Capítulo VI

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Em toda a narrativa do livro, Juliette não fala sobre o filho, mas aquele último parágrafo despertou algo em Rodolffo.

Lembra-se perfeitamente das últimas palavras que trocaram antes dela ir embora, mas na verdade ele acreditava que as palavras dela tivessem a finalidade de fazê-lo desistir do divórcio.

Em todo este tempo não pensou no assunto, mas agora estava desconfiado.

Decidiu por isso deixar-lhe uma mensagem nas redes sociais uma vez que o telefone estava bloqueado.

"Por favor desbloqueia o meu número ou dá-me a tua morada.  Preciso apenas de fazer uma pergunta"

Deitou-se e por não ter dormido nada na noite anterior, logo adormeceu, mas não teve um sono tranquilo.
Sonhou com um bébé, não sabe se rapaz ou menina. Não conseguia identificar a mulher que estava com ele.  No sonho o bébé estava no hospital ligado a vários equipamentos e a mulher chorava muito.

Rodolffo chegou, acalmou a mulher, surgiu um homem no meio de uma luz muito forte e foi então que ele acordou.

Sentou-se na cama e estava todo suado e ofegante.

- Que sonho foi este?

Foi até o banheiro, tomou um duche e voltou a deitar-se, mas antes tomou um comprimido para dormir.

Acordou perto das 10 horas da manhã, ligou para o trabalho foi tomar café, olhou o telemóvel para ver se havia resposta à sua mensagem.  Como a mensagem nem tinha sido visualizada, voltou para a cama.
Hoje dormiria o tanto que conseguisse, pensou.

Enquanto isso Juliette estava no consultório do pediatra com Henrique.

- Como ele está doutor?

- Aparentemente está bem, mas desde a última consulta perdeu peso e não devia.

- Mas ele alimenta-se bem.  Faz as refeições direitinho.

- Vou pedir umas análises.  Logo que estejam prontas volte aqui com ele para ver de onde vem essa perca de peso.

- Acha que é grave, doutor?

- Não vamos ficar ansiosa, mãe.  Esperemos as análises primeiro.

É impossível uma mãe não ficar preocupada com a saúde do filho mesmo que seja o médico a dizer para aguardar.  Henrique parecia uma criança saudável.  Come e dorme muito bem e está sempre bem disposto.

Voltou para casa, tratou da sopa para Henrique almoçar e foi pegar no telemóvel.
Foi quando viu a mensagem dele.

Sabia que já vinha adiando a conversa com ele há muito tempo. Antes não o tinha procurado por puro egoísmo e revolta, mas quando o viu na sessão de autógrafos soube que não era justo para Henrique não conhecer o pai.

Decidiu responder.

"Boa tarde.
Para a semana marco para nos encontrarmos.  Estou sem cabeça para conversas sérias.  De certeza que essa pergunta pode esperar mais um pouco pela resposta. Depois ligo."

E voltou a dar atenção à sopa de Henrique.  Colocou o prato sobre a mesa, pegou nele ao colo e começou a dar-lhe de comer e a conversar como se ele entendesse o que ela dizia.

Contigo até arriscavaOnde histórias criam vida. Descubra agora