02 de novembro de 2010 | Em algum lugar de Gudvangen, Noruega

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A escuridão da floresta parecia mais densa e silenciosa a cada passo, mas Natasha a sentia acolhedora

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A escuridão da floresta parecia mais densa e silenciosa a cada passo, mas Natasha a sentia acolhedora. Os troncos das árvores pareciam sentinelas, observando seu retorno ao mundo com uma curiosidade muda.

Os passos de Steve ao lado dela eram os únicos sons que quebravam o silêncio, um ritmo constante que a ancorava enquanto sua mente lentamente se reajustava ao presente. Ela não tinha certeza de quanto tempo estivera em hibernação, mas o mundo parecia renovado, os sentidos mais afiados, a mente mais leve, como se tivesse deixado para trás uma era de peso.

À medida que caminhava, fragmentos de memórias começavam a retornar, como faíscas em meio à penumbra de sua mente. Pequenos flashes: rostos que uma vez conhecera, lugares distantes em tons desbotados, sombras do passado que não conseguiam mais prender sua atenção como antes.

Natasha sabia que muito do que deixou era, agora, apenas um borrão, algo que não voltaria a perturbar seu presente por um tempo. E havia algo revigorante nisso, como se finalmente estivesse solta, um pouco menos marcada pela eternidade.

Ela lançou um olhar a Steve, e a sombra dele ao luar parecia segura, mas discreta. Ele não a pressionava, não exigia respostas ou explicações. Apenas a conduzia, cada passo mais próximo de um destino que ela não conhecia – algo que trazia uma sensação estranha de aventura que há muito não experimentava.

O desconhecido era um velho amigo que ela quase esqueceu, e agora, com Steve ao seu lado, sentia-se disposta a redescobri-lo.

A cada instante, sentia o frescor de sua própria mente se expandindo, livre do fardo das decisões e perdas passadas. Era como acordar de um sono profundo, mas sem o peso habitual. Seus sentidos, embora aguçados, estavam em paz, como se a floresta e a presença de Steve fossem o único cenário que realmente importava.

A lua cheia acima lançava feixes prateados entre as folhas, iluminando o caminho de forma sutil. Natasha respirava fundo, permitindo que o frescor da noite penetrasse, levando consigo o que restava da amargura acumulada.

De repente, parou, apenas para sentir o ar frio contra o rosto, e percebeu como o silêncio da floresta era completo. Com um sorriso quase imperceptível, ela falou, sem olhar diretamente para Steve, uma confissão que talvez ele já soubesse.

— É estranho... quase como começar de novo.

Steve havia parado um pouco à frente, o sorriso leve, mas os olhos profundos, como se as palavras de Natasha tivessem tocado algo adormecido dentro dele.

— Você realmente parece bem — ele comentou, o tom carregado de uma sinceridade rara.

Natasha inclinou a cabeça, os lábios se curvando em um esboço de desafio.

— Está me dizendo que eu não estava bem antes? — a provocação trouxe um brilho divertido ao seu olhar, mas havia uma ponta de verdade em sua pergunta.

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