VI SEMPRE FOI O TIPO DE GAROTA INDEPENDENTE, dos melhores e piores jeitos. Às vezes o seu temperamento podia a colocar no pior lugar ou na pior situação.
Não que isso seja ruim...
Mentira, é péssimo, principalmente quando ela tinha a jovem idade dos quinze.
Violet tem mãos brutas, são grandes, ásperas desde muito nova, ela se lembra que aos oito percebeu como a mão de Powder parecia tão delicada e a dela não causava esse efeito. O que é irônico, afinal, Vi se tornou a cabeleireira oficial dela e dos irmãos, quem inventou a trança de Powder com os lados repicados foi ela, o desastre torto no cabelo de Mylo também foi ela (e fracamente, ela nunca admitiria, mas realmente ficou uma droga, e Mylo tem direito de estar muito bravo com ela sobre isso, mesmo tendo se passado alguns meses).
De qualquer forma, Zaun não tem cabeleireiros especializados a cada esquina, e mesmo se houvesse, não poderia pagar por isso, Vander tem o bar, mas cuida de pelo menos quatro crianças, o dinheiro é sugado com tanta rapidez quanto do que chegou.
Não é uma surpresa que Vi tenha notado que os fios rosas estavam maiores enquanto tomava banho, caindo sobre sua nuca e grudando na pele de seu pescoço, estavam maiores que o normal. Assim, em dez minutos ela se viu na frente do espelho, o rosto jovem, o que soou estranho, era ela, de quinze anos, mas parecia um reflexo de quem não era. O cabelo escorrido sobre a face, pronto para o corte, uma tesoura nas mãos e a máquina de raspar no balcão (cá entre nós, roubada do armário particular do Vander). Os olhos azuis se concentram no que estão fazendo, a brisa fresca entra pela porta aberta, arrepiando seus braços.
A tesoura fechou, cabelo caiu na pia e nas mãos de Vi, e então o processo de novo, de novo e de novo, ela sempre gostou do cabelo mais curto, mais prático, e levando em conta às vezes que já se viu cortando próprio cabelo, deveria saber o que estava fazendo, mas droga, não sabia mesmo. Quando jogou o resto dos fios rosas no lixo e se encarou no espelho, ela sabia que tinha fudido tudo, isso ficou uma merda torta e meio repicada, metade indo até à altura de seu maxilar, onde gostava, a franja um pouco menor, ela poderia lidar com isso, mas o lado esquerdo definitivamente ficou uma bosta, os fios até a metade da bochecha, tortos e desiguais, quando ela fez isso? Quando conseguiu errar tão feio?
Ela chiou, esticando os fios, como se isso fossem fazê-los ficarem maiores, a escada desigual a faz fechar os olhos, Vander iria rir da cagada e Mylo não iria segurar a língua, a imagem vivida de Claggor ficando vermelho enquanto segura a risada e Powder gargalhando, sua mão bate no rosto, Thalia iria a encarar com seus olhos grandes, brilhantes e sorriria, inflando as bochechas de forma adorável.
❞Droga...❞
Seu sussurro apareceu distante, como uma memória. Os dedos ainda estavam nas pontas dos fios rosas quando ela escutou algo cair fora do banheiro, o seu instinto a fazendo encarar através do espelho, congelando.
Thalia deixou o cesto de roupa suja cair (mesmo que não more aqui, passa tempo o suficiente para ajudar com as tarefas), seus olhos cravados na cagada que Vi fez com si mesma, seus olhos verdes se arregalam de forma leve e suas sobrancelhas se erguem. Vi sente o instinto de fechar a porta, mas não o faz, deixando a mão cair no balcão novamente, limpando a garganta.
❞Cala a boca❞
Curta e grossa, bem no estilo Vi.
❞Eu não falei nada❞
Thalia retrucou, ainda meio perplexa. Vi rosnou baixo, desviando o olhar.
❞Mas queria❞
❞É que isso...❞
Thalia gesticula, contraindo o cenho, passos lentos para dentro do banheiro.
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𝑅𝑖𝑡𝑚𝑜 𝑑𝑎 𝐷𝑜𝑟 ─ᴀʀᴄᴀɴᴇ─
Fanfiction❞Os malditos olhos de Thalia, que marcaram sua alma e seu corpo, e agora, Vi se via viciada como uma droga na imensidão deles❞ ༗ Às vezes, o amor é lindo, como botões de rosas em seu desabrochar, pe...