Na manhã seguinte, Julia chegou à clínica mais cedo do que o normal. Ela estava nervosa, mas também animada. Durante toda a noite, ela havia revivido o encontro com S/n em sua mente, cada sorriso, cada palavra trocada.
S/n chegou pouco depois, com o mesmo sorriso despreocupado de sempre, mas Julia notou algo diferente. Talvez fosse porque, agora, aquele sorriso tinha outro significado para ela.
— Bom dia, Kudiees — disse S/n, colocando sua garrafa de água no banco ao lado de Julia. — Está pronta para mais um dia de tortura disfarçada de fisioterapia?
Julia riu, balançando a cabeça.
— Acho que sim. E você?— Sempre pronta, senhorita.
Antes que Julia pudesse responder, o fisioterapeuta as chamou, e as duas começaram os exercícios do dia.
Entre séries de exercícios e brincadeiras, as conversas entre elas ficavam cada vez mais pessoais. S/n contou a Julia sobre sua infância, sobre como começou no esporte e os desafios que enfrentou. Julia, por sua vez, abriu-se sobre a pressão de ser uma jogadora de vôlei famosa e como, às vezes, sentia que nunca seria boa o suficiente.
— Mas, sinceramente — disse S/n, enquanto ajustava um equipamento de treino —, acho que você está sendo muito dura consigo mesma. Só o fato de você estar aqui, lutando para voltar, já diz muito sobre quem você é.
Julia olhou para ela, surpresa pela sinceridade.
— Obrigada. Sério. Às vezes, é difícil acreditar nisso.S/n deu de ombros.
— Então, deixe que eu acredite por você. Pelo menos até você conseguir.---
Nos dias seguintes, a amizade — ou algo mais — entre Julia e S/n continuou a crescer. As provocações leves e as conversas profundas se tornaram parte da rotina delas, até que, um dia, S/n decidiu que era hora de dar um passo além.
— Ei, Kudiees — chamou ela, enquanto guardavam os equipamentos após a sessão.
— Oi?
— O que você acha de fazermos algo diferente amanhã? — perguntou S/n, com um brilho no olhar.
— Tipo o quê?
S/n sorriu.
— Um desafio.Julia arqueou a sobrancelha.
— Que tipo de desafio?— Uma trilha. Tem um lugar que eu costumava ir quando precisava de um tempo para pensar. É calmo, bonito, e acho que seria bom para nós duas sairmos um pouco desse ambiente de clínica.
Julia hesitou. Ainda estava se acostumando com os exercícios intensos e não sabia se uma trilha seria a melhor ideia. Mas o entusiasmo de S/n era contagiante.
— Está bem — disse ela, finalmente. — Mas só se você prometer que não vai me deixar para trás.
S/n riu.
— Prometo.---
No dia seguinte, S/n buscou Julia em casa, e as duas seguiram para o ponto de partida da trilha. A caminhada começou tranquila, com S/n liderando o caminho e Julia apreciando a paisagem ao redor.
— Você tinha razão — disse Julia, depois de um tempo. — Isso é incrível.
S/n virou-se para ela, sorrindo.
— Eu sabia que você ia gostar.Enquanto subiam uma pequena colina, S/n estendeu a mão para ajudar Julia. Quando chegaram ao topo, a vista tirou o fôlego de ambas: um vale verdejante, banhado pela luz dourada do pôr do sol.

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One Story
Hayran KurguDeu vontade de escrever essas pequenas histórias, então façam o pedido de vocês aí. Pode ser de casal, amizade e s/n. Só do mundinho do vôlei feminino, porque não sou obrigada a escrever romance de macho 😌