CAPITULO 4 - PARTE 2 - JEFFREY

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JEFFREY


Ela volta do banheiro estranha. Observa-me comer com o olhar vago e distante, algo me diz que peguei pesado com ela, que enfiei os pés pelas mãos. "Mas que droga!", xingo-me mentalmente, Rachel tem que entender que tudo na vida tem um preço e que se colocando em risco, fazendo sexo com um estranho no meio de uma boate que não conhece, é uma atitude perigosa demais para alguém inexperiente como ela.

Quando vi seu potencial e resolvi me aventurar na experiência de ajudá-la a se autoconhecer esperava ser o seu primeiro. A ideia de que outro homem chegou antes de mim e a teve como desejo despertou minha ira. Quando vi já havia despejado minha raiva sobre ela, preciso ter mais paciência, quero mostrar as coisas boas da liberdade e do sexo sem amarras, sem pudores, não posso agir instintivamente novamente.

— Rachel querida, está tudo bem? — Ela se assusta quando parece voltar para a realidade.

— Cla...claro, desculpe só estava pensando demais. — Exatamente como imaginei que estivesse, deve estar com medo das minhas atitudes.

— Acho que não gostou da comida, mal tocou nela. Podemos pedir outro prato se não gostou desse. Quer outro? Não há problema, você não é obrigada a gostar das mesmas coisas que eu. — Seus olhos ficam enormes.

— Claro que não, Jeffrey, eu adorei o peixe, tem um sabor maravilhoso, acho que acabei perdendo a fome, não estou me sentindo muito bem. Você se importa se for embora? Podemos continuar nossa conversa em outra oportunidade? — A resposta foi dada, realmente peguei muito pesado com ela.

— O que você está sentindo, Rachel? Quer ir a um hospital? Você voltou do banheiro pálida, foi o que eu disse não foi? Desculpe-me ter pego tão pesado, é que não esperava que algo como o que me contou pudesse acontecer, senti-me impotente com relação à sua segurança. — Tento justificar minha atitude sendo o mais sincero possível com ela.

— Não tem nada a ver com isso, Jeffrey, fique tranquilo.

— Como não, Rachel? Estava tudo bem, até eu e minha boca enorme sairmos atropelando seus desejos e vontades. Eu me dispus a te ajudar a se encontrar e conhecer, sinto-me de certa forma responsável por você. Imagina se algo acontece e eu não consigo evitar? Jamais me perdoaria.

Ela simplesmente ignora minhas palavras e começa a correr os olhos por todo o restaurante, com certeza procura alguém, mas parece não encontrar.

— Você consegue ver uma senhora loira, usando um terninho azul claro? — Ela segue varrendo os olhos por todo o restaurante.

— Não, Rachel, não vejo ninguém com essas características. Por quê? O que houve? — pergunto sem entender.

— Eu não sei como dizer isso.

— Não sabe como dizer o que, Rachel? — pergunto incisivo.

— Essa mulher, uma senhora loira muito bonita, abordou-me no banheiro.'

— Abordou você para quê exatamente? — "Mas que merda é essa", penso.

— Mandou-me ter cuidado com você. — Agora deu, foi a gota d'água.

Levanto da mesa e começo a vasculhar o lugar com os olhos, nenhuma senhora loira com terno azul à vista. Rachel arregala mais ainda os olhos e empalidece. Puxa meu braço com tanta força que senti suas unhas sendo cravadas em minha pele.

— Pelo amor de Deus, Jeffrey, sente-se! — diz assustada. — Eu não quero falar sobre isso, só quero ir embora daqui.

Rachel pega a bolsa e sai em direção à porta tão rápido que quase não consigo alcançá-la.

— Rachel, espere. Você não pode ir embora assim. Vamos conversar. Diga-me o que a tal mulher falou sobre mim? — Até eu me assusto com o tom de desespero em minha voz, o que está acontecendo comigo? — Não tenho segredos, Rachel, não tenho porque ocultar nada de você. Não posso pedir que confie em mim se eu não confiar em você — desabafo quando chegamos à porta do restaurante.

— Jeffrey, me ouça, sei que sou um desafio para você, um jogo interessante e novo que quer jogar. Isso nunca foi segredo ou mistério para mim, mas me escute, não estou pronta para nada além disso, não quero nada além disso. — O manobrista encosta o carro ao nosso lado e lhe entrega as chaves.

— Acontece que não espero nada além do que combinamos, não espero nada além da experiência da descoberta, Rachel. Quero te mostrar meu estilo de vida e as coisas boas dele. — Ela me olha séria.

— Então, meu querido, se você realmente pensa assim, espere-me, eu entro em contato quando achar que estou pronta. — Ela dá um pequeno beijo em minha face e segue para seu carro rapidamente.

— Dê-me um nome Rachel, a mulher no banheiro, ela lhe disse um nome? — pergunto enquanto a observo entrar no carro.

Ela senta e abre levemente o vidro. — Marta, seu nome é Marta.

Eu simplesmente não posso acreditar nisso.

Paixão Impossível (Livro 2 da duologia Paixão) - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora