BETA, BERRÉ, BETHÂNIA, MABEEEEE - Gil berrava todos os apelidos existentes de Bethânia enquanto corria e saltitava com um papelzinho em suas mãos, como uma criança alegre com seu presente de Natal.
Nossa Gilberto, você é um insuportável, meu Deus! - Mabe se levantava de sua cama em um mau humor terrível, o que não era novidade, afinal, ninguém é feliz acordando as 5:30 com estes gritos.
Eu também te amo minha baiana! Chega de baixo astral. Olha só! - Estendeu o papel a Bethânia sentando-se ao lado da mesma.
Nossa, Gilberto, meu dia melhorou muito agora que ganhei um papel todo amassado! Obrigada! - Aparentemente o mau humor nem havia começado ainda.
Oxente, abre! - Gil, apesar de tudo, não conseguir perder a alegria que o contagiava naquela manhã.
Esotérico.. - Abria o papel lendo-o. - Uau.
VIU SÓ! Pra você e gracinha, juntas! - Sorria de uma forma contagiante.
Eu e Gal? Cantando uma música romântica dessas? Não fode Gil. - Fechou a cara novamente. - Impossível cantarmos isso.
Ela amou a ideia, berré. - Sussurrou no ouvido de Bethânia.
Bethânia sorriu meiga mordendo seu lábio inferior. Como pode Gal mexer tanto com seus sentimentos?
Tá, eu e Gal então. - Riu meio tímida.
Falando de mim beta? - Gal aparecia na porta do quarto, com os cabelos soltos e uma roupa confortável, o que deixava Bethânia hipnotizada.
Vou deixá-las a sós, pombinhas! - Gilberto saia rindo, era de fato a pessoa que mais esperava aquele casal acontecer.
Entra, gracinha. - Sorriu. - Gil me mostrou a letra e disse que você topou gravar comigo. Vai ficar lindo. - dizia observando Gal se sentar ao seu lado.
Vai mesmo.. tem haver com nós, não acha? É romântica. - Sorriu doce.
Gal, me ache ou não louca, mas preciso que leia isto. - Havia tomado a coragem necessária para mostrar a Gal que estava apaixonada, entregando a mesma um poema meio bobo que havia escrito pensando nela. - Eu fiz pensando eu você.
Rio de Janeiro, 28 de setembro de 1978
Loucura.
É loucura mas sei que te quero, é loucura por saber que é errado, é loucura por te dedicar oceano, é loucura por ter abandonado minha poesia, a minha calmaria.Não sou mulher de recados, não tenho medo do profano, mas ah, esse teu olhar cigano.. me perco, me engano, me esqueço que amar é uma dor, quase que pavor.
Grito calada, imploro pelo teu nada, sou tua sem aversão, é quase que impossível proferir o meu não. Arrastei-me pelo chão implorando pelo teu perdão, amor, sou digna de tamanha compreensão?
Viajo em teu cheiro, me embolo em teu cabelo, me amarro em tua paz. Tua presença é sossego, tua mentira me decifra. É tudo e causa arrepio, como um vasto e gélido rio.
Libriana incansável, paixão incurável, és luar, mistério, desejo e ternura. Me entrego, hoje, amanhã, e sempre. (Mesmo que seja loucura.)
Mabe.
Bethânia. - Riu fraco. - Achei que eu estivesse sendo louca, mas.. Eu te amo. - Em um momento de coragem, se inclinou e beijou a mulher, o beijo que esperava a tantos e tantos anos.
Eu te amo, Gal fatal. - Riu abraçando a mulher, tentando esconder as lágrimas em seu olhar.
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Oi amigos! Depois de uma crise de criatividade, apareci! Dei uma hiper viajada aqui, mas até que funcionou!
Espero que tenham gostado <3

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entre versos.
FanfictionCarta; "é um texto cuja finalidade é estabelecer um diálogo entre duas partes distintas, podendo ser com um interlocutor próximo ou distante do convívio do autor." Pequenas histórias de Gal Costa e Maria Bethânia, ou, como chamo, as mães da mpb!