O Luto e a Redenção

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Pov: Tyler.

A manhã após a morte de Wednesday. 

A luz da manhã filtrava-se pelas cortinas, lançando raios dourados sobre as paredes do meu quarto, mas a beleza do dia parecia irrelevante e distante, como se estivesse em um mundo separado do meu. O peso da perda ainda estava fresco em minha mente, uma ferida aberta que se recusava a cicatrizar. Wednesday estava realmente morta. Cada pensamento a respeito disso era como um golpe no coração, e a dor de saber que não a veria mais, não ouviria sua voz cortante ou seu riso sarcástico, era insuportável. Uma sombra pairava sobre mim, um manto de tristeza que não me deixava escapar.

Naquela manhã, enquanto me vestia, tentei ignorar o espelho que refletia meu rosto cansado e inchado. Eu não me reconhecia. A face que costumava carregar um sorriso ou uma expressão de determinação agora estava marcada pela desolação. O mundo lá fora continuava a girar, indiferente à tragédia que havia se desenrolado. A cidade, que antes pulsava com vida e possibilidade, agora parecia um labirinto de sombras, cada esquina escondendo um eco do que havia perdido.

As pessoas caminhavam pelas ruas, alheias ao meu tormento, suas vidas seguiam como se nada tivesse mudado. A normalidade do cotidiano, risos de crianças, o som de motores, o perfume do pão recém-assado das padarias, contrastava de forma cruel com a tempestade emocional que rugia dentro de mim. Cada passo que as pessoas davam parecia uma afronta ao meu luto, uma lembrança de que a vida continuava enquanto a minha estava estagnada, mergulhada na escuridão da perda.

Senti uma pressão crescente no peito, como se o ar se tornasse denso e difícil de respirar. Eu queria gritar, desejar que o mundo parasse por um momento, que as pessoas parassem de sorrir e seguissem em frente. Mas isso era impossível. O tempo não para, e a dor da saudade se tornava uma companhia constante, me lembrando do quão efêmera a vida pode ser.

Enquanto eu saía do apartamento, um vento frio acariciou meu rosto, como se a cidade estivesse me chamando de volta à realidade. Mas tudo o que eu conseguia pensar era em Wednesday, na sua mente afiada, nas ideias que borbulhavam dentro dela, na forma como ela desafiava o mundo com sua escuridão encantadora. Eu precisava encontrar um jeito de lidar com isso, de honrar sua memória de uma forma que ela merecia. A cidade estava cheia de sombras, e eu estava determinado a encontrar a luz que ainda poderia brilhar, mesmo que apenas por um instante.

Decidi que precisava visitar o túmulo de Wednesday, Enid e o bebê Sinclair. Era um lugar que carregava todas as lembranças e os sonhos não realizados, mas também um local onde eu poderia tentar encontrar algum tipo de paz. Enquanto me dirigia ao cemitério, meu coração estava pesado, cada passo ecoando a perda que ainda se sentia como um vazio insuportável. A cidade ao meu redor parecia em silêncio, como se a própria atmosfera estivesse respeitando a memória daqueles que se foram.

Ao chegar ao cemitério, uma sensação de tranquilidade envolveu meu ser, como se a natureza estivesse de luto pela perda também. As árvores balançavam suavemente ao vento, e pássaros cantavam em um tom melancólico, como se entoassem uma canção fúnebre. O caminho de cascalho sob meus pés era um contraste com a dor que eu sentia. Cada grão parecia ressoar com a fragilidade da vida.

O túmulo estava cuidadosamente arrumado, adornado com flores frescas e uma pequena placa com os nomes deles gravados. Um mar de rosas brancas e violetas, escolhidas com cuidado, cercava a lápide, como se estivessem protegendo os espíritos que ali descansavam. Meus olhos se encheram de lágrimas ao ler os nomes: Wednesday Addams, Enid Sinclair, e pequeno sinclair. O feto nunca recebera um nome, mas isso não diminuía sua importância. Era um símbolo de amor, de dor, e do que poderia ter sido. Naquele momento, percebi que aquela pequena vida, embora não tivesse vivido, era uma parte intrínseca daquela história, um lembrete do que havia sido perdido.

Cárcere Doméstico - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora