falling slowly

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A noite estava silenciosa na casa de Yeji. As sombras se alongavam pelos corredores enquanto a cidade, vista de sua janela, parecia distante e imperturbável. Aquela casa, cheia de regras e expectativas, nunca foi um lugar onde Yeji se sentiu realmente à vontade. Sempre pressionada a manter as aparências e a seguir o que seus pais achavam ser o melhor para ela, a liberdade parecia uma promessa distante.

Mas naquela noite, algo dentro dela estava diferente. Havia uma inquietação crescente, um desejo de escapar — nem que fosse por algumas horas — das obrigações e da imagem impecável que ela tentava sustentar. A ideia de sair sem ser notada, de se permitir uma fuga, era algo novo e, de certa forma, excitante.

Ela sabia que seus pais não aprovariam, mas aquela era uma chance que ela não queria deixar passar. Respiração controlada, ela levantou-se da cama, os pés descalços tocando o chão frio com um leve suspiro e os tênis em suas mãos. Deslizou silenciosamente pelos corredores da casa, evitando fazer qualquer ruído que pudesse alertá-los. A luz da sala estava apagada, e a escuridão ao redor a envolvia como um manto de anonimato.

Passando pela cozinha, ela chegou à porta dos fundos, que abriu com o mínimo de esforço. O som do trinco não foi mais que um sussurro e assim, conseguiu sair pela saída de emergência e pelo elevador de serviço. Do lado de fora, a rua estava calma. Poucos carros passavam, e as luzes da rua se refletiam nas janelas próximas, iluminando de forma tênue a rua deserta.

Yeji sentiu uma mistura de adrenalina e ansiedade. Não era uma adolescente comum, com sua vida cheia de encontros e atividades, mas ali, àquela hora, sentia-se quase normal. Como qualquer outra pessoa que, de repente, quisesse ser espontânea, longe das obrigações.

Ela pegou seu celular, com os dedos trêmulos, e abriu o aplicativo de transporte. O som das teclas tocando a tela parecia mais alto do que realmente era, e ela se pegou tentando acelerar seus movimentos. Em poucos minutos, o carro foi solicitado, e a sensação de estar fugindo, ainda que por algumas horas, foi suficiente para fazer seu coração bater mais rápido.

"Isso é só por hoje", ela pensou, tentando se convencer de que aquela escapada não era um ato de rebeldia, mas um pequeno respiro que ela tanto precisava. Ela guardou o celular e, com um último olhar para a casa, caminhou até a rua para esperar o carro que a levaria para o bar.

Não demorou para que o carro chegasse. Ela entrou no veículo, um sedã antigo e bem conservado, e sorriu ao notar o motorista, um senhor simpático de meia-idade que retribuiu o gesto com um aceno silencioso. Agradeceu mentalmente pelo fato de ele não puxar conversa — sua mente estava acelerada demais para dialogar. Sentia uma ansiedade que fazia seus dedos baterem levemente no joelho, enquanto olhava a cidade passando rápida pelas janelas.

À medida que o carro se aproximava das áreas mais afastadas do centro, com ruas menos movimentadas e luminárias de luz amarelada, ela notava a mudança gradual na paisagem urbana. Os prédios modernos foram dando lugar a construções antigas, com letreiros de neon desgastados e grafites nas paredes. Não se surpreendia; sabia que Ryujin e as meninas tocavam em lugares assim — um ambiente que parecia refletir a intensidade e a rebeldia da banda.

Finalmente, o carro parou em frente a um bar de rock. O local parecia ter vida própria, pulsando ao som de música alta que escapava pelas portas, e estava cercado de pessoas que conversavam em grupos, com risadas e vozes ecoando na noite. A maioria vestia couro, jaquetas pesadas e acessórios de metal. Ela se sentiu aliviada ao notar que sua própria roupa combinava com o ambiente, o que a fez relaxar um pouco, menos deslocada do que imaginava.

Respirando fundo, pegou o telefone e ligou para Ryujin, mas a ligação foi imediatamente encerrada. Antes que tivesse tempo de questionar, viu a figura inconfundível da morena surgindo do bar, os olhos afiados varrendo a multidão até encontrá-la. Ao vê-la, Ryujin esboçou um sorriso discreto e caminhou em sua direção, como se nada ao redor importasse.

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⏰ Última atualização: 12 hours ago ⏰

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