Confissões ao Mar

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Cena - Manhã Seguinte - Escritório 2° Piso

Certa manhã, enquanto o sol entrava pelas janelas amplas do escritório, Iberê bateu de leve na porta, encontrando Mavi concentrado em um documento digital.

Mavi levantou o olhar e sorriu, gesticulando para que ele entrasse.

Mavi: "Bom dia, príncipe. Algum problema?"

Iberê: "Não, só queria falar sobre o casamento. Estou tentando organizar as ideias... e o orçamento."

Mavi fechou o laptop com calma, cruzando os braços enquanto inclinava a cabeça, curioso.

Mavi: "Orçamento? Pensei que você estava cuidando dos detalhes emocionais, e não dos financeiros."

Iberê puxou a cadeira à frente da mesa e sentou-se, mantendo o tom sério.

Iberê: "Mavi, eu não sou rico. Não posso bancar um evento luxuoso. Acho que podemos fazer algo simples. Algo que represente a gente e que seja sincero. Não quero ostentação."

Por um momento, o silêncio reinou no escritório. Mavi, com os dedos cruzados sob o queixo, estudava Iberê como quem avalia uma peça rara. Então, um sorriso surgiu, cheio de autoconfiança.

Mavi: "Você acha mesmo que vou deixar nosso casamento ser algo 'simples'? Esquece isso, Iberê. Eu vou arcar com tudo. O casamento será exatamente como você merece: grandioso e memorável."

Iberê balançou a cabeça, a expressão de preocupação ainda estampada no rosto.

Iberê: "Mavi, eu não quero depender de você pra isso. Não quero que pareça que estou me aproveitando do seu dinheiro."

Mavi se levantou e contornou a mesa, parando ao lado de Iberê e pousando as mãos nos ombros dele, com firmeza.

Mavi (num tom calmo, mas irrefutável): "Você não está se aproveitando de nada. Esse casamento é tão meu quanto seu, e eu quero que seja perfeito. Não se preocupe com dinheiro. Se for algo pra gente lembrar pro resto da vida, deixe isso comigo."

Iberê suspirou, os olhos buscando alguma certeza no rosto de Mavi.

Iberê: "Você tem certeza? Não quero que isso seja um peso pra você."

Mavi (com um sorriso tranquilo): "Confia em mim. Eu quero fazer isso. E não porque posso, mas porque é o que você merece."

Havia uma intensidade no olhar de Mavi que fez Iberê hesitar. Ele queria acreditar que Mavi estava sendo completamente sincero, mas, no fundo, não conseguia afastar a sensação de que Mavi estava sempre jogando com as situações.

Mesmo assim, Iberê assentiu, permitindo-se relaxar um pouco.

Iberê: "Tudo bem. Mas não quero nada que pareça artificial, Mavi. Quero que seja verdadeiro."

Mavi: "E será, príncipe. Eu garanto."

Com isso, Mavi inclinou-se e beijou a testa de Iberê, um gesto inesperadamente carinhoso que fez Iberê sorrir, mesmo com as dúvidas ainda pairando em seu coração.

Enquanto Iberê saía do escritório, Mavi voltou para sua mesa, com os olhos fixos em um ponto distante da sala.

"Eu disse que faria o que fosse necessário, Iberê. E farei. Mas isso será do meu jeito."

Cena - Sala 1° Piso

Iberê desceu as escadas da mansão com passos firmes, mas sua mente estava distante, navegando entre dúvidas e emoções que ainda não conseguia processar. Quando alcançou a sala, parou próximo à janela que dava vista para o jardim e respirou fundo. Aquele lugar, por mais grandioso que fosse, parecia sufocante naquele momento. Ele precisava de ar, de um ombro amigo, alguém que não estivesse diretamente envolvido na teia complicada que havia se formado entre ele e Mavi.

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