Rafe's View

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Rafe Cameron

"Eu vou matar aquele desgraçado."

Essas palavras martelavam na minha cabeça, sem parar, como um mantra. Eu olhava para Isadora, para o rosto dela marcado, o lábio cortado e inchado, e os dedos de seu pai impressos no braço dela como se fossem um aviso. Minha raiva era um fogo que não parava de crescer. Cada detalhe das marcas, cada sinal de dor nela, me fazia perder ainda mais o controle. Ele fez isso. Ele. Aquele miserável que ousou tocar nela.

Eu sentia meus punhos se fecharem, meus dentes rangendo de tanto segurar a fúria. Não havia espaço para mais nada, só para a raiva. Eu queria explodir, destruir tudo ao redor. O ódio fervia no meu sangue, queimava meus pensamentos. Só havia uma coisa na minha cabeça: " Eu vou estourar a cabeça desse filho da puta." Era inevitável. Eu faria isso.

Isadora parou no meio do quarto, tragou o cigarro profundamente e soltou a fumaça, olhando diretamente para mim. O rosto ainda estava marcado, mas o brilho nos olhos dela era mais intenso do que qualquer dor.

— Escuta, Rafe, a gente não tem outra saída. — Ela começou, andando de um lado para o outro, o cigarro pendurado entre os dedos. — Eles acham que a gente é idiota, que vamos ficar de lado, assistindo enquanto eles fazem o que querem com o ouro e com a gente. Meu pai, o seu pai... eles estão tão confiantes que a gente não vai ter coragem de fazer nada. E é aí que eles erram.

Eu só observava, tentando focar nas palavras dela, enquanto minha mente focava no jeito que ela andava.

— A gente precisa jogar o jogo deles, Rafe. Fingir que estamos do lado deles, prometer lealdade, fazer o que eles querem por um tempo. Mostrar que somos parte disso, que estamos comprometidos com o plano deles. — Ela deu outra tragada no cigarro, soltando a fumaça devagar, o olhar fixo no meu. — Mas a verdade é que, quando eles menos esperarem, a gente vai roubar o ouro. Tudo. Pra gente.

Ela parou de andar e me encarou.

— Vamos deixar eles de mãos vazias, sem nada. O Ward, meu pai... eles vão acreditar que têm tudo sob controle, mas quando o ouro estiver em nossas mãos, a gente some. Vai ser o nosso golpe, Rafe. A nossa vingança. E eles vão se foder, sem nem saber o que aconteceu.

Enquanto ela falava, eu tentava ouvir, absorver cada palavra, mas meus olhos não saíam dela. A maneira como ela se movia pelo quarto, cada passo carregado de uma energia tensa e elétrica. O cigarro balançando entre os dedos, os lábios inchados ao redor dele, soltando a fumaça enquanto explicava como a gente ia enganar todo mundo. Seu peito subia e descia enquanto falava, e, porra... Ela estava gostosa pra caralho.

A cada vez que ela tragava o cigarro, eu sentia meu corpo reagir. A forma como seu cabelo caía sobre os ombros, o brilho intenso nos olhos dela, a convicção nas palavras. Mesmo machucada, marcada por aquele covarde, ela parecia mais forte do que nunca. Era como se ela estivesse transbordando poder, e eu... eu queria aquilo. Queria ela. Mais do que o ouro, mais do que a vingança. Eu queria a Isadora.

Mas ainda havia aquele plano. Um plano que podia nos libertar de tudo isso. Roubar o ouro e sumir. Ela estava certa. Esse era o jeito. Nosso jeito.

Entrei em casa vendo uma movimentação estranha, subi os degraus vendo Whezzie em seu quarto mexendo em seu celular.

— Iai, maninha.— Eu disse e vi ela me olhar, seus olhos brilhantes e carentes por atenção. Whezzie era mais negligenciada que eu e talvez, por mais que ela não saiba, isso era bem melhor.

— Você não vai acreditar.— Ela disse abaixando celular.— O papai tá levando a Sarah pras Bahamas, vê se ele lembrou de nós chamar? Claro que não.

Toxic • Rafe Cameron Onde histórias criam vida. Descubra agora