ao voltar do intervalo, empurrei a porta da sala com um pouco mais de força do que o necessário, e o estrondo ecoou pelo espaço vazio, meus olhos se moveram rapidamente, capturando a cena à frente, faye ainda estava lá, o nosso cronograma com ela era de três aulas na segunda feira, duas na quarta, e uma na sexta, malisorn é responsável, por matemática, história e literatura em nossa sala, ao olhar para ela vi o de sempre, sua postura impecável, a cabeça inclinada sobre um monte de papéis, fingindo que o mundo lá fora não existia.Ridícula.
fechei a porta atrás de mim, cruzei o espaço até a minha mesa, os passos firmes, mas sem pressa, eu não lhe daria o prazer de parecer apressada.
- pensei que já tivesse ido embora, senhora Peraya.- minha voz cortou o silêncio, carregada de sarcasmo suficiente para provocar uma reação.
Ela levantou os olhos lentamente, como se eu fosse apenas mais uma interrupção irritante no dia dela os olhos dela encontraram os meus, frios e calculados, ela já sabia exatamente como jogar esse jogo.
- E eu pensei que tivesse desistido, senhorita apasra, parece que ambas estamos erradas.
um sorriso escapou dos meus lábios antes que eu pudesse conter, se havia algo que eu adorava, era quando ela entrava no ritmo.
- Desistir? - tirei meu material da mochila e joguei na mesa com um estrondo, inclinando-me de propósito. - e perder a chance de ouvir mais dos seus discursos inspiradores? nunca.
Ela fechou o diário de classe com aquele gesto controlado que parecia calculado, cruzando os dedos sob o queixo, faye me encarou como se estivesse avaliando uma peça defeituosa.
- Que dedicação comovente se ao menos você aplicasse essa energia nas suas notas.
revirei os olhos, puxando a cadeira para me sentar. - Ah, mas onde estaria a graça nisso? é muito mais divertido quando você precisa inventar insultos criativos para justificar meu "desempenho insuficiente".
ela ergueu uma sobrancelha, quase como se estivesse intrigada. - Criatividade não é o seu forte, apasra, talvez seja por isso que falte tanto nas suas redações.
soltei uma risada curta, cruzando os braços. - E talvez seja por isso que você gasta tanto tempo corrigindo as minhas, deve ser frustrante, não? saber que, por mais que tente, nunca vai me colocar na sua linha.
seus lábios se curvaram em um pequeno sorriso, o tipo de sorriso que fazia meu sangue ferver, ela estava gostando disso, tanto quanto eu.
- Colocar você na linha? - Ela inclinou-se ligeiramente para frente, como quem entrega um golpe certeiro. - não preciso fazer nada, apasra, você mesma se encarrega de cavar o próprio buraco.
Estreitei os olhos, mas não deixei o sorriso desaparecer. - E você prefere assistir de longe, com esse olhar superior? que típico, aposto que, no fundo, você até gosta.
- gosto de quê, exatamente?
Inclinei-me para frente, apoiando o queixo na mão, sem quebrar o contato visual. - De mim, de me ver desafiando suas regras, quebrando sua rotina entediante, eu sou a parte mais emocionante da sua semana, não é?
ela soltou uma risada baixa, sem calor, mas sem desviar os olhos. - emoção é algo que posso dispensar, especialmente se vier de uma aluna tão previsível quanto você.
revirei os olhos novamente, rindo alto. - Previsível? Isso vindo de você, a mulher mais previsível que já conheci, deixe-me adivinhar, você tem até uma planilha para os dias em que respira.
seu sorriso endureceu, mas havia algo nos olhos dela, - Melhor ter uma planilha do que viver no caos constante que você chama de vida.
Inclinando-me ainda mais, deixei minha voz cair para um tom mais baixo, - Caos é liberdade, senhora Peraya, mas você não entenderia isso.
relacionei isso, a liberdade, totalmente e somente sobre as corridas ilegais que eu participava, não precisa me observar bem para perceber que eu não possuo liberdade alguma sobre mim ou sobre minha vida.
meu pai sempre dita tudo.
o silêncio que se seguiu era pesado, quase sufocante, por um momento, parecia que tínhamos cruzado uma linha invisível, transformando as provocações em algo mais... intenso.
ela finalmente se afastou, ajeitando o cabelo com um gesto casual. - Liberdade não é desculpa para incompetência, apasra, e , se quer saber, eu prefiro ordem a esse show de rebeldia patético.
Levantei-me devagar, me ajustando conforme me aproximava. - Você prefere ordem porque tem medo de se perder, mas não se preocupe, professora, se um dia isso acontecer, eu estarei aqui para lembrar quem você realmente é.
Faye não respondeu, mas o olhar dela me seguiu e não resistindo à chance de lançar mais uma provocação.
- ah, e não sonhe muito comigo, senhora peraya, sei que seria um pesadelo para você.
deixei a sala com o som de meus próprios passos ecoando, mas senti os olhos dela queimando minhas costas, eu mal podia esperar pela próxima rodada.
E está com certeza seria difícil, Marissa Lloyd era muito difícil de se convencer.
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Teoria do caos (FAYEYOKO)
FanfictionFaye Peraya, uma professora rigorosa, e Yoko, uma estudante convicta, mantêm uma relação marcada por confrontos e trocas ácidas em sala de aula. Diante da grosseria de Faye, Yoko não hesita em rebater com a mesma intensidade. Contudo, à medida que a...