Angústia

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Mila

Assim que chego ao hospital, estaciono o carro e dirijo-me à sala de espera.

Ao adentrar a mesma, , vejo Guto sentado falando com alguém ao celular com o ar preocupado.
Quando me vê, encerra a ligação e desliga o aparelho enquanto se levanta.

- Oi Dona Mila - Sorri fraco.

- Oi Guto. Alguma notícia do meu avô? - Pergunto apreensiva.

- Ainda não - Ele responde.

- Eu vou passar a noite aqui - Digo - Se você quiser, pode ir pra casa.

- Não, Dona Mila - Ele nega com a cabeça - Eu só saio daqui quando tiver certeza que o senhor Edgar está bem.

- Mas você precisa descansar, comer alguma coisa... - Insisto.

- Eu tomei um lanche agora a pouco. Estou bem... - Sorri fraco - Aproveitei e comprei um sanduíche e um suco para a senhora - Indica uma sacola em cima da pequena mesinha de centro próxima à poltrona - Eu imaginei que pudesse estar com fome.

- Obrigada, Guto. Mas eu não quero - Recuso.

- A senhora precisa se alimentar - Guto insiste.

- Obrigada por se preocupar. Mas agora eu não vou conseguir engolir nada... - Digo com os olhos marejados.

Ele se aproxima e pega a minha mão antes de dizer:

- Eu entendo. Eu também estou preocupado com o senhor Edgar. Mas a senhora não deve ter comido nada nas últimas horas.
Se ficar doente,como vai conseguir cuidar do seu avô ? Tenta comer pelo menos um pouco.

Assinto puxando levemente a minha mão e após enxugar uma lágrima solitária, dirijo-me até a poltrona sendo acompanhada pelo assistente e após dar uma mordida no sanduíche, digo:

- Cream cheese com peito de peru... - Me viro para Guto sorrindo - É o meu preferido...

- Eu sei - Ele sorri - O seu avô me contou.

- Ele falava muito de mim? - Pergunto curiosa.

Guto assente e diz:

- Muito. Ele tem o maior orgulho da senhora. E te ama muito...

- E eu também o amo muito, Guto. Ele é tudo pra mim. - Digo com a voz embargada e os olhos marejados - Eu não quero perder o meu avô...

- A senhora não vai perde-lo. - O assistente diz - O Senhor Edgar vai sair dessa cirurgia ainda mais forte do que já é.

Assinto tentando controlar as lágrimas e
convencer a mim mesma de que o meu avô ficará bem, mas as palavras do médico de que ele poderia não voltar vivo dessa cirurgia, não saem da minha cabeça.

Devido à insistência de Guto, termino o meu lanche.
Realmente eu estava com fome,mas com toda essa tensão, eu nem me dei conta disso.

Em silêncio, esperamos por notícias e as horas parecem se arrastar.

Já passa das 21 horas quando o neurocirurgião entra na sala:

- Senhora Camila!

Levanto-me rapidamente:

- Como o meu avô está, doutor? - Pergunto apreensiva.

- Foi uma cirurgia muito complexa - Ele explica sério - Minutos antes da cirurgia, o aneurisma havia se rompido e isso causou uma hemorragia cerebral. Como eu disse anteriormente, as próximas horas serão decisivas. Agora ele está na UTI.

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