ᴘʀᴏʟᴏɢᴏ

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VI NÃO SABIA A QUANTO TEMPO ESTAVA REPETINDO OS DIAS, ela parou de contar quando percebeu estar passando dos limites, e fracamente, ela nem ao menos queria saber a quanto tempo estava nessa. Lutar, vencer, bar, comemorar, passar do limite, ressaca, lutar, vencer, bar, comemorar, passar do limite, ressaca, e tudo de novo, de novo e de novo.

O seu apartamento cheira a mofo, e a sua pele a álcool, e ela está tão cansada, tão exausta de simplesmente viver nesse ciclo sem fim, mas no final do caminho, ninguém se importava se Vi tinha forças ou não para fugir dessa maldita rotina, não, ela era apenas mais um rosto manchado de sangue no fosso, ou mais um caído sobre o balcão do bar. Vi tinha se tornado mais uma na maldita multidão de Zaun, sofrendo afundada em suas merdas, e está tudo bem, se não fosse por nada estar bem.

Os gritos ainda ecoam em seus ouvidos, a vibração da multidão, comemorando a maldita vitória, o cara estava fudido no chão de areia da arena, sagrando, acabado, e toda vez que Vi fecha seus olhos, consegue ver a cena dele caindo, de novo, e de novo, enquanto o seu patrocinador vibra a sua frente, dizendo como ela foi ótima, que seja lá o que ela está fazendo, é para continuar, e que estão ganhando muito dinheiro.

Foda-se o dinheiro.

Vi queria sua vida de volta.

Talvez a época dos quinze anos, o seu auge, onde Powder ainda era sua irmã, sorrindo de forma fofa e apresentando seus novos projetos, um suspiro escapa de seus lábios, ela se amaldiçoado por nunca ter prestado tanto atenção, a época onde todos a admiravam e aviam como uma forte líder, um exemplo a se seguir, que se quisessem, podiam se esconder em suas sombras e deixa-la lidar com a merda, e porra, eles podiam, sim, eles podiam, por que ela dava conta, por um momento sentiu saudades das piadas irritantes do Mylo, as risadas altas de Claggor e os olhos brilhantes de Thalia.

Thalia...

Elas nunca foram próximas, quer dizer, andavam juntas no mesmo bando, Ekko havia apresentado ela, e Mylo já tinha esbarrado com o seu traseiro antes, como ele costumava falar, eventualmente começou a fazer saques com todos, nunca próxima o suficiente para Vi se importar com sua história de vida, mas perto o bastante para se acostumar com sua presença. Nunca amigas, mas Vi gostava de ver como Thalia brincava com Powder quando estava desanimada por algum projeto que deu errado, ou quando estavam em uma situação arriscada, e todos estavam a sua volta, esperando que ela resolvesse a situação, que soubesse o que fazer, afinal ela era a líder, mas não fazia ideia da solução, até olhar nos olhos brilhantes e verdes de Thalia, e tudo se tornava fácil, Vi sabia o que fazer.

Os olhos brilhantes de Thalia.

Vi solta uma risada alta, passando os dedos sujos nos olhos, o gelo tintilando enquanto o barmen enche seu corpo novamente, Vi sempre se lembrava desses olhos quando relembrava a infância na prisão, tão marcantes, profundos e doces.

Talvez ela tenha sido a sua primeira espécie de crush.

Vi nunca pensou muito sobre isso, e nem queria.

Não quando não conseguia se decidir se sentia falta dessa época, ou de Caitlyn, maldita mulher de cabelos escuros como o céu estrelado, os olhos azul-turquesa, igual uma pedra preciosa.

Maldita seja a hora que ela foi tira-la da prisão.

O álcool desce queimando por sua faringe, a fazendo rugir. Vi não sabe quando começou a se apaixonar pela oficial de Piltover, ou quando se tornou tão dependente do seu relacionamento, não, mentira, ela sabe sim, foi quando perdeu tudo, quando Powder se foi naquele jantar de faz de conta, quando atirou contra o concelho, matando a mãe da Caitlyn. Vi não tinha mais ninguém, e queria apenas se deixar afundar no azul daqueles olhos, no quão bem cheirava o seu cabelo, e o toque suave de suas mãos macias, Vi foi para Piltover, se tornou parte da equipe policial daquele lugar, entregou sua vida para Caitlyn e seus caprichos.

𝑅𝑖𝑡𝑚𝑜 𝑑𝑎 𝐷𝑜𝑟                                                  ─ᴀʀᴄᴀɴᴇ─Onde histórias criam vida. Descubra agora