20. Por Que Liguei Para Ele?

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Lee Minho


Grunhi ao puxar mais uma vez meu corpo para cima na barra fixa em que estava pendurado. O suor escorria pelo meu rosto, pingando no chão, e eu sentia meus músculos arderem a ponto de nublar minha mente. Era exatamente essa sensação que eu estava procurando, a exata sensação que me ajudaria a não pensar naquele dia.

A academia estava vazia por estar fora do horário de funcionamento, preenchida apenas pelo som dos meus grunhidos. Meus pés balançavam levemente no ar antes de eu me impulsionar novamente, buscando uma última gota de força. Não importava o quanto eu me preparasse para as dolorosas quartas-feiras, de nada adiantava; ainda sentia como se meu peito fosse explodir de tristeza e culpa, uma tristeza e uma culpa que eu não deveria sentir.

Os nós dos meus dedos ardiam a cada movimento brusco. A pele, já marcada por pequenas rachaduras e arranhões, se esticava, retardando o processo de cicatrização. Por um momento, uma pontada mais intensa me fez ranger os dentes, e minha mente viajou de volta para o quarto de onde eu havia saído tão apressadamente. Depois que Hyunjin deixou o quarto, fucei na caixinha de primeiros socorros e decidi enfaixar minha mão, como fazia para as lutas.

Por mais que a tristeza em meu coração fosse maior que a dor física, não podia correr o risco de ficar de fora das lutas. Minha situação financeira nada tinha a ver com meu emocional naquele momento; ainda precisava do dinheiro sujo. Sentir a adrenalina durante os combates, o impacto dos golpes, era a única coisa que me fazia sentir algo além da constante sensação de desamparo.

Meus braços tremeram, e eu me soltei da barra, aterrissando contra o colchonete com um baque surdo. Cai em pé, mas cambaleei, desabando para trás, e acabei deitado de costas, encarando o teto de gesso irregular. As luzes fluorescentes piscavam ligeiramente, agravando a náusea que já se formava no meu estômago. Tentei acalmar minha respiração, mas o esforço físico havia se somado à minha ansiedade, tornando-a cada vez mais difícil.

Fechei os olhos, esperando que a sensação passasse assim que meu corpo esfriasse. Porém, à medida que os segundos se passavam, minha respiração ficava mais difícil, como se houvesse um peso esmagador em meu peito.

Apertei os lábios em uma linha fina, sabendo que, se continuasse a puxar o ar pela boca de forma eufórica, o oxigênio me escaparia, causando uma crise ainda maior.

A bile subiu à minha boca, e eu a forcei a descer pela garganta, deixando um rastro amargo e ácido na minha língua. Abri os olhos, vendo o teto ficar desfocado, e meu corpo começou a tremer involuntariamente.

Já fazia um bom tempo que eu não tinha uma crise forte, e não achei que passaria por uma em meio aos exercícios que sempre me desviavam do foco do que me causava ansiedade.

O pensamento de que eu poderia morrer a qualquer segundo começou a correr em minha mente, cada vez mais rápido.

Apertei as mãos em punhos, as articulações brancas de tensão, antes de me esticar para alcançar meu celular que estava jogado ao lado. Cliquei no único número salvo na minha lista de emergências, e a espera parecia interminável. Tocou algumas vezes até cair direto na caixa postal, fazendo com que o aperto em meu peito e a tensão em meus músculos aumentassem.

"Eu preciso de ajuda, eu preciso de ajuda, eu preciso de ajuda", era o que se repetia em minha mente sem parar, como um mantra de desespero.

Changbin era a única pessoa que tinha conhecimento do meu passado, então era a única pessoa em quem eu pensava durante uma crise. Era a única pessoa de quem eu tinha certeza que não me questionaria sobre os meus motivos ou tentaria me acalmar com palavras vazias.

Before We Love | HyunHo | EnemiesToLoversOnde histórias criam vida. Descubra agora