Capítulo XXII

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Pensei ter acordado, mas tudo não passava de um borrão.

Eu podia sentir a água gelada engolir meu corpo enquanto as dores estavam bastante nítidas. Talvez fosse um sonho, um sonho aconchegante com uma lareira acesa e alguém beijando minha mão.

Dorian.

Mas eu não estava consciente o suficiente para saber se aquilo era real ou não.

Quando acordei, minha mente demorou algum tempo para entender que eu estava segura.

Eu estava deitada sobre uma cama quente e macia, as janelas estavam abertas e, mesmo com o vento frio, o cobertor me aquecia.

A primeira coisa que fiz foi olhar meu braço, que agora estava enfaixado. A sensação de brasas quentes sobre minha pele já não existia, mas ainda estava dolorido.

Levei a mão até a cabeça e fiquei aliviada por não ter mais sangue, apenas o incomodo com meu toque. Tentei mover o pé por debaixo das cobertas, mas logo me arrependi daquilo.

– Graças a Deus! – Murmurei fechando os olhos, as palavras arranhando minha garganta seca.

Eu estava bem, só não sabia onde exatamente estava. Abri os olhos para confirmar que era Anders Hall, mas não a ala dos criados.

A porta se abriu me deixando em alerta.

Agnes arfou e correu em direção a cama ao me ver de olhos abertos.

– Graças a Deus! – Ela beijou meu rosto e logo segurou minha mão. Seus olhos estavam marejados. – Meu Deus, Hope!

Sorri para minha amiga. Estava tão feliz quanto ela com aquele encontro.

– Também estou feliz em vê-la. – Murmurei.

Ela me encarou, a expressão mudou.

– Vou mandar trazer comida e água, você precisa comer. – Ela disse, mas não me soltou. – Pensei que uma tragédia havia acontecido, tive tanto medo.

Engoli em seco sabendo que, por pouco, suas palavras não se concretizaram.

Me lembrei de que Agnes, provavelmente, ainda estava de luto.

– Sinto muito.

– Pelo que? – Ela indagou.

– Por seu pai.

Agnes apertou os lábios tentando conter as lágrimas, respirou fundo e assentiu.

– Vou cuidar de você, Hope. Volto em um instante.

Ela beijou minha testa e saiu do quarto praticamente correndo. Em pouco tempo ela retornou com a senhora Taylor ao seu lado, elas carregavam bandejas e uma bacia com água.

Agnes me ajudou a sentar na cama e, em vez de me entregar a bandeja, me ajudou a comer como se eu fosse uma criança.

– Não é necessário, Agnes.

– Claro que é, seu braço está machucado. – Ela disse enquanto segurava a colher. – Você sempre cuidou de mim e me apoiou, é o mínimo que posso fazer.

Apesar da fome, não conseguir comer muito, era como se meu estômago estivesse voltando a se acostumar a ter uma refeição decente.

Com ajuda, levantei para ir ao banheiro. Mesmo feliz por estar limpa, não pude evitar ficar vermelha ao saber que a senhora Taylor tinha ajudado outras criadas a me banhar.

Agnes não me fez perguntas e eu me questionava o que Dorian poderia ter lhe dito. Ela ajudou a trocar a faixa de meu braço e me fez companhia enquanto a tarde começava a se findar.

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