Rafe CameronDesci do avião ajeitando meus óculos de sol enquanto o calor insuportável do lugar me envolvia. O sol batia forte, quase cruel, como se o destino estivesse preparando o clima perfeito para o que viria a seguir. Isadora desceu logo atrás, os olhos brilhando com uma curiosidade quase infantil, admirada com tudo ao redor. Provavelmente era a primeira vez que ela saía para algo assim, para um lugar tão distante, e eu não pude deixar de pensar em como seria trazer ela aqui só para diversão, para aproveitar sem preocupações. Mas, infelizmente, nossa viagem não tinha nada a ver com relaxamento ou turismo.
Eu a observei se perder por um segundo, absorvendo o ambiente, e senti uma pontada de culpa — ela merecia um passeio de verdade, longe de todo o caos que sempre parecia nos perseguir. Mas esse pensamento durou pouco. Rapidamente voltei ao motivo que nos trouxe até aqui. Precisávamos de um foco absoluto.
— Vamos transportar o ouro para um navio que vai levar ele para Guadalupe. —Ward explicou e concordamos.— Isadora vai com o pai dela em um carro e nós vamos em outro.
O plano estava claro e direto, mas não deixava de ser arriscado. Ward queria dividir a gente — eu e o ele em um carro, Isadora e o pai dela no outro — para garantir que tudo saísse como planejado, sem distrações. Olhei para Isadora, e uma parte de mim não gostou da ideia de não ter ela ao meu lado, de não poder garantir que ela ficasse segura.
— Certo — respondi, tentando manter a voz firme e indiferente, mas a tensão estava ali, presa na minha garganta. Sabíamos que, quando se tratava do ouro, qualquer passo em falso poderia ser o último.
Enquanto Ward dava instruções, percebi que Isadora desviava o olhar para mim de vez em quando, com uma expressão que eu não conseguia decifrar totalmente. Talvez fosse preocupação ou até desconfiança, mas por algum motivo, eu não queria que ela visse fraqueza em mim.
— Vai dar tudo certo, Rafe — ela murmurou quando passou ao meu lado, sua voz baixa e tranquila.
Só assenti, tentando ignorar o aperto que aquilo me causava.
Dirigindo em meio ao comboio, com os carros de segurança à nossa frente e atrás, meu pai estava falando alguma coisa, mas minha atenção estava em outro lugar. Pelo retrovisor, vi Isadora no carro de trás, encarando a paisagem com um olhar entediado. Por um segundo, eu pensei em como essa situação parecia surreal — tudo isso apenas para manter uma fachada de controle.
Foi aí que algo me pareceu estranho. Havia muitas crianças ao redor, todas se aproximando da estrada.
— Tem alguma coisa errada — comentei, meus olhos se movendo rápido pelos retrovisores e janelas. Eu sentia a tensão aumentar.
Antes que meu pai pudesse responder, os pneus dos carros de segurança estouraram quase ao mesmo tempo. Ele gritou a única coisa que confirmava o que eu já suspeitava.
— É uma emboscada!
Minhas mãos apertaram o volante, e sem hesitar, desviei dos carros à nossa frente, acelerando na estradinha estreita que se abria logo à frente. Pelo retrovisor, vi o pai de Isadora fazer o mesmo, manobrando o carro para nos seguir enquanto a poeira subia e o caos se espalhava atrás de nós.
Acelerei com tudo, mantendo os olhos fixos na estrada e o coração batendo forte no peito. Meu pai soltou alguns palavrões ao meu lado, tentando me orientar, mas era tudo instinto agora — eu só pensava em tirar a gente dali o mais rápido possível.
Atrás de mim, o carro do pai de Isadora se mantinha firme, mas eu podia ver Isadora se segurando enquanto a estrada de terra sacudia o veículo.
Apoiei os dois pés no pedal, sentindo a potência do motor responder, e puxei o carro para o lado, jogando poeira para cima.
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Toxic • Rafe Cameron
ФанфикDesde criança, sempre ouvi dizer que Pougue é Pougue e Kook é Kook, uma divisão rígida que parecia impossível de quebrar. Aos onze anos, conheci um Kook que mexeu com minha cabeça, e por um tempo, eu acreditei que as coisas poderiam ser diferentes...