7: Apelidos estúpidos

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— O que você está fazendo aqui, Valentina? — perguntei, a voz saindo mais tensa do que eu gostaria.
Ela se virou para mim, um sorriso travesso dançando em seus lábios, como se nada estivesse de errado.

— Temos um trabalho para fazer juntas, Luiza — ela respondeu com um tom despreocupado, como se invadir meu quarto fosse a coisa mais normal do mundo.
Eu suspirei, cruzando os braços em frente ao peito.

— Eu não me esqueci, mas você não precisa ficar invadindo meu quarto assim. Sabe como chamam as pessoas que fazem isso? Ladrões. — A palavra saiu com um certo peso, mais do que eu esperava. — Caso você não saiba, eu tenho uma porta, e você ainda subiu até a minha janela sem permissão.

Valentina parecia estar se divertindo com a situação. Ela deu uma risada baixa, os olhos brilhando de desafio.

— Ladrões, é? — repetiu ela, desafiadora. — Eu diria que você está exagerando. Só queria dar uma olhada no que você estava fazendo, não roubar nada.

Eu respirei fundo, tentando manter a calma. Não podia me deixar levar pelas provocações dela. A cada palavra dela, minha paciência se esticava mais, mas algo dentro de mim também se mexia, uma sensação estranha que eu não sabia identificar direito.

— Não importa — respondi, tentando controlar minha frustração. — A próxima vez, bate na porta.

Valentina deu de ombros, como se minha ordem fosse irrelevante. Ela se afastou da janela e caminhou até o centro do meu quarto, sem se importar com a tensão no ar.

— E se eu não quiser bater na porta? — ela perguntou, com um sorriso desafiador, como se quisesse me testar.

Eu não sabia mais o que pensar. Como ela conseguia ser tão... intensa? Era como se o simples fato de estar na mesma sala que ela já fosse uma provocação.
Respirei fundo, tentando não ceder à confusão que começava a tomar conta de mim.

— Eu realmente acho que você deveria — disse, agora com uma calma que eu forçava a manter. A verdade é que eu não sabia mais o que pensar. Ela estava mexendo comigo de um jeito que eu não conseguia explicar, e não era só a atitude dela. Era como se ela me tirasse do meu centro a cada movimento.

Ela deu um sorriso discreto, como se gostasse de me ver assim, desconcertada, e então disse, de maneira mais casual:

— Então, o que vamos fazer sobre o trabalho? —Ela pergunta.

— Só temos que entregar isso na próxima semana. Achei que podia esperar um pouco mais. — Comento, um pouco desconcertada.
Valentina dá de ombros, como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Não gosto de deixar nada para a última hora — responde ela, com um sorriso travesso. — E, além disso, achei que seria... interessante passar um tempo com você.

Reviro os olhos e cruzo os braços.

— Interessante, é? E o que você acha que vai aprender comigo, exatamente? — Pergunto, tentando manter o tom de sarcasmo.
Valentina se aproxima, inclinando a cabeça, como se realmente estivesse pensando na resposta.

— Não sei... — Valentina diz, com um sorriso enigmático. — Talvez você possa me ensinar algo que eu não saiba.

Ela me encara por um momento, como se estivesse esperando uma reação.

— Acho que você já sabe tudo o que precisa saber — respondo, sabendo que ela não está se referindo ao trabalho.

Valentina sorri, o olhar ficando mais intenso, como se ela soubesse exatamente o que eu estava pensando. Cada movimento dela parece calculado, mas ainda assim carregado de algo imprevisível. Ela começa a se aproximar, seus passos lentos e firmes ecoando no silêncio sufocante que se formou entre nós. É como se o ar tivesse mudado, ficando mais denso, quase palpável, e minha respiração se torna mais pesada a cada segundo.

Atrávez na minha janela (Em Revisão, sujeito a Mudanças)Onde histórias criam vida. Descubra agora