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Três anos atrás

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Três anos atrás...

-Força, você consegue

-Eu não consigo... AAAH- grito de dor e seguro a mão da minha avó

-VAMOS GAROTA, SÓ MAIS UM POUCO

-Eu vou desmaiar- falo já vendo pontinhos pretos na minha visão

-Você consegue querida, só mais um pouco de força- minha avó Carla fala e eu tento seguir a sua ordem e faço força

Grito alto e logo desmaio, vendo tudo apagar.

Acordo com risadas e um choro longe

-Que bom que acordou querida- minha avó Maria  fala- pensei que não acordaria pra ver o seu pequeno- ela aparece com um neném na minha frente. O meu neném.

-Oi filho- falei com meus olhos cheios de lágrimas

-Qual o nome querida?- Carla perguntou se aproximando

-Joaquim- digo olhando pro pequeno na minha frente- meu pequeno Joaquim.- sorrio

Passei uma semana no hospital, meu neném estava lindo. Sorridente e fofo.

Mas quando eu fecho os olhos eu lembro o que aconteceu pra ele nascer.

Eu estava saindo do meu trabalho, já era sete horas da noite, o horário que eu sempre ia para casa, estava no mesmo ponto de ônibus de sempre, fazendo tudo que eu sempre fiz desde que eu encontrei esse emprego. Mas naquele dia, ah, naquele dia foi diferente.

O ponto estava vazio, continha apenas uma senhora idosa já.

-Boa noite- digo e me sento ao seu lado

-Boa noite minha jovem- ela sorrir simpática.

Foi cerca de trinta minutos para ela pegar o ônibus dela, mas como eu sabia que meu ônibus sempre passava no mesmo horário, então ele passaria logo depois do dela.

Achou eu, claro, mas não foi isso que aconteceu.

Eles saíram de algum lugar, eu não me lembro, eu não os vi chegar, não vi se aproximar, só vi quando eu estava sendo levada para a mata que tinha por ali. E foi aí que tudo aconteceu.

Eu, uma garota periférica, estudava de manhã, trabalhava a tarde e no começo da noite, saia sete horas da noite do trabalho, para chegar oito em casa, e eu, fui escolhida para ser estuprada, espancada por três homens que eu nunca vi na minha vida.

Eles me arrastaram para aquela mata, me jogaram no chão, rasgaram minha roupa, me bateram quando eu resistia, me mordiam como punição, me esmurravam quando eu chorava, batiam minha cabeça quando eu gritava por socorro. Mas do que adiantou, ninguém foi me salvar, porque depois que eu acordei naquela mata sozinha, dolorida, ensangüentada, espancada e estuprada. Eu tive que me levantar, eu tive que pegar a calça e a blusa do meu colégio para me vestir enquanto eu sentia dor, pegar os meus pertences que estavam em todo canto daquela mata, sair de lá ferida, traumatizada.

E quando, eu consegui, pela glória de Deus, pegar meu celular intacto, já se passagem das três da manhã, ônibus não passava, carros em alta velocidade, e eu estava sozinha.

Olhei e vi várias mensagens e ligações das minhas avós, me encolhi em um canto, e por mais que eu, quisesse chorar, gritar e espernear, eu descobrir com aqueles homens duas coisas, não me ajudaria e só chamaria a atenção desnecessária, eu não precisava de outro estupro, outro trauma, outra dor.

Peguei meu celular, com meus dedos feridos e liguei de volta para elas.

-Oi vovó, eu tô bem, eu acho- rir sem ânimo- eu tô em frente ao ponto de ônibus que eu pego para sair do trabalho, tem como vim me buscar, eu tô com medo de ir sozinha.

Naquele dia, elas foram me buscar, me encontraram encolhida e olhando pro nada, elas dizem que eu estava em um estado de da pena, bom, não duvido que estava, elas me levaram para o hospital. Eles cuidaram de mim, dos meus ferimentos. E fizeram exames, não peguei nenhuma doença sexualmente transmissível. Naquele momento, eles falaram que eu só estava com alguns ferimentos.

Três meses depois descobrir que um deles tinha me engravidado, eu estava grávida de um dos meus estupradores, foi apavorante, fui na minha médica, ela disse por ser um caso grave de estupro, eu poderia abortar, mas não quis, eu quis ter meu bebê, meu filho, que agora estava nos meus braços.

Mas acham que minha desgraça acabou por aí?
Não, não acabou, no mesmo dia que eu estava saindo com meu filho do hospital eu encontrei os três causadores de tudo isso, e o possível pai do meu filho, na frente da maternidade, eu, com meu neném na mão. Aquele dia foi o pior dia da minha vida.

Eles tinham uma arma na mão, um alvo, e eu juro que fiz de tudo pra nenhuma das balas garrarem nele, no meu bebê, no meu filho, no meu Joaquim, mas do que adiantou tanta segurança, tanto amor, tanta superação?

Meu filho morreu nos meus braços com uma bala na cabeça, foi certeiro, não sei qual dos três fez a bala garrar nele. Mas, eles fizeram de tudo comigo, me estupraram, arrancaram a minha alma, me deram traumas inesquecíveis e agora, agora mataram meu filho, porque?

Nunca soube, mas eu sei que eles não conseguiram fugir, a polícia foi atrás deles, o prenderam, cada um pegou 50 anos de prisão, engraçado não.

Meu filho tinha morrido, meu amor, minha vida tinha ido para ruína, minha alma estava despedaçada.

Tentei me matar sete vezes, e nenhuma delas deu certo. As vezes acho que meu anjinho sempre me protegeu lá de cima. Eu entrei em depressão pós parto, como, eu, a garota de dezoito anos, que ficou grávida de um estupro, acabou nessa situação? Nunca soube, chegou um tempo que eu achei que Deus estava me castigando por algo que eu fiz no passado que não lembro.

Mas então, resolvi me reerguer, já que a morte não queria me levar, eu iria passar por cima dela, e viveria, voltei a escola, terminei os estudos, fiz o enem, entrei pedagogia na Bahia e me mudei. Superei toda essa merda por ele, meu neném, que hoje estaria com três anos e sete meses. Ele seria lindo.

Meu Joaquim.

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⏰ Última atualização: 2 days ago ⏰

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Meus Presentes Surpresa- Livro 2 da Série: MorrosOnde histórias criam vida. Descubra agora