capítulo 5

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Pov Marília

Acordei com meu mau humor sendo visto a quilômetros de distância. Até eu tava incomodada com o tanto que estava chata.

Vesti uma calça branca, uma camisa social da mesma cor bem folgada, peguei um sapato de salto também branco, maquiagem para esconder essa cara de ressaca e o cabelo preso em um coque frouxo.

Minha cabeça doía, e eu estava com vontade de matar Josh. Aquele garoto me leva pra uma casa de shows e ainda me escreve em uma batalha de dança, logo com minha secretária.

Acordei um pouco atrasada, quando cheguei na empresa já passava das 07:00.

Cheguei no meu andar e já vi Maraisa sentada a sua mesa organizando os papéis.

Passei por ela sem cumprimento, eu estava muito estressada para isso. Mas não deixei de descer meus olhos por seu corpo.

Hoje a senhorita Henrique vestia uma saia preta, uma blusinha de tecido fino vermelha, e um terninho simples bem alinhado ao corpo, estava com um salto alto, o cabelo solto e com jóias espalhados pelo corpo.

Joguei minha bolsa no sofá, e me sentei em minha cadeira. Eu preciso de café.

Ouvi uma batida na porta e já sabia que era ela. Massageei minhas têmporas, e ordenei que ela entrasse.

- Bom dia senhora Mendonça! - Ela parece ter respirado fundo. - Hoje a senhora tem apenas um almoço com dois acionistas.

Eu massageei novamente minhas têmporas, descansei minha coluna no estofado da cadeira.

- Cancele senhorita Henrique. Não quero resolver nada de negócios hoje.

- Sim senhora! Precisa de alguma coisa?

- Uma cabeça nova seria ótimo!

- Quer um remédio? - Ela parecia amigável.

- Eu não gosto de tomar remédios em casos desnecessários.

- É melhor tomar um analgésico do que ficar com dor de cabeça senhora Mendonça.

Eu acabei me rendendo, o dia tinha apenas iniciado para que eu aguentasse passar tanto tempo com dor de cabeça, eu precisava dormir isso sim.

- Eu aceito senhorita Henrique.

Ela sorriu e saiu da sala, não demorou a ela voltar com um envelope, foi até um gel'agua e me entregou o comprimido e o copo com água.

Tomei apenas um gole de água pro remédio descer, e coloquei o copo sobre a mesa, fiquei encarando ela, enquanto batia meus dedos calmamente na mesa.

- Então você dança senhorita Henrique!

Ela veio até minha mesa e recolheu o copo.

- Eu me faço a mesma pergunta desde que te vi naquela pista.

- Eu dançava na minha adolescência, antes da faculdade, são velhos tempos.

Ela ficou passando o dedo ao redor da borda do copo, parecia receosa em falar comigo.

- Por que parou? Não dava pra conciliar os dois?

- Eu não me permito distrações, estava estudando para comandar essa empresa.

- Marília desculpe, mas...

Eu a cortei.

- Não me recordo de te permitir que me chamasse pelo meu primeiro nome, senhorita Henrique.

Ela abriu levemente a boca, eu sei que fui grosseira, e acabei me arrependendo logo em seguida. Eu odeio meu instinto automático, acabo falando muitas coisas sem pensar.

- Okay, me desculpe por isso senhora Mendonça. Com licença! - Eu senti sua frase carregada de magoa e com uma pontada de deboche.

Eu me levantei rapidamente.

- Maraisa espere...

- Eu não me recordo de te permitir que me chamasse pelo meu primeiro nome senhora Mendonça.

Touché!

Eu me sentei novamente, ela abriu a porta e fechou com uma força desnecessária.

Eu acabei sorrindo com sua fúria, eu amo uma mulher nervosa, e amo mais ainda lhe acalmar.

Eu poderia demiti-la por me desafiar tanto, mas eu gosto daquele nariz arrebitado querendo que eu baixei a guarda para ela.

Senhorita Henrique você é meu desafio, juntamente com essa empresa. Ou os dois me enlouquecem, ou me fortalecem para ser uma mulher ainda mais poderosa.

Eu estava realmente sem cabeça para trabalhar, então resolvi alimentar minha ilusão, pesquisei a ficha de Carla Maraisa Henrique Pereira.

Descobri primeiramente que ela trabalha para meu pai a quase 2 anos, ela deve ser realmente de confiança, conseguiu emprego assim que se formou. Ela tem 24 anos, mora com dois amigos, Bruno e Maiara, ambos também trabalham aqui na empresa. Os pais dela morreram e ela não tem mais família.

Nossa tadinha...

Ela é formada em administração, gosta de frequentar festas, e é solteira. Gostei dessa parte.

Fechei rapidamente a página que estava aberta no computador quando vi a porta abrindo, tive receio de ser ela e ser pega no flagra, mas sorri ao ver Luisa Souza.

- Bom dia meu doce pão de gadeiro.

Eu fiz uma careta pra Luisa.

- O que é isso?

- Ah, é um pão brasileiro, aí eu coloquei brigadeiro dentro, e assim inventei o pão de gadeiro.

Eu comecei a rir.

- Olha! Você está rindo. Pensei que ainda queria leiloar minha cabeça e a de Josh por uma dúzia de bananas.

- Você sabia que era com ela Souza?

- Eu vi a lista, tinha outra menina pra duelar com Maraisa, eu entreguei alguns dólares ao moço pra ele inverter. Não precisa me agradecer, não foi nada.

Eu revirei meus olhos pra ela.

- Eu te odeio Luisa!

- Não parecia odiar, já que rebolou sua bunda bem na buceta dela. Marília sua grande pervertida!

- Foi só o calor da dança!

- O calor do teu rabo pegando fogo, sua salafrária. Por que não assume que tá doida pra transar com ela?

Eu acabei rindo de novo.

- Olha Luisa, eu não sou uma santa, a menina é linda, eu tava em uma balada, se ela tivesse ido atrás de mim, talvez eu tivesse realmente ficado com ela. Pronto, está satisfeita?

- Posso ir ali fora falar isso pra ela?

Eu peguei meu caderno de anotações e joguei na direção dela. Estava entretida rindo com Luisa, me assustei quando meu celular tocou.

- Só um minuto Lu.

Deslizei meu dedo na tela e atendi. Era uma ligação de negócios, e eu teria que ir até Las Vegas para renovar alguns contratos. Que inferno!

- Você está com cara de que quer matar alguém. Eu preciso sair da sua frente? - Luisa falou assim que desliguei a ligação.

- Terei que ir ainda hoje a Las Vegas resolver coisas da empresa.

- Vamos ao menos almoçar juntas antes de você viajar?

Já passava das 12:00, eu estava realmente faminta.

Peguei minha bolsa no sofá e sai da empresa na companhia de Luisa. Eu queria apenas minha cama, e um bom filme. Recebi uma ligação para ir até Las Vegas trabalhar. Não reclame Marília, muitas pessoas queriam estar no seu lugar.

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Senhora MendonçaOnde histórias criam vida. Descubra agora