CAPÍTULO 8

570 103 105
                                    

“Beije-me, não importa o quanto doa, torne este laço mais forte até que não possa doer mais”. 








Já estávamos nas proximidades da casa da família do Pietro. 
Depois que ele atendeu aquele telefonema mais cedo, seu semblante de raiva era nítido. Ele havia entrado no carro e o silêncio era torturante, por sorte isso não me atormentou, consegui ainda dormir, até era melhor, o silêncio no carro era uma prova que eu não queria participar consciente.

— Chegamos — avisa Henry. 

Analisando a fachada da casa, não sei se usavam isso como uma casa de campo para as férias em família, parecia com um castelo grande e tenebroso.
Creio eu que férias em família é algo não muito praticado entre essa família, os parentes do Pietro nem compareceram ao nosso casamento, além de seus pais e irmãos, então não deveriam ter muito contato.

Eu não tinha nem curiosidade em saber o motivo, o quanto eu me manter longe de problemas, seria melhor para mim.

Descemos do carro, Pietro não estava no seu melhor humor, a forma que ele olhava aquela casa, como se aquele lugar não fosse um lugar de boas lembranças.
Cada segundo ele ficava mais bravo. Conseguia até ver a veia da sua testa saltar.

Continuamos parados próximo ao carro, enquanto eu esperava ele ditar o que deveríamos fazer agora.
Sua expressão mostrava que ele não queria entrar, ficar aqui fora poderia até ser bom, mas já estava escuro, o frio me obrigava a me aproximar mais do Pietro, seu corpo era quente, era quase por sobrevivência que eu me humilharia para ele tocar suas mãos quentes em minhas bochechas.

Até que ele me encarou. 

— Não ouse me agarrar — adverte.

— Eu não ia fazer isso.

Ele lê mentes?

— Vamos entrar? — Pergunto.

— Voltou a falar?

Que idiota!

— Existe alguns sacrifícios que merecem que alguém sábio e inteligente ceda primeiro, sabemos quem é entre nós dois — abro um sorriso.

Andiamo — falou, ignorando o que eu disse.

Caminhei ao seu lado, até entrarmos na casa.
Pietro dava passos apressados, enquanto eu ficava atrás, fissurada nos desenhos que havia no teto como nas antigas igrejas.

— Isso é aquelas pinturas de deuses ou algo parecido? — Pergunto.

Pietro olha o teto, talvez percebendo a pintura naquele momento.

— Sei lá.

Que grande resposta.

Na verdade, parecia mesmo essa pintura, mas algo nela era diferente, estava com dificuldades de analisar, até porque só havia as luzes dos abajures ligados naquele momento.
A casa estava silenciosa, não como se estivessem dormindo, mas como se não houvesse ninguém aqui.

— Acho que estamos sozinhos — comento.

Depois de passar pelo hall de entrada e pela sala principal, havia uma escadaria que ligava ao segundo andar.

Um senhor surgiu, se aproximando de nós.

— Sr. Pietro, sua família os aguarda no restaurante da sua Tia Victoria — ele parecia ser o mordomo. — O motorista irá levá-lo.

Acho que isso não me envolve.

Me pergunto se realmente é um restaurante ou só um lugar de fachada. 

LA VITA NELLA MAFIA - Salvazione Onde histórias criam vida. Descubra agora