Chegou o tão esperado dia. Juliette estava com ar cansado e triste. Os últimos dois dias Henrique foi sujeito a um tratamento de quimioterapia que visava matar as células doentes para que as do dador fossem introduzidas.
Rodolffo foi informado dos dois métodos de recolha de células, mas optou pela hemodiálise por estar acordado em todo o processo.
Basicamente era ligado a uma máquina por onde o seu sangue iria passar e onde eram recolhidas as células necessárias sendo depois o sangue devolvido ao seu corpo. Não precisava de anestesia e não era de todo doloroso.
Foi o primeiro a ser chamado. Juliette estava ao lado dele, segurou-lhe nas mãos e agradeceu de olhos marejados.
- Obrigado porquê? Ele também é meu filho. Vai correr bem.
Ela abraçou-o e no abraço disse mais do que as palavras poderiam dizer.
Ele deu-lhe um beijo na testa e ao filho também e seguiu com a enfermeira.
A manhã custou a passar. Juliette apenas saiu para buscar um café. Não largava o filho por nada. A rotina do hospital para ela já não tinha novidades. Há cerca de três dias tinha gravado um vídeo para os fãs em que anunciava mais um afastamento, mas prometeu voltar com muitas e boas novidades.
Eram quase quinze horas quando Rodolffo regressou ao quarto. Estava pálido e fraco, mas logo a seguir trouxeram uma refeição para ele se recompor.
- Coma tudo e descanse. - Desse-lhe a enfermeira. - a sua parte está feita.
Quando ela saiu, Juliette sentou-se do lado dele e segurou-lhe no tabuleiro.
- Tu já foste almoçar, Ju? Não te tens alimentado nada bem.
- Depois eu vou lá na cantina comer. Agora come tu. Foi difícil?
- Não. É tranquilo, só é um pouco demorado. Queria que fosse fácil assim para ele.
Quando terminou de comer, Juliette saiu e foi também fazer uma refeição ligeira. Não demorou para regressar e pelo tempo Rodolffo sabia que ela pouco tinha comido.
- Não comeste, Ju!
- Comi uma sanduíche e um café e trouxe outra para mais logo. Agora dorme. Eu estou aqui.
- Não estou com sono. Senta-te aqui do meu lado. Desculpa, eu preciso muito de ti.
Juliette sentou-se na cama, encostada na cabeceira e Rodolffo deitou a cabeça no seu colo. Ela não resistiu e passou os dedos por dentro dos cabelos dele. Inclinou-se e deu-lhe um beijo na cabeça.
A seguir sentiu as lágrimas dele nas suas pernas. Levantou-lhe o rosto e secou-as.
- O Henrique precisa dos pais juntos nesta hora.
- Eu sei. Queria ter metade da tua força, mas não tenho. Queria dizer tanta coisa, mas não consigo.
Uma enfermeira bateu à porta e vinha buscar Henrique.
- Vamos bébé. Vamos deitar fora esse mal.
Juliette foi até à cama dele e segurou-lhe na mão. Rodolffo segurou na outra.
- Não podemos ir, pois não?
- Não. Quando terminar eu venho avisá-los, mas depois ele fica nos cuidados intensivos até que esteja afastada qualquer infecção. Vocês podem visitá-lo, mas não ficar lá.
Deram um beijo no filho e ele foi levado, depois abraçaram-se os dois a chorar.