Gal olhe só os olhinhos dele! - Bethânia se encontrava totalmente encantada por seu sobrinho, Moreno Veloso, fruto do casamento de seu irmão Caetano, com sua amiga, Dedé. - Ele é tão lindo! - Se permitia liberar algumas lágrimas enquanto mantinha a cabeça recostada sobre o ombro de Gal.
Ele é lindo mesmo, meu bem. - Sorria vendo a delicadeza que Beta tinha segurando o bebê. - Da até vontade de ter um. - Estavam juntas a bons 6 anos e nunca haviam tocado no assunto, apesar de ser o maior sonho de Gal.
Dá mesmo. - Olhou pra mulher. - Mas passa rápido demais. - Riu alto, sendo acompanhada por amigos que também estavam na roda.
Que isso berré, imagine só, um serzinho criado por vocês duas, seria incrível! - Gil incentivava a amiga.
Tá tá gente, o assunto é Moreno, não nossos futuros filhos! - Se apressou a devolver o bebê a Caetano, sentando-se novamente ao lado de sua esposa.
Ave Maria Maricota, Moreno tá querendo um primo viu. - Caetano pirraçava a irmã mais nova, arrancando dela uma cara de desconforto.
Oxente vamo parar? Falem de outra coisa, disco, show.. sei lá! - Apoiou a cabeça em seu braço e permitiu-se ficar quieta pelo resto da noite.
Meu amor, vem aqui por favor. - Gal chamava quase que em um sussurro. Deixaram a sala e foram a um quarto do segundo andar, afinal, a casa de Caetano em Salvador era imensa.
Fale meu bem. - Bethânia escorava-se em um móvel ali presente.
O que houve? Você está calada a quase 2 horas, berré você não é assim! - Sentou-se na cama, de frente para mulher. - Foi pelos comentários de Gil e Caê?
Foi. Fiquei pensativa, sabe? - Suspirou pesado. - Eu nunca quis ter filhos, nunca nem me imaginei como mãe, mas aí você vem e sonha com isso entende? - Riu de leve, continuando. - Ai eu fico pensando que seria quase que divino ter uma família com você, que você seria uma mãezona e eu até poderia aprender a cuidar e a criar um bebezinho. - Sorriu novamente, abaixando a cabeça.
Bethânia você me faz ainda mais feliz quando fala essas coisas, sabia? - Sorriu abraçando a mulher. - Se não é o que você quer, tudo bem, sonhos as vezes não acontecem e eu entendo plenamente.
Acontece que o problema maior é que eu tô querendo Gal. Imagina só, alguém que vai ser educado por nós duas, que vai fazer um auê na nossa vida e ao mesmo tempo vai ser uma calmaria.. - Sorria o tempo todo. - Ave Maria Gal Costa, você me fez querer ser mãe! - Gargalhou abraçada a esposa, escondendo seu rosto no pescoço da mesma.
Gal se desvencilhou do abraço da mulher com as mãos na boca, em sinal de total surpresa. Tinha lágrimas nítidas nos olhos e processava tudo que havia escutado.
Você.. Você quer ser mãe? - Tirou as mãos da boca e encarou Bethânia.
Com você eu quero tudo gracinha! - Sorriu largo vendo o estado de choque da esposa.
Gal se permitiu refletir um pouco; Sua esposa estava ali, em sua frente, dizendo com todas as letras que queria ser mãe, que queria realizar o maior sonho da vida de Gal. Em um momento de alegria ( Imensa alegria ) pulou nos braços de Bethânia e sorria como uma criança que ganha presente de Natal.
Vamos pro hotel Dona Maria da Graça? - Riu olhando nos olhos da mulher. - Essa noite foi um turbilhão!
Vamos meu amor! - Ainda lacrimejando, pegou na mão de sua esposa e se despediram dos amigos, indo para o hotel em que estavam hospedadas. (Vieram a Salvador apenas pra conhecer Moreno, mas moravam no rio com a galera!)
Já no hotel, ambas tomaram seus banhos e fizeram suas higienes pessoais. Deitaram-se na cama e cochichavam sobre o assunto de pouco antes, não demorou muito e Gal dormiu leve e feliz.
Oxente, de novo você me tirando o sono Gal Costa! - Beta pensava consigo mesma.
Levou algum tempo pra perceber que não possuía sono algum, então levantou-se pegando um papel e um lápis, na intenção de escrever algo para Gal ler pela manhã; amava fazer poemas despretensiosos para sua esposa, era, de fato, sua maior forma de demonstrar o tamanho de seu amor.
Salvador, 27 de novembro de 1972.
Por você eu largo tudo, minhas caretices, minhas breguices, minhas doidices.
Quero ter uma menina com você, que seja tão feliz e travessa como Gal Costa, que seja tão intensa e apaixonada como Bethânia.
Que nossa menina cresça livre, cheia de vida, cheia de beleza. E que dentro dela, ela carregue a certeza de que o mundo é o uma estranheza, mas que nós seremos a calma, a paciência, o zelo e o aconchego.
Já me vejo cuidando-a, abraçando-a e protegendo-a. Já me vejo amando-a como amo a Gal, o meu amor único e fatal.
Obrigada por me tornar menos careta, menos chata. Obrigada por me apresentar o amor, as rimas perfeitas. Obrigada por ser mãe comigo.
De Beta berré.
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Oi gente! Demorei um tiquinho mas atualizei. Esse cap é inspirado em como elas me adotaram e nós três vivemos felizes pra sempre. Beijocas!
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entre versos.
FanficCarta; "é um texto cuja finalidade é estabelecer um diálogo entre duas partes distintas, podendo ser com um interlocutor próximo ou distante do convívio do autor." Pequenas histórias de Gal Costa e Maria Bethânia, ou, como chamo, as mães da mpb!