A noite em Salem pulsava com energia. As ruas estavam abarrotadas de pessoas fantasiadas, dançando e rindo, mal sabendo que muitos daqueles a quem chamavam de monstros eram reais.
A decoração preta, roxa e laranja se estendia por toda a avenida principal, e as luzes piscantes criavam sombras que dançavam nas fachadas das antigas construções coloniais. O cheiro de abóbora assada, canela e fogueiras se misturava ao ar noturno, abafado pelo movimento constante da multidão.
Sobrenaturais andavam entre os humanos, movendo-se com graça silenciosa, os olhos atentos a cada detalhe ao redor. Eles se misturavam facilmente, alguns aproveitando as fantasias elaboradas para esconder seus verdadeiros traços. Vampiros, bruxas e lobisomens, todos ocultando a verdade sob o véu da festividade.
Era um costume na noite de Halloween, um pacto não escrito: os humanos nunca saberiam a verdade. E por mais que sentissem o perigo no ar, atribuíam isso ao clima de excitação e mistério da noite.
Natasha caminhava pela avenida principal com a tranquilidade de quem conhecia bem o território. Seu vestido preto do século XIX contrastava com as roupas modernas ao seu redor, mas, em uma noite como aquela, ninguém olhava duas vezes.
O tecido escuro fluía enquanto ela caminhava, os detalhes vitorianos do traje refletindo a luz fraca das lanternas de abóbora. Os lábios pintados de um vermelho profundo destacavam ainda mais sua pele pálida, e o cabelo ondulado, caindo sobre os ombros como uma cortina de ébano, parecia ser esculpido por mãos habilidosas. Presas pontiagudas se revelavam quando ela sorria, sem precisar escondê-las.
Era o único lugar onde Natasha podia ser inteiramente quem era. Em Salem, ela não precisava se preocupar em esconder a própria natureza. O Halloween permitia essa liberdade, essa fuga da solidão que, por séculos, era sua única companhia.
As risadas, os gritos de diversão e as músicas que vinham de cada canto da cidade eram uma sinfonia que ela aproveitava apenas uma vez ao ano.
Entre a multidão de rostos familiares, algumas bruxas que ela conhecia a cumprimentavam com um aceno discreto. Demônios disfarçados de turistas tiravam fotos ao lado das lojas temáticas, e lobisomens, sob controle de suas feras internas, caminhavam nas sombras, aguardando o momento certo para voltar ao anonimato.
Mas Natasha estava atenta. Como sempre, ela sentia algo diferente no ar. Não era só a excitação habitual de Salem; havia algo mais, algo que estava por vir. E, embora a noite estivesse apenas começando, ela sabia que não estava sozinha.
Natasha empurrou as portas duplas do pub com uma facilidade despreocupada. O lugar estava lotado, mas havia uma diferença notável no ar – não havia humanos ali.
O pub era um santuário, um refúgio para os sobrenaturais de Salem, especialmente no Halloween, onde podiam ser verdadeiramente eles mesmos sem medo de exposição. A ausência da presença humana tornava o ambiente ainda mais vibrante, livre da tensão comum de esconder segredos.
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TIES OF SHADOW | ✓
FanfictionLaços de Sombra | SHORTFIC Steve Rogers, outrora um homem à beira da morte, foi salvo de maneira irreversível por Natasha Romanov, uma vampira misteriosa que lhe concedeu uma nova vida - ou uma eterna maldição. Carregando a sombra da eternidade, St...