O ginásio estava em silêncio enquanto o último ponto era disputado com cada jogadora dando o máximo. Brasil contra EUA. E ali, em lados opostos da rede, estavam S/n e Andrea Drews, a americana com quem S/n compartilhava muito mais do que apenas uma rivalidade em quadra. O olhar determinado de Andrea e a postura dela, sempre impecável e intensa, eram apenas parte do que fazia o coração de S/n acelerar. Mas naquele momento, elas eram apenas adversárias, cada uma lutando para levar seu país à vitória.
O ponto decisivo veio de um ataque perfeito de S/n, atravessando o bloqueio americano e cravando a bola na linha final. Com isso, o Brasil fechou a partida, levando a vitória. O ginásio explodiu em aplausos, a equipe brasileira se abraçando e comemorando, e S/n olhou para o outro lado da quadra, em busca de Andrea, esperando que, mesmo com a derrota, pudesse ao menos dar um sorriso, uma palavra de conforto para a americana
Mas Andrea estava de cabeça baixa, os punhos cerrados, o corpo ainda emanando frustração. Ela mal olhou para S/n, movendo-se diretamente para o banco americano, onde pegou sua garrafa de água e tomou um longo gole, o olhar perdido. S/n sentiu um aperto no peito ao perceber que Andrea estava profundamente chateada. Ela conhecia aquele olhar – um misto de decepção e frustração, como se Andrea estivesse refazendo mentalmente cada jogada, cada erro.
S/n se aproximou com cautela, querendo confortá-la, mas sem querer piorar o que sabia que já era um momento difícil.
-Ei, Andy- começou ela, num tom baixo e reconfortante.- Foi um jogo incrível. Vocês jogaram muito bem, sério.
Andrea ergueu o olhar, mas o que S/n viu em seus olhos era inesperado – em vez de gratidão, havia frustração e um brilho de raiva.
-Incrível?- Drews repetiu, quase debochando- A gente perdeu, S/n. E você acha que jogamos bem?
S/n sentiu a tensão no ar, mas tentou manter a calma.
- Andy, só estou tentando apoiar você. Foi um jogo duro, e vocês lutaram até o fim...
Mas Andrea balançou a cabeça, interrompendo-a.
- sabe, parece fácil dizer isso quando você está do lado vencedor. Você conseguiu o que queria, não é?- Ela desviou o olhar, os braços cruzados, visivelmente descontente- "Parece que você só veio aqui pra esfregar isso na minha cara. S/n ficou chocada com o tom dela, sentindo uma onda de mágoa e irritação começar a crescer.
- Esfregar na sua cara? Andrea, eu vim aqui porque me importo com você. Não é só um jogo pra mim. eu achei que você sabia disso
Andrea riu, mas era uma risada amarga
- Ah, claro, você se importa. Mas na hora de comemorar lá com o seu time, você nem pensou em como eu me sentiria, não é?
A frustração de S/n também estava crescendo, e ela respirou fundo, tentando manter a paciência
-Andrea, isso não é justo. Eu sempre apoiei você, mesmo quando estamos em lados opostos. Você sabe disso!
-Sei? Parece que você sempre se sai melhor nessas situações, então talvez seja fácil pra você falar,- respondeu Andrea, a voz firme, como se estivesse segurando algo que há tempos queria dizer.
S/n não conseguiu mais conter o próprio ressentimento
-Eu sempre estive ao seu lado, e é assim que você me trata? Eu pensei que você me entendesse, Andrea. Eu pensei que, acima de tudo, confiávamos uma na outra.
Andrea desviou o olhar, e o silêncio que se seguiu foi pesado. Finalmente, ela soltou um suspiro, ainda com a expressão fechada.
- Talvez seja melhor você voltar para o seu time, S/n. Parece que eles precisam mais de você do que eu