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> Doarda's Pov

Que encontro perfeito. Lucas era uma graça, parecia que ele tinha tudo pra ser meu. Enquanto tínhamos mil coisas em comum, sempre tinha alguma curiosidade sobre ambos que era legal de conhecer. Não teve um minuto que ficamos em silêncio. Tiramos fotos, nos beijamos, bebemos bastante. Foi realmente uma noite maravilhosa.

Depois do jantar, ele me deixou em casa.

-- Obrigada. -- Sorri tímida e ele me deu um beijo na bochecha.

-- De nada.

Entrei em casa pensativa e subi as escadas, ainda não tinha arrumado a bagunça de Sofia. O cobertor ainda havia seu cheiro.

Terminei de ajeitar o sofá e lavei o banheiro em torno das meia noite e dez e fui me deitar cansada.

[...]

Não demorou muito pra segunda chegar, demorou foi pra passar. Minha aula foi um completo tédio, até Ana Luiza, mais conhecida como Veneno ou representante do terceiro, passar na minha sala com uma proposta.

-- Como vocês sabem, a escola tem prometido um ensino médio bem diferente daqui para frente. E começando com isso... -- ela deu uma pausa dramática. -- teremos um acampamento no começo dessas férias. Vamos para um camping da escola na cidade vizinha daqui de São Paulo por uma três dias e ficaremos em chalés com algumas coisas inclusas. Os grupos serão formados pelo grêmio estudantil.

Ela passou entregando os bilhetes. Três mil e quatrocentos reais? Vinha o que, uma casa individual inclusa?! Era o preço de uma mensalidade.

-- Você vai? -- Caick me perguntou.

-- Não sei ainda, tenho que ver com a minha mãe.

-- Se eu fosse você ia.

Dei de ombros e guardei o bilhete.

Não deram dez minutos quando foi minha hora de apresentar o trabalho de Geografia. Eu poderia ser até que boa no teatro, mas a matéria e as pessoas ao meu redor sempre me deixavam tão ansiosa quanto uma peça. Eu sinceramente não estava nem um pouco afim de fazer esse negócio. Douglas assentiu pra mim como forma de apoio e me levantei pra começar a falar.

Meu nervosismo só aumentava, e a cada palavra que saía da minha boca parecia cada vez mais embolada. Pude ouvir alguns sussurros do fundo da sala. Podiam não estar falando de mim, mas eu não conseguia deixar de pensar nisso. O eco do sinal pro fim da aula ecoava alto na minha cabeça, e no momento eu só queria chorar.

Saí correndo em direção a sala de música. Quando não queria falar com ninguém eu me enfiava lá durante a hora do almoço todinha, e quase sempre não havia ninguém. O problema é que dessa vez era alguém que eu com certeza não queria ver agora.

Sofia estava tocando bateria.

-- Ei, tá tudo bem?!

Foi o ápice. Por mais que eu tentasse, era quase impossível impedir que minhas lágrimas rolassem. Minha respiração estava presa e a angústia no meu peito implorava para ser solta. Por que aquilo estava acontecendo comigo? Não fazia sentido. Apenas me sentei no canto da sala ignorando totalmente sua existência.

-- Ah, meu deus. Você está tendo uma crise -- Disse como se não fosse óbvio e se levantou, se agachando em minha altura. -- Se acalma, vai ficar tudo bem.

Ela tentava me acalmar com um exercício de respiração e descrevia a sala pra mim para que conseguisse me alertar sobre os arredores. Eventualmente aquilo funcionou, e foi até estranho. Quando sentia tamanho incômodo, aquilo durava muito mais do que durou agora.

Assim que parei de chorar, a garota se certificou de que eu estava bem e se sentou ao meu lado.

-- Quer conversar sobre isso? Um abraço? Aperto de mão? -- Ela ofereceu tais opções e abriu os braços, fazendo com que eu automaticamente caísse neles. Foi inevitável.

Ficamos assim por um tempo até que eu realmente voltasse ao normal. Sentia seu perfume invadir minhas narinas e o calor de seu abraço esquentar todo o meu corpo. Estávamos numa sala de música, mas me sentia no paraíso. Talvez indestrutível, anestesiada, como se pudesse enfrentar qualquer coisa naquele momento.

Saí de seu colo e agora estávamos em uma distância um pouco mais consierável quanto antes. Seus olhos castanhos me fuzilaram enquanto ajeitava sua postura, a tensão entre nós misturada com um toque de atração que era sempre notável. Sei que estava a assombrando, e talvez ela estivesse me assombrando também.

-- Antes que me pergunte, eu só te ajudei porque dormi no seu banheiro e você não me colocou pra fora. -- Respondeu o que eu nem tinha perguntado ainda, e eu sorri, desencontrando nossos olhos.

-- Por favor, não conta isso pra ninguém.

-- Pode deixar. -- Foi engraçado, imaginava que teria que implorar bem mais.

Suas íris castanhas penetraram em mim, mas estavam mais fracas. Elas não tinham aquela confiança e ar de superioridade de sempre, pareciam preocupadas e indefesas, como se quisesse dizer algo.

-- Não vai almoçar?

-- Não tô com fome.

-- É por isso que é um palito. -- Disse, finalmente me fazendo lembrar o que éramos.

-- Você é uma idiota, Sofia. -- Eu rio balançando a cabeça.

-- Se você acha. -- Ela sorriu convencida e saiu.

Novamente era apenas eu e minha companhia, mas aquilo não era tão ruim quanto a alguns minutos.

-- Onde você tava? -- Caick perguntou preocupado quando apareci na cantina durante o fim do almoço.

-- Tive que passar na sala de uma professora pra dar um jeito na maquete do trabalho de história -- Inventei.

-- Ah, ok. -- E não questionou mais.

-- Tá bem, gata? -- Lucas apareceu instantaneamente atrás de mim.

-- Tô! E você? -- Sorri boba.

-- Melhor agora. -- Ele segurou minha cintura, aproximando nossos corpos ao lado da porta do banheiro feminino. -- Quer ir num parque de diversão comigo na sexta?

-- Parque de diversão?

-- Vai ter uma atração engraçada lá, e se quiser podemos passar na boate que tem do lado depois.

-- Ah, por mim pode ser.

-- Beleza então -- Sorriu e começou a se afastar.

Caick deu uma risada maliciosa e dei um fraco soco em seu ombro.

-- Ai aí, esses héteros. -- Marcos brincou.

-- Puta que pariu, o acampamento é na sexta. Eu me esqueci.

-- Ué, ele não recebeu o aviso?

-- Acho que não. -- Vi o garoto brincar com seus amigos.

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Oi bom dia, voltei 🤓

Amanhã sai mais, me desculpem pela demora 😞

⚠️ cap sem revisão, 1025 palavras

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