10: Desejos reprimidos

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— O que...? — minha voz falha, quase um sussurro, enquanto minhas mãos apertam o tecido da minha saia, tentando dar alguma sensação de controle sobre algo. 

— Eu quero saber se você vai deixar eu te beijar. — A voz dela é agora um sussurro profundo, como se cada palavra fosse uma provocação silenciosa. Ela se aproxima, seus olhos continuam fixos em mim, estudando cada mínima reação, como se estivesse esperando que eu cedesse.

— Não... — Eu não sei por que respondo assim. A palavra sai quase como um suspiro, uma confissão mais do que uma negação. A verdade é que, mesmo enquanto digo isso, uma parte de mim se questiona se realmente quero recusar.

Valentina permanece em silêncio, o olhar dela me atravessando, como se estivesse pesando cada palavra que eu disse. Eu, por outro lado, tento me manter firme, mas sei que minha expressão deve estar carregada de dúvida e insegurança. Ela sabe disso.

— Por quê? — ela pergunta, a voz agora um pouco mais baixa, mas com uma curiosidade nítida. É uma pergunta simples, mas parece carregar um peso maior do que qualquer outra coisa.
Sinto meu peito apertar, e as palavras me escapam antes que eu possa processá-las completamente. Eu sei que ela está esperando uma resposta, e parte de mim sabe que essa resposta pode mudar tudo. Mas não consigo conter o que sinto.

— Porque eu não quero ser só mais uma na sua lista. — A frase sai pesada, carregada de insegurança. Fico ali, sem saber se deveria continuar ou me calar, mas sigo. — Eu sei como você é, Valentina... — a voz me trai, e o que deveria ser firme se torna uma confissão vulnerável.

Valentina permanece em silêncio, os olhos dela estudando cada palavra, como se estivesse tentando entender aonde tudo isso vai. Depois de um momento que parece se arrastar por horas, ela sorri. Mas não é um sorriso qualquer. É o tipo de sorriso que me desconcerta, que me faz sentir como se estivesse caindo em uma armadilha sem saber.

— Como eu sou, então? — Ela pergunta, a provocação em sua voz tão clara quanto a tensão entre nós. Seus olhos nunca saem dos meus, como se soubesse exatamente o que está fazendo, como se estivesse me desafiando a continuar.

— Você tem uma fama.... —murmuro, tentando manter a voz firme, mas ela sai mais baixa do que eu gostaria, cada sílaba parece pesada demais.

—Fama?  — Valentina arqueia a sobrancelha, e o sorriso dela se estica, mais provocante do que nunca. Seu olhar parece quase....divertido, como se estivesse me testando.
Eu forço a não desviar o olhar, mas é difícil. Ela tem essa capacidade de prender minha atenção. Respiro fundo tentando organizar meus pensamentos, mas sinto meu corpo vacilar. A raiva, a frustração, tudo se mistura em mim, e o mais perturbador é o desejo que me sinto tentando me consumir.

— A fama de ser....pegadora. — A palavra sai como uma lâmina afiada. Não sei se quero que ela ouça isso, ou se quero que ela perceba que sei exatamente quem ela é. — Todo mundo sabe que você já... transou com metade da escola.

Valentina solta uma risada baixa, quase como um sussurro, mas com aquele toque de deboche. Valentina não parece ofendida, e isso me desconcerta ainda mais. Ao contrário, ela parece... Satisfeita como se fosse exatamente essa a reação que ela esperava.

—Metade da escola, é? — Ela repete, com um sorriso  que quase se arrasta, quase como se estivesse se divertindo  com a minha insegurança. 
Meu  rosto esquenta, a vergonha tomando conta de mim. Mas eu não consigo parar de olhar para ela, como se estivesse sendo hipnotizada.

—É o que dizem por aí. — Murmuro, a voz mais baixa agora.

— E você? — pergunta, num sussurro que parece carregar um desafio. — O que você acha? Acha que sou tudo isso que falam?

Atrávez na minha janela (Em Revisão, sujeito a Mudanças)Onde histórias criam vida. Descubra agora