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> Doarda's Pov

Era o terceiro e último dia do Interclasse, seria o desempate do terceiro com o primeiro. Eu tinha certeza que se não desse um jeito de ganhar mais dois jogos do terceiro, Sofia se amostraria pra mim pelo próximo um mês. Não via a hora daquilo acabar.

Mas eu tinha algo que ela não tinha: rapidez. Desde sempre a achei lentinha, depois do futebol eu tive mais certeza ainda. Estávamos decidindo a estratégia do basquete. Eu participaria do Basquete e da Queimada para render uns pontinhos.

-- Posso marcar a Sofia? -- Questionei e Ananda me olhou com um sorriso malícioso. Só não o retruquei por causa do resto das meninas em volta, mas a fuzilei com os olhos.

Tinhamos decidido e iriamos amassar aqueles desgraçados. A ruiva me olhou com determinação e me gesticulou uma mão no pescoço para sinalizar que já tinhamos perdido. Dei de ombros e ela sabia que eu diria "É o que vamos ver".

Pelo visto Sofia tinha a mesma estratégia que a minha, porque não saia de perto de mim. O fato da garota ser uns 5 centímetros mais alta que eu dificultava um pouco o roubo da bola. Ela dominou e eu corri atrás dela. Estávamos 0x0 e faltava pouco pro tempo acabar, se a gente fizesse ao menos um ponto seria milagre.

Entrei em desespero e fiz a primeira coisa que veio em minha cabeça: assim que a mesma parou para tentar fazer um saque, segurei sua cintura e apertei levemente... o engraçado é que deu certo! Ela olhou pra trás e eu gostaria de ter capturado esse momento na memória, mas acho que terão outras oportunidades. Roubei a bola de sua mão e comecei a correr para o outro lado da quadra. Passei a bola pra outra garota e finalmente marcamos um ponto.

Abracei Ananda e mostrei o dedo do meio discretamente pra Sofia, que retribuiu. Agora só faltava a queimada, mas o que eu não sabia era que o pior estava por vir.

Seria apenas uma rodada pra decidir a sala campeã final do ano, e pra mim não foi muito difícil e desviar, já de acertar... Eu não tinha uma mira muito boa, e o pior é que eu fiquei por último junto com Sofia e um garoto... Lucas, o nome dele. Não dava pra desviar de duas bolas ao mesmo tempo, só que o problema foi quando a bola de um dos dois me acertou em cheio no rosto e eu caí de mal jeito pra trás.

Abri meus olhos sentindo uma dor absurda no nariz, percebendo sangue naquela região quando coloquei a mão. Uma multidão se formou em minha volta e comecei a me sentir sufocada. Se tivesse um momento em que menos queria ser o centro das atenções, esse momento era agora. Foi quando senti alguém me levantar e a multidão simplesmente abriu espaço para que me tirassem de lá.

Não tive tempo de raciocinar quem era, mas assim que vi que era Sofia e saquei que apenas estava me levando pra enfermaria junto com um professor, consegui me tranquilizar.

[ ... ]

-- Não foi nada muito grave, eu só preciso que você passe isso no nariz pelos próximos 3 dias e use um gelo por mais uma horinha. -- A enfermeira me entregou uma pomadinha.

-- Prefere ir embora? -- Angêlo, professor de artes, perguntou e neguei.

Então eles sairam e ficou apenas eu e Sofia em um silêncio sufocante.

-- Por que me ajudou? -- Finalmente algo saiu da minha boca.

-- Porque eu quis.

-- Se preocupa comigo?

-- Não viaja. Fui eu que joguei a bola e acho que me sentiria mal se algo acontecesse e eu não te ajudasse por ser orgulhosa.

-- Ah. -- Minha resposta foi algo tão genuíno que quase achei que me senti decepcionada pela garota não estar na minha. -- Obrigada mesmo assim, acho que iria me enfiar em um buraco se não tivesse me puxado pra enfermaria.

-- Eu sei que eu sou incrível, não precisa agradecer. -- Se fez de convecida e soltou um beijinho no ar.

Estávamos mesmo tendo uma conversa sem se xingar? Pera, ela estava mesmo sendo legal comigo?!

-- Por que apertou minha cintura? Sou tão gostosa assim?! -- Agora era a vez dela de perguntar. Droga, ainda não tinha formulado uma resposta pra isso.

-- O quê? -- Me fiz de desentendida, mas a forma com que segurei o riso me entregou totalmente.

-- Eu respondi sua pergunta, agora responde a minha. -- Suspirou cruzando as pernas.

-- Também, mas foi só pra roubar a bola da sua mão. -- Percebi o desastre que havia causado e ela soltou uma risada nasal -- Mas não quer dizer que não te odeio.

-- Digo o mesmo. -- Ela sorriu e saiu da sala ao ver uma mensagem em seu celular... Pera, ela concordou em que parte?!

Filha da puta, ela sabia me deixar confusa quando queria.

-- Amiga, você tá bem? -- Ciclopin invadia o ambiente -- O que ela tava fazendo aqui?

Assim que eu olhei pra ele, o garoto sorriu.

-- Ai amigo, não começa -- sorri fraco. -- Ela só tava me ajudando porque foi ela quem causou isso aqui. -- Apontei pro meu nariz.

-- Que desgraçada, eu pegava a bola e fazia pior -- Dei de ombros. -- Além disso, sabe o menino do terceiro que tava na final contigo e com a Sofia? O loirinho.

Tive que forçar pouco a memória pra lembrar, consegui alguns fleches de Lucas.

-- O Lucas? Sei, por que?

-- Ele tava todo preocupadinho com você lá na quadra... a Sofia que se cuide.

Dei um soquinho no garoto.

-- Bobo.

Se aquilo fosse mesmo verdade, ele que viesse falar comigo. Lucas era bonito, eu já conversei com ele algumas vezes, tinha um papo engraçado. O único problema é o ciclo social totalmente diferente que tinhamos, a única pessoa que ele andava junto e que eu falava por causa do teatro era Ananda. Se bem que uns beijos não fazia mal.

-- Tá pensando no quê?

-- Se vale a pena.

-- Ai amiga, vale. Se você não quiser diz pra ele que eu quero viu. -- Disse e rimos.

Ciclopin tinha uma alegria tão contagiante que quando sai da enfermaria quase havia esquecido do meu nariz. Mas aí ele doeu e eu me lembrei.

O garoto realmente veio falar comigo depois da aula.

-- Ei, eu sei que não fui eu que te acertei... mas tô me sentindo um pouco culpado, só tinha nós três no jogo.

-- Tá tudo bem, cara. -- Comecei a sair da escola.

-- Você vai fazer o que agora? -- Ele disse interrompendo minha partida.

-- Ir pra casa, provavelmente.

-- Posso te pagar uma casquinha? Pelo menos pra me sentir melhor.

Ele era fofo, e além disso ainda ganharia uma casquinha por quase quebrar o nariz. Me parecia uma boa idéia.

-- Ah, por que não?

Ele sorriu e saímos da escola. A sorveteria não era longe, chegamos rápido e pedi uma de baunilha. Ele pediu uma de chocomenta. Foi um papo gostoso, sempre que um não tinha mais o que falar, o outro puxava um gancho pra outro assunto. Ele era gente boa.

-- Obrigado pela casquinha. E pela companhia -- Sorri.

-- Não há de quê. -- Ele fez uma reverência e retribuiu.

Finalmente pude raciocinar tudo que aconteceu no meu dia de volta pra casa. Nem estava no final ainda, e houve tantos casos que nem soube no que pensar primeiro.

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primeiro ep com 1000 palavras, amo. Não esquece de deixar a estrelinha!!!

até segunda guys, bom final d semana :)

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