Um dia comum

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Kiara

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Kiara.


O relógio ainda não tinha despertado quando abri os olhos e vi a luz da manhã surgindo devagar pelas frestas da janela. Eram 5:45. Sentei-me devagar, tentando não fazer barulho para não acordar Larissa e Louise, que ainda dormiam. Com minha Bíblia e meu caderno de devocional em mãos, fui para a sala, onde o silêncio ainda pairava e apenas os primeiros raios de sol iluminavam o espaço.

Acomodei-me no sofá perto da janela e respirei fundo, sentindo a tranquilidade de estar sozinha com Deus. Abri minha Bíblia no Salmo 46, e as palavras “Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus” tocaram meu coração mais uma vez. Era sempre uma sensação nova e reconfortante. Meditei sobre o versículo, deixando que cada palavra me preparasse para o que estivesse por vir. Depois de alguns minutos, abri meu caderno e comecei a escrever. Era o momento em que eu colocava meus sentimentos e agradecimentos em palavras, entregando meu dia a Ele.

“Senhor, sei que o Senhor está aqui comigo, como sempre esteve. Agradeço por tudo o que fez por mim e pelo que ainda está por vir. Que o Senhor me use de alguma forma hoje para levar o Seu amor às pessoas ao meu redor.”

Após a oração, fechei meu caderno, sentindo o peso da paz preencher meu coração. Com o devocional feito, fui até a cozinha preparar um café rápido. Larissa apareceu logo depois, com o cabelo ainda bagunçado e um sorriso sonolento.

“Já acordada e com a Bíblia na mão, hein?” Ela pegou uma caneca e serviu um pouco do café.

“Meu dia só começa depois do meu tempo com Deus”, respondi, rindo. “Vai dar tempo de irmos juntas à igreja hoje à noite?”

“Claro, pode contar comigo. Vou ver se a Louise também vai direto do trabalho. Aliás, você sai do trabalho e vai direto para a faculdade hoje, né?”

“Sim! Mas vou dar um jeito de chegar a tempo na igreja.” Nos despedimos, e eu peguei minha bolsa, indo direto para o trabalho.

Ao chegar na cafeteria, senti aquele cheiro delicioso de café me envolver. Trabalhar ali era mais do que só um emprego; era o lugar onde eu via pessoas diferentes todos os dias, cada uma com uma história e uma expressão diferente, e isso me fazia querer fazer diferença na vida de cada uma delas. Sam, meu chefe, estava atrás do balcão, limpando as máquinas de café.

“Kiara! Pronta para mais um dia de ‘cafés e causos’?” Ele riu ao me ver.

“Prontíssima, Sam! Hoje eu prometo caprichar no cappuccino dos clientes fiéis”, brinquei, já pegando o avental.

Logo começaram a chegar os primeiros clientes. A Sra. Thompson, uma senhora simpática que vinha todas as manhãs, pediu seu cappuccino, e eu a servi com um sorriso. “Como está hoje, Sra. Thompson?”

“Bem melhor agora que estou aqui! E você, minha querida?”

“Tranquila, graças a Deus. Espero que tenha um dia abençoado”, respondi, vendo seu sorriso se abrir mais.

Assim continuou a manhã, entre xícaras e pedidos, eu encontrava momentos para conversar com clientes que se tornaram conhecidos e trocar sorrisos com os novos. Pouco antes do horário do almoço, uma cliente nova chegou ao balcão. Ela parecia nervosa, mexendo na alça da bolsa enquanto olhava o cardápio.

“Oi, posso ajudar? Hoje o cappuccino está ótimo!”, comentei, tentando quebrar o gelo.

Ela sorriu, mas havia uma tristeza em seus olhos. “Acho que vou precisar de um pouco mais que cappuccino hoje.”

Ao ouvir aquilo, não resisti e perguntei: “Posso fazer algo para ajudar?”

Ela hesitou, mas acabou me contando sobre um dia difícil no trabalho e sobre como estava se sentindo sozinha na cidade. “Mudei para cá faz pouco tempo, e tem sido… complicado.”

“Se precisar de alguém para conversar, eu estou aqui. E, se não se importar, vou orar para que as coisas melhorem”, falei, esperando que ela aceitasse a oferta.

Ela sorriu, um pouco emocionada. “Obrigada, de verdade.”

Com o fim do turno, troquei o avental pelas minhas coisas de faculdade e saí correndo para as aulas de Letras. Cursar Letras era uma paixão que carregava desde criança, um sonho que Deus colocou no meu coração e que eu estava vendo se realizar pouco a pouco. Ao chegar à faculdade, encontrei Camila e Renata, colegas de curso, no corredor.

“Kiara! Como é que você chega aqui com essa cara animada depois do trabalho?”, Camila perguntou rindo.

“Acho que é o café, ou o milagre da motivação divina!”, respondi brincando, enquanto me sentava ao lado delas.

“Você é a pessoa mais positiva que eu conheço”, disse Renata, sorrindo.

Passamos a tarde mergulhadas nas discussões sobre literatura e nos trabalhos em grupo. Eu gostava de pensar que cada leitura e cada estudo me ajudariam a entender mais sobre a complexidade humana e sobre o que poderia, um dia, transformar a vida de alguém, da mesma forma como minha mãe e minha fé transformaram a minha.

Quando as aulas terminaram, voltei para casa, troquei de roupa e fui direto para a igreja com Larissa e Louise. Ao chegar, fomos recebidas por nossos irmãos em Cristo com abraços e sorrisos. A reunião daquela noite foi especial, e cada momento da adoração me lembrou do quanto eu era grata a Deus por cada detalhe da minha vida.

Depois do culto, conversamos com algumas pessoas queridas da igreja antes de voltar para casa. Já deitada, pronta para descansar, me sentia preenchida por tudo o que vivi e por ter mais um dia para servir e amar. Fechei os olhos e agradeci em silêncio. Era só o fim de mais um dia, mas cada momento era um presente.

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