Capítulo XVII

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Já passaram três dias desde que Henrique foi transplantado e aparentemente a recuperação vai no bom caminho.
Digo aparentemente porque o médico avisou-nos que tudo pode mudar de uma hora para a outra.

Eu e Rodolffo vamos visitá-lo duas vezes por dia.  Permitem-nos estar apenas 15 minutos junto dele, mas são os quinze minutos melhores do dia.  Conversamos com ele e fazê-mo-lo rir, apesar de não ser fácil para ele por causa dos aparelhos.

Entre mim e Rodolffo está tudo normal.  Eu tomei a decisão de deixar para segundo plano o que nos aconteceu e viver o hoje pensando no Henrique.

Ontem não consegui resistir mais e fizemos amor.  Um amor há tanto reprimido e cheio de saudade.  No final  chorei pois lembranças boas e más surgiram na minha mente.

       Capítulo  22 do livro
             Amei Sózinha

Ele chegou a casa muito eufórico.   Deu-me um beijo e senti o cheiro do álcool.

- Bebeste?

- Um pouco meu amor, mas foi por uma boa causa.

- Sabes que não gosto quando bebes.

- Sei e desculpa.  Fui promovido e no final do expediente fui comemorar com os colegas.  Acabaram as nossas dificuldades.  Quer dizer não totalmente, mas já podemos respirar melhor com o aumento que vou ter.

- Parabéns,  meu amor.  Tu merecias muito. - disse ela enquanto se pendurada no pescoço dele e o beijava.

- Vou tomar banho e tirar esta catinga de bebida. Vens?

- Tomar banho?  Já tomei.

- Não exactamente.  Sabes o quanto eu amo ter-te no chuveiro, na banheira e terminar na cama.

Ele levou-a ao colo e tirou-lhe a roupa.  Ela ajudou-o com a sua e logo estavam nús.  Entraram para debaixo do  chuveiro, ele colocou sabonete no corpo dela e foi uma entrega total.

Quando terminaram e já no último banho decidiram encher a banheira com espuma.  Exageradamente o banheiro ficou cheio da espuma que  transbordou da banheira.

Ela ria muito sentada de frente para ele.  Apenas se via a cara sem espuma.

Ele estendeu a mão para fora da banheira, segurou numa caixa de veludo que estratégicamente ali tinha colocado e pediu-a em casamento.
Já se considerava casado, mas o pedido não tinha acontecido.

Ela aproximou-se dele, sentou-se no colo e passou os braços ao redor do pescoço.

- Eu aceito. - e entendeu a mão para receber o anel.

Os dias e semanas seguintes foram maravilhosos. 
Não sei explicar exactamente quando tudo mudou.

A princípio era só a desculpa do cansaço, mas depressa vieram as discussões, a indiferença e as palavras menos próprias.

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- O que estás a pensar, Ju?

- No passado.  No que nos separou.

- Foi a minha burrice.  Tu sempre foste incrível e eu é que fui um babaca.
Prometo que daqui para a frente vou ser um homem melhor.

- Melhor não prometeres nada.  Deixemos as coisas assim como estão para não nos desiludirmos de novo.

Eu sinto que ela ainda não confia totalmente em mim, mas se eu tenho oportunidade de  mostrar o contrário eu vou aproveitá-la.

Contigo até arriscavaOnde histórias criam vida. Descubra agora