capítulo 35

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P.o.v Maraisa

Passei a viagem inteira pra casa assistindo filme e velando o sono de Marília.

O jatinho que essa mulher comprou era coisa realmente de gente rica, você nem lembra que tá voando, tem uma cozinha, banheiro, uma salinha, e esse quarto. Tem um local perto do piloto e copiloto com 4 poltrona reclinável.

Olhei para Marília deitada em meus braços e sorri, esse nariz arrebitado, e esses olhos de quem exala poder.

Marília é aquela pessoa rica, que sabe ser rica, ela não poupa dinheiro para aumentar seus zeros na conta. Ela faz é trabalhar muito para que eles aumentem, seu luxo é bancado por sua inteligência. Por mais que ela tenha ganhado tudo de seu pai, ela não estaria nessa posição se não tivesse se dedicado muito e estudado para estar aqui.

Ela se mexeu nos meus braços e foi abrindo os olhos com preguiça. Ela tinha dormido uns 40 minutos. 

— Oi dorminhoca, estamos quase em Los Angeles.

Ela ficou em silêncio com um bico nos lábios.

— Eu acho que você realmente me dopou.

— Li o envelope do chá e realmente dava sono.

— Só não te odeio porque foi realmente bom dormir. Me sinto melhor.

Ela esfregou o rosto no meu peito.

Uma parte de mim pulava de felicidade por esses dias com Marília, e outra ficava triste, por que daqui a pouco pousamos em Los Angeles, e algo como isso pode nunca mais acontecer.

As palavras de Kyle falando: "Ela está com você só por interesse, para não perder a empresa" Sempre martelava dentro de mim, será que realmente é isso? O que me deixa com o pé atrás, é Marília nunca ter mencionado essa cláusula comigo. E eu não tenho coragem de perguntar a ela sobre.

Se ela tem algum interesse em mim, fora de um casamento para não perder a empresa, ela um dia terá que falar abertamente comigo sobre isso. Não sou eu que devo ir atrás de saber.

Marília segurou minha bochecha com uma mão e apertou me deixando com um bico nos lábios.

— Você está pensativa. Eu odeio quando fica assim, parece que está escondendo alguma coisa.

— Eu não posso pensar?

— Eu não posso ler seus pensamentos, então não!

— Você não pode ficar sem ter poder sobre alguma coisa?

— Eu amo poder senhorita Henrique.

Eu e ela saímos da cama e fomos sentar nas poltronas para o avião pousar.

Quando descemos Marília foi falar algo com o piloto. Notei que ela ainda estava um pouco lesada e frágil.

Coloquei nossas malas no banco de trás do carro dela. Me encostei no carro e fiquei esperando por Marília. Não demorou a eu ver ela andando em minha direção.

Marília mexeu em sua bolsa no ombro e me jogou a chave do carro.

Eu sempre ficava parecendo uma criança quando ela me entregava a chave do carro. Os carros de Sabina é umas máquinas, da prazer em dirigir, parece até que fico mais bonita.

— Você não tem carro Maraisa?

— Não, eu realmente preciso economizar pra comprar um. Tem meses que entrego ao menos metade do meu salário a taxista.

— Por que seus amigos não te esperam?

— Eles saem as 18:00, eu geralmente fico na empresa até 20:00.

— Não gosto que fique naquela esquina sozinha esperando táxi. Comece a sair mais cedo e vá para casa com seus amigos.

— Tem dias que fico por que quero terminar o trabalho antes de ir.

— Não importa Maraisa, termina no outro dia. Ou em casa.

Eu apenas fiquei em silêncio, Marília encostou a cabeça no vidro do carro e ficou assim o caminho todo.

— Tá entregue Senhora Mendonça!

— Vá para casa no meu carro.

— De jeito nenhum. Eu pego um táxi ou vou ligar pra Bruno.

— Tô te dando uma ordem Maraisa!

— Marília pare de querer ter poder sobre tudo!

— Não enche meu saco, tô sem paciência e sem coragem pra discutir com você!

Ela desceu do carro, abriu a porta e pegou a mala.

Eu desci, travei o carro dela e coloquei a chave no meu bolso.

Fui com ela até seu apartamento pra lhe ajudar com as malas.

Quando Marília abriu a porta, apenas deixou as bolsas no canto da sala e se jogou no sofá.

— Você quer que eu fique aqui com você? Eu não quero te deixar sozinha doente.

— Minha mãe tá vindo cuidar de mim senhorita Henrique, não se preocupe. Pode ir pra casa.

— Tem certeza? Eu vou esperar ela chegar.

— Liguei pra ela quando o jatinho pousou.

Eu tirei meu tênis e fiquei só de meia.

— Aqui tem comida? Tô com fome.

— Você parece o Julyer, só vive com fome. Vá lá na cozinha e procure o que comer.

Eu fiz o que ela mandou, abri a geladeira vi que tinha um resto de pizza.

— Marília posso comer essa pizza? – Gritei lá da cozinha.

— Maraisa você quer morrer? Essa pizza é de uns 5 dias, joga isso fora!

Fiz um bico pra pizza, qual tipo de monstro deixa pizza se estragar?

Tinha uma sacola com pães de forma na geladeira, tinha alface, abri o congelador e vi presunto de peito de peru. Tinha uma latinha e eu abri, dentro tinha uma pasta de frango.

— Sabina essa pasta de frango presta?

— Sim, descongele o tanto que você vai comer no microondas.

Consegui tirar um pouco com uma faca, eu tava morrendo de medo de cortar a vasilha também, isso é Tupperware, geralmente as mulheres tem ciúme dessas lata mais que de seus próprios filhos.

Montei um lanche com aquela pasta, o presunto e alface. Coloquei um copo de leite e quase chorei quando percebi que na casa de Marília não tinha mel. Coloquei um pouquinho de Nescau e fui pra sala.

— Por que na sua casa não tem mel?

— Tem mel na parte debaixo do armário.

Eu baixei meus ombros e fiz cara de triste pro leite. Ela começou a ri.

Me sentei na poltrona de frente pra ela e mordi o sanduíche.

Soltei um suspiro quando senti o sabor daquilo, Marília sabe mesmo cozinhar, essa pasta de frango é minha nova comida favorita no mundo.

— Essa pasta de frango tá muito boa!

— Leva o resto pra você.

— É sério? – Eu falei com a boca cheia. Marília me jogou um olhar de desaprovação. — Desculpa!

Fiquei no apartamento de Marília até a mãe dela chegar. Agora era só aguentar o surto de Maiara e Bruno por eu estar no carro de Marília Mendonça.

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Senhora MendonçaOnde histórias criam vida. Descubra agora