discussao

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Não se considerava ciumenta em relacionamentos, mas se incomodava quando a deixavam de lado.
Não se considerava manipulada em relacionamentos, mas as vezes mudava por alguns.
Até perceber que não mudamos por uma pessoa, melhoramos por ela, Eduarda e  brigaram diversas vezes em seu namoro. Mas com Julia. Com Julia era tudo diferente. Nem ao menos discutiram, a não ser aquela vez na rede, nem ao menos brigaram, nem ao menos ficaram um dia sem se falar, nem ao menos nunca deixaram de fazer o máximo para manter oque tinham.

- ei, tô te achando meio distante tá tudo bem? Sabe que pode me contar tudo, né!?

Julia pergunta a sua amada. As duas estavam no banco de trás do uber, já que ambas beberam, dirigir não era o recomendado. A mais nova, carioca, tinha a cabeça deitada no ombro da central, que a forçou a levantar o rosto para olhar diretamente nos olhos azuis.

-eu...

Após alguns longos segundos somente para iniciar a frase, é cortada pelo motorista de aplicativo avisando que chegaram no hotel reservado por Duda.

Sem uma palavra, esperando que sua namorada retomasse o rumo da conversa, somente copiou seus movimentos, subiram no elevador com outros hóspedes, entram no corredor com outros hóspedes e finalmente a sós no quarto.

-sabe que se ficar adiando não vai resolver nada.
Diz de maneira séria já irritada, ainda em pé, enquanto a outra mulher já se adiantou e sentou-se na cama retirando os sapatos e a blusa para tomar banho. Ambas irritadas com situações consequentes de ações umas das outras. Julia porque já estava, de maneira ruim, ansiosa, e Eduarda, precionada para contar o que havia acontecido.

Respirou fundo, inspirou o ar lentamente. Era estranho, uma situação estranha, aquela conversa com Letícia também era estranha, era tudo estranho, começou a duvidar de Julia, começou a duvidar de si mesma, começou a duvidar se amava julia, começou a duvidar de tudo.

-preciso pensar, por favor.

E sem esperar uma resposta se levanta bruscamente e vai até o banheiro do quarto, se tranca e poucos segundos depois se ouve o barulho da água caindo no Box.

Se Maria estava confusa, Kudiess estava louca. Não entendeu absolutamente NADA do aconteceu nas últimas 2h. Beleza, saíram pra jantar com as amigas e a namorada, beberam, comeram, riram, dançaram, até que de repente, após uma saída suspeita do banheiro sua namorada fica aérea, evita falar muito, só quando a perguntavam, e cada vez que a olha, estava olhando pra uma mesa distante da que estava, mas Julia não reconhecia ninguém de lá.
Estranho, tudo era estranho. Não saber oque aconteceu faz o ser humano pensar em mil situações que podem ou não ter acontecido. Das piores até as melhores, mas porque sempre escolhemos acreditar nas piores?

Apoiada com os dois cutuvelos na minuscula varanda do pequeno quarto, ainda sem tomar banho, pensando nisso tudo, quase chorando pensando na pior das ideias do que pode ter acontecido naquele banheiro, sente aquele cheiro, que a faz revirar o estômago, a faz sorrir, mas agora a deixou aflita, principalmente com o toque moreno e suave ao redor de sua cintura sem ver, não precisa, sabia que aqueles braços fortes e tatuados pertenciam a única pessoa que dividirá o pequeno cúbico que ali estavam.

-Encontrei a Luísa no banheiro sem querer, tentei passar reto por ela, mas ela me parou, veio com uns papos de que não me superou, não queria ninguém além do que a gente teve, eu logo a cortei, só conseguia pensar em você, comecei a falar que ela precisa de alguém na vida dela que tenha o papel que você tem na minha, eu te amo, Julia. Desculpa, é que realmente eu tava confusa. Foi estranho.

Uma grande dificuldade de Maria Eduarda, e que Julia já tinha reparado, era que a linguagem e comunicação da carioca era incomum, raramente ela olhava nos olhos das pessoas pra falar, principalmente de assuntos sentimentais, já chegou até a pesquisar sobre isso, mesmo assim, como para diversas outras coisas a mineira era esecessão.
Para explicar a situação acima, após logo a primeira frase, a morena tomou coragem e disse todo o resto das lindas palavras de frente para Julia, determinada a expressar através de seus olhos mel, oque sentia para os olhos azuis.

-se você ficou adiando oque queria falar por achar que eu iria surtar de ciúmes ou algo tipo, fica tranquila, você me conhece, eu não sou assim. A gente ia conversa, como está fazendo agora, e se resolver, se você precisar de tempo pra reorganizar sua cabeça, a gente vai conversar e se resolver. Eu sempre quero me resolver com você por que eu te amo.

A mais alta que foi passando a mão que estava no ombro da tatuada até o pescoço, sorri carinhosamente, e sela os lábios ao seu amor.

-que sorte eu tenho de ter você pra mim.

Se juntam novamente, Eduarda pede passagem com a língua, como sempre Julia não recusa.

-eu tô fedendo, ainda não tomei banho...

Diz caminhando a voz, percebendo que quando já estava sem ar, sua namorada desceu o rosto buscando beijos no pescoço.

-sabe que não me importo.

Diz no pé do ouvido da mais branca.
Depois dessa nova "fase" digamos assim, o primeiro problema do casal, se resolveu, ou pelo menos, as duas concordaram em resolver, querendo então  mudar um pouco as coisas a mineira diz:

-mas eu sim.

Se afasta, com ar empoderado, e sem nem olhar pra traz, tendo certeza que havia "vencido" o momento, entra no banheiro, trança, já pensando que a ela poderia vir atrás e toma sou longo banho.

-filha da mãe

Sussurra Eduarda, como se tivesse certeza que se falasse um tom sequer mais alto a mesma poderia ouvir. Sorriu, depois riu e logo enseguida, capotou na cama, não deu nem tempo de esperar Julia para dormirem juntas, o sono bateu, mas estava satisfeita e realizada.

ligadas por umOnde histórias criam vida. Descubra agora