Quando se trabalha em uma empresa de baixa estrutura, é difícil se manter com o pequeno salário que recebe. Meu sonho sempre foi trabalhar para mim mesma e até já tive algumas tentativas falhas, me afundei em contas, vivendo de comer coisas baratas e enlatados porque minha prioridade era pagar o aluguel do meu apartamento e as despesas como água e energia. Quando ouvi falar que trabalhar em clube de striper rendia um bom dinheiro extra dependendo do público e do desempenho da dançarina, eu resolvi tentar e um dos pontos que me ajudou a conseguir o emprego segundo a moça que me avaliou é que eu tinha um corpo sexy e bonito, me sairia bem com os homens no clube durante as noites.
Amber: Bem vinda ao clube, Caterina, tenho certeza que vai se sair muito bem por aqui!
── Obrigada, Amber, eu espero que sim!
Todas as noites depois de encerrar meu horário, me perguntava como conseguia trabalhar no clube, eu era completamente diferente de todas as garotas dela, ainda era virgem e elas todas se ofereciam aos homens em troca de mais dinheiro e eu sabia bem o que acontecia depois disso nos quartos privados do clube. Sempre fazia um aquecimento antes de qualquer noitada de trabalho, quando subi no palco e comecei a dançar na barra apenas pra ensaiar, fiz um movimento errado e acabei caindo de mal jeito dando uma leve torção no tornozelo e bati a cabeça. Um dos seguranças que agora era conhecido meu, me ajudou a ir para o vestiário e insistiu para que eu fosse para o hospital, poderia ter batido a cabeça muito forte e tinham que examinar essa torção no tornozelo. De início eu não quis de maneira nenhuma, mas acabei cedendo por ver o mundo girar de um lado para o outro quando tentei levantar pra ir ao banheiro e acabei vomitando pela náusea, ele me deu uma carona até o hospital, eu fiz a minha ficha e fiquei em um dos leitos sentada na cama aguardando até que um médico ou enfermeira viesse até mim, meu pé estava latejando de dor e isso era um incômodo.
Enfermeira: Logo mais o médico de plantão virá atendê-la, seja paciente, há muito o que fazer por aqui hoje e o seu não é necessariamente uma emergência.
── Tudo bem, não tenho nada pra fazer mesmo! - Ditei calmamente quando na verdade minha vontade era socar a cara dela por tamanha arrogância em seu tom de voz, me ajeitei na cama encostando no travesseiro e fiquei olhando pro jarro de flores que havia naquela mesinha do lado da cama, eram flores lindas.
Me dispersei dos meus pensamentos quando uma voz masculina se fez presente no quarto e eu tive que segurar o queixo pra não cair quando vi aquela visão diante de mim, tão alto, cabelos escuros e por Deus, ficava tão sexy de jaleco que eu acho que poderia me machucar mais vezes, nossa, credo Caterina deixe de ser tão inapropriada com seus próprios pensamentos, talvez tenha realmente batido a cabeça muito forte.
── Caterina Ellen Lambrecht? Sou o medico Augustus McConaughey, irei atender a senhorita. - Informou o mesmo colocando a prancheta sobre a cama. - Poderia me dizer onde esta doendo exatamente?.
── Só o meu tornozelo está doendo! ─ Proferi calmamente e passei a mão na nuca desviando o olhar dele. ─ Acho que só foi uma torção de leve, mas insistiram pra que eu viesse já que na queda eu bati a cabeça! ─ Suspirei pesadamente pensando que eu realmente deveria ter ido pra casa, tomado alguns analgésicos e colocado gelo no meu tornozelo.
── Claro... Como você caiu? Não quero ser invasivo, mas são perguntas rotineiras que você precisa responder. Bateu a cabeça também? Sente algo fora do comum? Náuseas? ─ Ele pegou a lanterna se inclinando sobre mim e eu pude sentir seu hálito de café recém tomado. ─ Siga meu dedo está bem?
── Eu danço em um clube de striper, estava ensaiando e caí da barra, só senti dor de cabeça na hora e fiquei um pouco tonta, vomitei, mas nada mais agora! ─ Falei seguindo seu dedo enquanto ele mantinha a lanterna ligada nos meus olhos, um de cada vez. Quando ele terminou, evitei de olhar pra ele, se ele fosse do tipo que faz julgamentos, preferia que fosse sem olha-lo nos olhos.
── Senhorita Caterina, por favor não se acanhe, eu não vou te julgar pelo que faz, infelizmente devido ao desemprego sem que tenha um bom ensino no currículo nos leva a fazer coisas que jamais imaginamos fazer, seu trabalho não deve falar oque você é, seu trabalho é sua renda, não se envergonhe disso, posso ser medico a noite e de dia um borracheiro. ─ Ele disse tão calmamente enquanto anotava na prancheta e antes de tocar no meu pé me pediu permissão, assenti e ele começou a examinar o meu tornozelo.
── Desculpa doutor, mas o senhor definitivamente não tem mãos de borracheiro, suas mãos são leves e macias! ─ Dei risada e arranquei dele uma gargalhada muito sincera também, ele me olhou com um sorriso e acho que era o sorriso mais lindo que eu já vi.
── Caterina, eu sou muito novo pra ser chamado de senhor, isso me magoa, me chame de Augustus, melhor assim. Segundo, eu nem sou médico geral, então quando a enfermeira voltar, vai ficar confusa do porque eu estou aqui, sou cardiologia! ─ Ele deu risada novamente e eu ri junto com ele pondo a mão na barriga.
── Se vai ficar melhor pra ela, eu posso pegar sua caneta e desenhar um coração no meu pé, que tal? ─ Falei rindo ainda e ele colocou a mão no peito gargalhando.
── Essa idéia é perfeita, você é genial, quando ela voltar você diz que seu coração foi parar no pé depois que machucou! ─ Ele sorriu pra mim e eu retribuí. ─ Eu vou pedir um raio-x pra ver se realmente foi só uma torção, prometo que não dói e vai ganhar um pirulito no final se não chorar!
── Bom, já que está me prometendo que não vai doer e que vou ganhar um pirulito, eu acho que consigo não chorar! ─ Antes dele responder, a enfermeira abriu a porta olhando pra nós dois e franziu o cenho.
Enfermeira: Doutor McConaughey? O que o senhor está fazendo aqui? Chamei o médico geral de plantão!
── Acho que vim parar aqui por acaso, mas não tem nenhum problema, a senhorita está bem, só precisa de um raio-x, caso não tenha uma fratura mais grave, pode dar alta a ela, já assinei os papéis na prancheta! ─ Ela nem questionou, apenas pegou a cadeira de rodas e eu sentei nela pra ser levada pra sala de raio-x, dei um último sorriso ao Augustus e ele sorriu pra mim antes de eu saí de seu campo de visão sendo levada pra uma sala pequena no final do corredor. Demorou menos do que eu esperava e quando retornei ao quarto, esperava que outro médico viesse, mas foi ele quem veio.
── Vejo que não tem nada sério pra ser tratado, foi realmente só um torção, irá sarar com repouso, gelo, analgésicos e massagem... Não chorou não é?
── Não, fui corajosa, vou ganhar meu pirulito agora? ─ Falei sorrindo e ele tirou um pirulito do bolso colocando no bolso lateral da minha bolsa dando um sorriso ao olhar pra mim.
── Boa noite, Caterina!
── Boa noite, Augustus! ─ O mesmo saiu do quarto dando uma breve olhada para trás e eu sorri acenando um tchau. Parecia ter sido um daqueles momentos em que a gente conhece uma pessoa muito legal e nunca mais a veríamos de novo, como quando alguém muito gentil senta do nosso lado no ônibus e puxa conversa, depois desce e nunca mais ela aparece no mesmo ônibus, no mesmo horário que você.
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A Noite Que Nos Conhecemos!
RomantizmEm busca de um novo caminho para seguir! Caterina é uma jovem de vinte e cinco anos que enfrenta uma vida complicada na cidade grande a alguns anos depois que fugiu de casa onde sofria constantemente com agressões e abusos de seu pai e agora tenta s...