II

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Em algum lugar quente

John tinha acabado de ser examinado de novo e cochilava. Sentei ao lado dele, brincando com o Topolino. Quando John acordou e se espreguiçou, puxei minha cadeira para a lateral da cama e apoiei os cotovelos nela. "Estou me sentindo bem menos agitado." Eu buscava aprovação. "Ei, o que é isso?" Bati o Topolino em sua direção. "Um rinoceronte em disparada."

"Grande palhaço."

"E isso?" Topolino bateu as mãos. "Alegria. E isto aqui?" Ele bateu uma mão só. "Masturbação." John sorriu.

Sam enfiou a cabeça pela porta. "Boas notícias. Seu exame estava limpo. Sem úlceras nem inflamação. Podemos dizer que seu câncer está em remissão." Sam parecia bem satisfeito consigo mesmo. "Esse novo tratamento está trazendo bons resultados. Agora precisamos nos concentrar em tratar seu pulmão." Ele saiu.

"Uhul!" eu gritei. John pareceu surpreso, com os olhos úmidos. Percebi o quanto ele tinha estado com medo.

No início da tarde, eu tinha adormecido na cadeira ao lado de John. Acordei quando Bob chegou e se inclinou para beijá-lo. 

"Boas notícias, pai." Bob puxou seu aparelho auditivo do bolso e o encaixou no ouvido. "Tivemos boas notícias. O câncer está resolvido."

Bob sorriu. "Você batalhou por isso, filho."

"Olha, Bob, sente-se aqui." Eu me sentei na cama.

Bob tirou um envelope branco. "Estava lendo seu testamento hoje de manhã –"

"De onde você tirou isso?" John perguntou, surpreso.

"Estava na gaveta da sua escrivaninha." Bob estava hospedado no nosso apartamento enquanto estávamos no hospital. John revirou os olhos para mim. "Tenho algumas preocupações," Bob continuou. "Por que tudo vai para o Tim?"

John ficou chocado. "Quero garantir que ele fique bem, caso eu morra."

"E você, Tim? O seu testamento está parecido?" Eu disse que sim. "E se John não sobreviver a você?"

"Vai para minha família."

"Então, se John morre, você herda tudo dele. E se um mês depois você morrer? Tudo vai para a sua família? Acho que isso não é justo. Eu gostaria de metade. Eu paguei pela educação do John, acho que mereço." Ele tirou uma lista. "Agora, quem é o dono da televisão e do vídeo?" John suspirou. Eram dele. Bob marcou a lista. "E o estéreo?" A lista era minuciosa, quase chegava ao pote de Vegemite. Imaginei se ele voltaria ao apartamento para colar adesivos amarelos em tudo.

"E o carro? Você não quer, quer, Tim? Com todas as coisas no seu cérebro e o problema nos olhos?"

"Isso está melhorando, Bob." Suspirei. "Mas não vou brigar com você por isso. Pode ficar com o carro."

Bob desceu para almoçar. "Será que ele encontrou nossos vídeos de garotos?" eu disse, e John riu, envergonhado. "Quem é o dono de 'Dotado Como um Cavalo'? Essa coisa toda é um pouco ofensiva."

"É só o meu pai."

Tony entrou. "Receberam boas notícias? Felizes? Agora, sobre o pulmão. Temos algumas opções. Podemos continuar com a pleurodese até que funcione."

"Quantas vezes dá para fazer isso?"

"Praticamente para sempre, se você aguentar a dor. Ou podemos não fazer nada, esperar o inevitável e deixá-lo o mais confortável possível. Ou podemos operar, abrir você e costurar os buracos. Você vai acabar com uma capacidade pulmonar reduzida, e há uma chance de que não sobreviva." John parecia preocupado. "Vou pedir ao anestesista para avaliá-lo. Eles não gostam de operar pessoas com doenças crônicas subjacentes."

Segure-o (Holding The Man) +18Onde histórias criam vida. Descubra agora