O fim da tarde na Noruega tinha um ar místico, quase sobrenatural. As sombras alongadas das montanhas ao redor de Gudvangen dançavam sobre as águas calmas do fiorde, enquanto a névoa se espalhava como um véu delicado sobre o solo.
Natasha parou por um momento no limite das árvores, o chalé à sua frente parecia envolto naquela atmosfera encantadora, sua silhueta discreta mesclada ao ambiente selvagem. Ela suspirou ao ver as luzes quentes bruxuleando no interior, criando uma sensação de acolhimento.
Ela nunca se cansaria dali.
A lua minguante, como um sorriso de prata, refletia sobre o mar que serpenteava pelo fiorde, conferindo um brilho frio e sereno à paisagem. Natasha apertou a alça do cooler em sua mão, satisfeita com o peso reconfortante que ele trazia – o sucesso da sua viagem de reabastecimento.
Era um gesto prático, necessário, mas que, para ela, carregava um sentido mais profundo: a manutenção da vida que havia escolhido, uma vida de autocontrole e disciplina. O sangue que ela havia conseguido garantiria sua sobrevivência por meses, talvez até mais, e a sensação de segurança era uma dádiva nos dias de hoje.
Os degraus cobertos de musgo cederam suavemente sob seus pés enquanto ela subia, o chalé agora tão familiar quanto os próprios contornos de seu corpo. A chave girou na fechadura com facilidade, mas assim que Natasha entrou, ela foi recebida por algo inesperado: o som etéreo de um piano preenchia o ar, suave e melódico, como uma brisa de outono que atravessava as folhas secas.
Ela franziu o cenho, hesitando por um momento. "Piano? Não havia piano quando eu parti".
Deixando o cooler com bolsas de sangue ao lado da porta, Natasha se moveu com precisão silenciosa, os instintos aguçados sentindo a mudança no ambiente. Não era uma ameaça, ela sabia disso. Mas era algo novo, algo não planejado.
Cruzando a entrada para a sala de estar, Natasha finalmente viu a origem da melodia: Steve, sentado diante de um piano que não pertencia àquele chalé, os dedos deslizavam com fluidez sobre as teclas, os olhos fechados, como se estivesse completamente imerso em cada nota que tocava.
Era uma cena tranquila, inesperada, mas que despertava algo profundo dentro dela. O som do piano era melancólico e, ao mesmo tempo, cheio de vida, como se refletisse os anos que ambos haviam passado separados, as memórias fragmentadas que ecoavam entre eles.
Natasha encostou-se na porta, os braços cruzados, observando-o em silêncio por um instante. Seus olhos pousaram em Milo, seu fiel gato preto, que dormia placidamente no sofá ao lado, indiferente à presença de Steve ou à música.
O felino estava estirado, parecendo um pequeno pedaço da escuridão repousando sobre o tecido do sofá, ronronando suavemente enquanto dormia.
— Fico feliz que tenha mantido o Mylo vivo — Natasha quebrou o silêncio, a voz suave mas carregada de humor, um sorriso leve dançando em seus lábios.
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TIES OF SHADOW | ✓
FanfictionLaços de Sombra | SHORTFIC Steve Rogers, outrora um homem à beira da morte, foi salvo de maneira irreversível por Natasha Romanov, uma vampira misteriosa que lhe concedeu uma nova vida - ou uma eterna maldição. Carregando a sombra da eternidade, St...