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No dia seguinte, voltei ao trabalho e tentei repetir minha rotina com a mente um pouco mais leve, mas não ajudou muito; logo cometi os mesmos erros do dia anterior. Essa repetição tinha um impacto terrível em mim... A frustração começava a dominar, trazendo uma ansiedade que me queimava o estômago e apertava minha garganta.

"Erro na maquininha. Erro no cálculo. Erro no leitor."

Erro após erro... Que inferno! Por que eu não conseguia mais acertar?

Tentava manter a calma, respirando fundo enquanto beliscava o almoço sem a menor vontade. Tinha certeza de que minha chefe, mais cedo ou mais tarde, viria saber o que estava acontecendo comigo... Nada parecia normal, e eu me sentia incapaz de corrigir. Uma impotência avassaladora tomava conta de mim.

Me sentia um fracasso a meio caminho.

Apesar dos tropeços, a tarde correu relativamente bem. Reuni minhas coisas e fui para casa com a mente sobrecarregada – e, de brinde, a dor de cabeça. No caminho, só pensava em me esparramar no sofá e ficar ali até que tudo passasse.

Foi exatamente o que fiz ao chegar: abri a porta, deixei os sapatos no corredor, larguei minhas coisas e me joguei no sofá, afundando nas almofadas. Soltei um gemido, tanto pela dor quanto pela frustração de mais um dia dominado pelo fracasso.

— Você está bem, Rui?

A voz acolhedora de Tenma preencheu a sala como um gole de chocolate quente num dia frio.

Eu havia me esquecido dele em casa, de novo. Quando eu me acostumaria? Demoraria um pouco... Me virei lentamente para responder:

— Nada bem, Tsukasa. – Apertei os olhos. – Essa dor de cabeça está acabando comigo...

— Ah! Espere um segundo.

Ouvi os passos leves de Tenma indo até a cozinha. Logo, ele voltou à sala e me chamou com um tom suave:

— Aqui, Rui. – Ele me estendeu aspirinas e um copo d'água. Levantei-me com algum esforço, esboçando uma careta.

— Obrigado, Tsukasa. Desculpe por te envolver nisso.

— Sem problema algum. – Ele sorriu enquanto eu tomava a água e engolia os comprimidos. – Se quiser, posso fazer uma massagem. Costumo usar técnicas que aliviam dores de cabeça.

— Não precisa se incomodar, Tsukasa. Você já fez bastante por mim.

— Não é incômodo nenhum, Rui. Se não melhorar em cinco minutos, pode descontar umas libras do meu pagamento.

— Isso é motivador. – Sorri, apesar das têmporas latejando. – Bom, acho que uma massagem não vai fazer mal. Como quer fazer isso?

— Deite-se no chão. O sofá afunda muito, e preciso que seus joelhos fiquem levemente flexionados. Vou buscar algumas almofadas.

Segui suas instruções e me deitei no chão, ao lado do sofá.

Tsukasa colocou almofadas sob meus joelhos e minha nuca. Posicionou-se acima da minha cabeça, e mal consegui vê-lo, pois a dor deixava minha visão turva. Tirei os óculos e esfreguei os olhos, incomodado.

— Agora feche os olhos e concentre-se no ambiente; esqueça o trabalho e tudo o que for estressante. O resto é comigo. – Balancei a cabeça em concordância.

Senti os dedos dele deslizarem pela minha testa, suaves como um lençol de seda, sem pressão alguma. Ele desenhava linhas horizontais, verticais, e movimentos circulares nas têmporas. Deslizava até o topo do meu nariz, coordenando os toques com precisão.

Através da porta ✧ | RuikasaOnde histórias criam vida. Descubra agora