Quando puderam visitar Henrique, estavam ambos apreensivos. O médico tinha-os avisado que ainda ia demorar semanas para saber se tudo tinha dado certo e sobre o risco de infecções.
Olhar para o filho, ali deitado e todo entubado causava uma dor inexplicável.
Apenas seguravam na mão dele e sussurravam o quanto o amavam.
Não puderam ficar muito tempo e porque só no dia seguinte o poderiam ver de novo, regressaram a casa.
Rodolffo ainda um pouco debilitado foi tomar um banho e Juliette foi para a cozinha preparar algo para os dois comerem.
- Precisas de ajuda? - perguntou ele ao regressar banhado e cheiroso.
- Não. Também vou tomar banho e já venho para jantarmos.
Rodolffo colocou a mesa e esperou por ela que veio com um pijama vestido.
Jantaram quase em silêncio. Nenhum deles tinha muito apetite.
Juliette lavou os pratos que ele secou depois e logo foram dormir.
- Descansa bem Ju. Não tens descansado estes dias todos.
- Tu também não. Rodolffo, posso pedir um favor?
- Os que quiseres. O que é?
- Não quero dormir sózinha. Dormes comigo?
O coração dele explodiu de alegria, mas ele tentou não demonstrar. Aproximou-se dela e abraçou-a.
- Durmo. Não imaginas o que isso me faz bem.
- Tenho receio de estar ali no meu quarto e saber que o Henrique não está ali ao lado na cama dele. Será que ele sente a minha falta? Nunca me separei dele.
- Deve sentir, mas ele está medicado e vai dormir sossegado, tal como a mamãe dele. Vem.
Juliette puxou as mantas e deitou-se. Rodolffo deitou-se também puxando-a para o peito.
- Ju, quer dizer que já me perdoaste?
- Quer dizer que precisamos um do outro para superar esta dor. No futuro não sei o que vai acontecer, mas agora eu preciso muito de ti.
- Eu sou um outro homem e vou provar-to todos os dias. A doença do Henrique mudou tudo para mim. Eu largo tudo e faço o que for preciso para vê-lo bem. Se for necessário dou até a minha vida.
Juliette apertou-o. Não vai ser necessário. Tenho fé que logo teremos o nosso menino aqui de novo e recuperado.
Rodolffo olhou-a profundamente nos olhos e não resistiu a bejá-la.
Juliette entregou-se totalmente ao momento. Separaram-se para respirar e ele ficou a acariciar-lhe os cabelos.
- Boa noite. - disse ela.
- Dorme bem, meu amor.
Ela não demorou muito e adormeceu, mas Rodolffo estava ansioso demais. Aquele beijo significava um recomeço. Um recomeço que ele julgava estar tão longe. Na sua cabeça rolavam planos e mais planos.
Finalmente começou a pestanejar e deixou-se adormecer sem que ela saísse dos seus braços.