiras, o que tornava difícil qualquer tipo de interação durante as aulas. A sala estava sempre lotada, com cada banco ocupado, e o único lugar vago era... bem, aquele no fundo da sala, logo em frente à professora. Pesadelo para qualquer um, pensaria qualquer outra pessoa. Mas para Yeji, a coisa parecia mais simples. Ela não se importava com o que os outros pensassem. Ela tinha um foco tão grande que mal notava a presença dos outros. Mesmo que a sala estivesse cheia de murmúrios, risadinhas e olhares curiosos sobre a "ruivinha", nada disso a tirava do lugar.

Para a Hwang, o aprendizado era uma ilha onde ela se sentia segura, uma zona de conforto onde nada de fora a alcançava. Ela se acomodou na cadeira dura da frente, ajustando a postura com a facilidade de quem já tinha se acostumado a ser o centro das atenções, embora de maneira discreta, como se não se importasse realmente com isso. De fato, ela não se importava. Esse era seu lugar — ela sabia disso.

Yeji era inteligente. Não apenas um tipo de inteligência que impressionava qualquer um que cruzasse seu caminho, mas aquela que se destacava. Desde muito nova, suas habilidades eram inegáveis. Aos 2 anos, ela já falava com clareza e, aos 8, já dominava não apenas o coreano, mas mais duas línguas, algo quase inacreditável para uma criança da sua idade. Aos 12, Yeji havia ganhado um prêmio de destaque em um campeonato nacional de matemática, competindo contra escolas de todo o país. Ela era, sem dúvida, uma prodígio. A garota era boa — muito boa, e ela sabia disso.

E isso não se devia a pressões externas. Não eram os pais, com seus cargos altamente respeitados no setor médico, que a faziam estudar até mais tarde, ou a empurravam a ser a melhor. Yeji apenas gostava de estudar. O conhecimento sempre foi uma paixão genuína para ela. Desde que se lembrava, os livros foram seus companheiros mais leais. Ela via seus pais — sua mãe ginecologista, e seu pai pediatra, ambos renomados em suas áreas — como seus maiores exemplos. Para ela, a medicina não era apenas uma carreira, mas uma forma de salvar vidas, de fazer a diferença no mundo. E ela queria seguir esse caminho, queria ser como eles. Seus pais não eram apenas figuras de autoridade em casa, mas ícones de generosidade e humanidade para Yeji.

Por mais que fosse filha de uma família rica, seu caráter nunca foi alterado por isso. Ela sempre tratou todos com respeito, com a mesma educação e humildade que seus pais haviam lhe ensinado. Ela sabia que a verdadeira riqueza não vinha de bens materiais, mas de como você tratava as pessoas, de como você faz o bem no mundo. Ela tinha princípios, e isso a tornava diferente de muitos dos seus colegas.

E então havia Shin Ryujin... E Ryujin era tudo o que Yeji não era.

Ryujin era... difícil. Não porque fosse uma pessoa complexa ou misteriosa, mas porque a garota tinha um comportamento que beirava o destrutivo. Ao contrário de Yeji, que se orgulhava dos seus estudos e do seu comportamento, Ryujin parecia desinteressada e, na maioria das vezes, até desrespeitosa. Sua atitude com relação à escola era, no mínimo, de desprezo. Suas notas, uma mistura de mediocridade e falta de esforço real, diziam mais sobre suas prioridades do que qualquer outra coisa. Não se importava com nada que não fosse evitar a repetência — e isso era algo que a incomodava profundamente. A própria ideia de ser reprovada parecia ser um pesadelo para ela, mas não por um desejo genuíno de aprender. Não, ela simplesmente não queria passar mais tempo naquele lugar, com pessoas que não compartilhavam sua visão.

rockstar girlfriend » ryejiOnde histórias criam vida. Descubra agora