O Encontro com Tyler

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Pov: Wednesday.

A luz fraca da manhã filtrava-se pelas frestas da janela do porão, lançando sombras que dançavam nas paredes manchadas de sangue. Wednesday estava sentada no chão, cercada por frascos quebrados e ferramentas que agora pareciam mais familiares do que qualquer coisa em sua vida. Mas havia uma inquietude crescente dentro dela, um burburinho que a impedia de se concentrar. O bebê em seu ventre, que deveria ser um símbolo de vida, tornara-se uma fonte de terror.

Ela olhou para as paredes, que pareciam se mover como se estivessem vivas. A voz de Enid ecoava em sua mente, uma memória distorcida que a atormentava. "Por que você me deixou?" As palavras ressoavam, como um mantra, até que Wednesday sentiu a cabeça girar. Ela se levantou abruptamente, tentando afastar a sensação de que algo estava prestes a acontecer.

O barulho de passos se aproximando interrompeu sua frenética corrida de pensamentos. Ela congelou, seu coração acelerando. Poderia ser mais uma de suas alucinações? Com a mão pressionada na barriga, onde o bebê se contorcia, Wednesday caminhou cautelosamente em direção à porta do porão. Assim que a abriu, o ar frio de fora a atingiu, e seus olhos se estreitaram.

Tyler Galpin estava parado na entrada, a expressão preocupada refletindo a tensão no ar. A luz do dia iluminava seu rosto, e por um breve momento, Wednesday sentiu um choque de familiaridade e conforto. Mas isso logo se dissipou, substituído pela dúvida e desconfiança.

— Wednesday? — ele chamou, a voz suave, como se estivesse lidando com uma ferida exposta. — Você está bem?

Ela hesitou, seus pensamentos se debatendo entre a confusão e a negação. — O que você está fazendo aqui, Galpin? — Sua voz era fria, como um aviso.

— Eu me preocupo com você. — Ele deu um passo à frente, mas Wednesday recuou instintivamente. — Eu sou seu amigo. Você não precisa passar por isso sozinha.

— Amigo? — O riso dela soou quase histérico. — O que você sabe sobre amizade? Você não sabe nada sobre mim.

Tyler franziu a testa, observando-a com uma intensidade que a fez se sentir exposta. — Eu sei que você está lutando. Você está... diferente. — Ele hesitou, escolhendo suas palavras com cuidado. — As pessoas estão falando, Wednesday. Sobre você. Sobre... Enid.

O coração dela disparou ao ouvir o nome. Enid. O que havia acontecido com ela? A memória flutuava como uma nuvem nebulosa em sua mente, mas Wednesday não conseguia conectar os pontos. Ela hesitou, tentando se lembrar do último dia que realmente havia passado com Enid. A imagem da amiga sorrindo e fazendo piadas se sobrepôs a visões distorcidas, e a confusão cresceu.

— Ela está... ela está bem. — Wednesday tentou afirmar, mas a vacilação em sua voz traiu sua mentira. A pressão começou a aumentar em seu peito, e Wednesday se sentiu cada vez mais cercada por sombras invisíveis.

— Não, não está. — Tyler se aproximou ainda mais, os olhos fixos nos dela. — Ninguém a vê desde... desde aquela noite.

— Pare. — Wednesday sussurrou, incapaz de lidar com o que ele estava insinuando. — Eu não quero falar sobre isso.

— Mas você precisa! — Ele estendeu a mão, tentando alcançá-la. — Por favor, você não está sozinha. Se você se lembrar do que aconteceu, talvez possa lidar com isso.

A menção do que havia acontecido a fez sentir uma onda de raiva e medo, e uma parte dela se questionou se Tyler sabia mais do que estava deixando transparecer.

— Eu não me lembro de nada. Não tenho tempo para isso.

— Wednesday! — Ele a interrompeu, com uma frustração que ela raramente via nele. — Você não pode fugir para sempre.

Cárcere Doméstico - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora