Bethânia. - Gal sussurrou quebrando o silêncio que habitava no quarto da mesma, estava aninhada no peito da mulher enquanto recebia um carinho nos cabelos.
Oi, meu bem. - Falou sútil, afinal, se passavam das 02:34 da manhã e o silêncio reinava na residência.
Eu não quero mais ficar assim. - Parou por um momento. - Escondendo até dos nossos amigos. Isso é sufocante, eu quero gritar pro mundo que amo você, que quero viver com você. - Deu seguimento com lágrimas surgindo em seu olhar.
Bethânia suspirou.
Eu sei, também me sinto assim. Mas tenho medo doque possa acontecer, sabe? Estamos enfrentando uma ditadura terrível. - Se afastou um pouco de Gal para olhar em seus olhos. - Se alguém fizesse algo com você, gracinha, eu nunca iria me perdoar. - Passou a mão delicadamente pelo rosto da mulher, deixando algumas lágrimas finalmente escaparem.
Gal por um pequeno tempo perdeu as palavras e os argumentos.
O pior é que eu concordo, mas, tendo você do meu lado, acho que posso aguentar mais um pouco de sigilo. - Rio tentando afastar de seu pensamento o péssimo momento em que viviam.
Sua boba. - Rio abafado. - Vamos dormir, vamos? Amanhã podemos falar pelo menos a Caê e Gil, certo? - Abraçou Gal mantendo o olhar em seus olhos.
Certo, meu bem. - Se permitiu fechar os olhos e esperar que o sono a levasse, mas, como a tempos não ocorria, ficou acordada, e assim permaneceu até decidir escrever algo a Bethânia, para que ela lesse no próximo dia.
Rio de Janeiro, 05 de setembro de 1966.
Minha Beta, Better, Berré; sei que sou uma pessoa difícil de se ler, mas você, como uma grandessíssima leitora, conseguiu fazer tal tarefa com uma maestria que só você tem, e te agradeço por isso, por me deixar despida na alma só com um simples olhar seu.
Você faz com que eu viva meu melhor, que eu ria com sinceridade, que eu me perca no infinito desses teus poemas que pra mim são um enigma lindo.
Quando estou do teu lado, esqueço de todos e de tudo, e assim te confirmo que meu amor por você é laranja, um encontro do grito de paixão da cor vermelha e do sussurro de alegria da cor amarela, uma luz intensa que arde como fogo e me incendeia.
Se você não for o amor da minha vida, direi então que errei de vida, mas não de amor.
A tua, Gal.
Deixou o papel no criado mudo ao lado de Bethânia, deitando novamente aninhada com a mulher que tanto amava, com a certeza de que independentemente de qualquer circunstância política que pudesse existir, estariam juntas.
Boa noite, eu te amo. - Deixou um beijo singelo nos cabelos da mulher e ali encontrou seu lugar no mundo, o abraço de Maria Bethânia.
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Oi migos, não consegui abandonar essa fanfic mds, amo escrever coisas curtinhas mas cheias de significado! Espero que continuem gostando tanto quando eu! Beijos meus de de minhas mães Gal e Beta 🤍
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entre versos.
FanfictionCarta; "é um texto cuja finalidade é estabelecer um diálogo entre duas partes distintas, podendo ser com um interlocutor próximo ou distante do convívio do autor." Pequenas histórias de Gal Costa e Maria Bethânia, ou, como chamo, as mães da mpb!