29 de Outubro de 1977 | Amsterdam, Polônia

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A chuva caía como agulhas sobre a cidade, acompanhada por um vento cortante que fazia os canais se agitarem em ondas suaves

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A chuva caía como agulhas sobre a cidade, acompanhada por um vento cortante que fazia os canais se agitarem em ondas suaves. Os becos estavam desérticos, e as luzes amareladas dos postes lutavam para atravessar a cortina densa da chuva.

Mas Steve Rogers não notava nada disso.

Molhado até os ossos, ele avançava determinado pelas trilhas escorregadias que o levariam ao lugar onde finalmente encontraria a resposta que vinha procurando desde que Natasha o transformara e o abandonara.

O castelo em ruínas era um esqueleto de pedra e hera, uma construção que a cidade havia esquecido, engolida por flores selvagens e arbustos retorcidos. Os tijolos antigos exalavam um odor úmido e musgoso, e as paredes estavam cobertas por uma camada espessa de plantas que se agarravam como teias de aranha.

Havia algo inquietante na quietude daquele lugar. A chuva martelava as janelas quebradas e gotejava pelas rachaduras no teto, mas dentro da construção, o silêncio era absoluto, como se o tempo tivesse parado.

Steve empurrou a porta de madeira carcomida, que se abriu com um rangido lamentoso. Do lado de dentro, uma penumbra azulada o envolveu. A biblioteca, como prometiam suas pesquisas, era vasta, com estantes derrubadas e livros espalhados pelo chão.

No centro da sala, erguia-se um altar de mármore rachado, coberto por uma camada fina de poeira e musgo. No topo do altar, um grimório antigo repousava no centro de velas deformadas pelo fogo de décadas atrás, suas páginas amarelas esparramadas, esperando por alguém corajoso – ou desesperado – o suficiente para decifrá-las.

Steve parou diante do altar, o peito subindo e descendo em respirações que ele já não precisava mais tomar. A chuva escorria de seus cabelos e molhava o livro antigo, mas ele não se importou. A decisão que pesava sobre ele o tornava cego para qualquer desconforto físico.

Ele queria se libertar.

Desde que Natasha o encontrara à beira da morte e o transformara, algo dentro dele não havia se curado. A conexão entre eles era uma âncora pesada que ele não conseguia soltar.

O desejo por ela crescia como uma chama incessante em seu peito, queimando sua sanidade. Ele a queria, precisava dela de uma forma que o assustava — e cada vez que ela o rejeitava e se afastava, a dor se tornava insuportável.

Mas se Natasha não o queria, ele precisava arrancá-la de dentro de si. De uma vez por todas.

Com os dedos trêmulos, ele virou as páginas envelhecidas do grimório. O cheiro de papel mofado e tinta antiga era quase reconfortante, mas o que ele encontrou escrito nas páginas não foi.

"Em meio à penumbra da noite eterna, quando a lua testemunha o poder que se torna amor, obsessão ou ódio, tome o veneno que une os corações imortais, onde um vampiro transforma um humano em sombra. (...) Para quebrar a conexão de almas, é necessário o coração de um deles ser arrancado, drenando o laço que os une. Somente assim, a força que os atava se dissipará, deixando apenas ecos do que um dia foi."

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